19/01/2006 - 16h38m
Glauce Cavalcanti - O Globo
RIO - O turismo internacional rendeu US$ 3,861 bilhões ao Brasil em 2005, segundo números divulgados nesta quinta-feira pelo Banco Central. O resultado representa um crescimento de 19,83% em comparação a 2004, com US$ 3,222 bilhões. Esta é uma marca histórica, sendo a maior na história do turismo brasileiro. Somente em dezembro último, os visitantes estrangeiros deixaram US$ 360 milhões no país.
De acordo com a Infraero, o número de desembarques internacionais chegou a 6.784.554, 10,53% a mais que no ano anterior (sem contar os visitantes internacionais vindos por vias terrestre e marítima).
Os gastos de turistas brasileiros em viagem ao exterior também cresceram. Os números do Banco Central mostram despesas de US$ 397 milhões somente em dezembro e um total de US$ 4,720 bilhões em todo o ano. Este incremento, no entanto, aumentou também o déficit do turismo em 2005: US$ 859 milhões. Para Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do Banco Central, isso acontece devido ao alto crescimento da despesa, apesar da receita maior. Segundo ele, "o gasto dos turistas brasileiros no exterior tem crescido muito porque existe um aumento de renda real, com o controle da inflação e um câmbio que favorece o turismo emissivo".
Luís Gustavo Barboza, economista e professor da Fundação Getúlio Vargas, vê as mudanças com bons olhos. Para ele, a maior entrada de dólares representa também mais turistas e, por conseqüência, mais vôos, o que tem impacto na balança comercial. Ele lembra que, além de turistas, os aviões trazem bens e produtos que movimentam a economia.
O verdadeiro impacto do setor de turismo para o desenvolvimento econômico do país, entretanto, somente poderá ser medido com precisão com a adoção da Conta Satélite, modelo desenvolvido pelas Nações Unidas e que dimensiona as atividades econômicas que não são discriminadas como setores nas Contas Nacionais. Seria o caso do turismo, que envolve ainda transporte, meios de hospedadgem e outras atividades.
A partir do Anuário Estatístico 2005, publicado pela Embratur, Barboza observou ainda que houve um aumento na entrada de turistas europeus no Brasil em relação aos sul-americanos. Como os primeiros têm maior poder aquisitivo e visitam geralmente o Nordeste do país, têm impacto direto na distribuição de renda no Brasil, levando "desenvolvimento e renda para fora do eixo tradicional".
O diretor de Estudos e Pesquisas da Embratur, José Francisco de Salles Lopes, explica que este incremento não está acontecendo ao acaso, mas como resultado de um contundente trabalho de promoção do destino Brasil no exterior, principalmente na Europa. Segundo ele, a maior oferta de assentos em vôos internacionais aponta um crescimento ainda maior este ano e destaca a procura de operadores internacionais pelo país.
Fonte:
http://oglobo.globo.com/boaviagemonline/aviacao/190003152.asp
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