13 fevereiro, 2006

Estudo aponta o rio Amazonas como o maior do mundo

12/02/2006 - 18h09m
Agência Brasil

MANAUS - A disputa dos rios Amazonas, no Brasil, e Nilo, no Egito, pelo posto de maior do mundo ganhou um novo elemento: as conclusões do Projeto PanAmazônia, desenvolvido por cinco pesquisadores da Divisão de Sensoriamento Remoto do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Com o uso de imagens de satélites da Nasa, a agência espacial americana, os especialistas desenvolveram uma metodologia universal de medição do comprimento do leito de rios.

- Medimos o Nilo e o Amazonas. Ainda há análises finais a serem feitas, mas já podemos afirmar que o primeiro é cerca de 40 a 50 quilômetros maior do que o segundo. Não queremos causar polêmica com ninguém, apenas ajudar a descobrir novas verdades do mundo - disse o coordenador do estudo, o geólogo Paulo Martini.

Nos livros didáticos de Geografia, crianças e jovens de vários países aprendem que o rio Nilo, na África, é o mais comprido da terra, com 6.670 quilômetros. Pela medição do Inpe, ele teria aproximadamente 6.610 quilômetros. Pelos dados oficiais, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rio Amazonas tem 6.570 quilômetros. Pela pesquisa do Inpe, dependendo de quais desvios do rio sejam considerados como leito principal, ele teria 6.627 ou 6.992 quilômetros.

- Ainda precisamos finalizar essa análise, porque há controvérsias sobre em qual ponto do lago Vitória, na Uganda, o Nilo nasce. Dizer apenas que é no lago não basta, porque o Vitória tem 300 quilômetros - explicou Martini.

A metodologia desenvolvida pelos pesquisadores considera que o leito do rio começa no seu tributário mais distante, não no mais volumoso. Assim, o Amazonas nasceria no rio Ucayalli, que por sua vez vem da fonte Apurimac - não no rio Marañon, como ficou estabelecido pela literatura especializada.

- Os dois pontos ficam na Cordilheira dos Andes, no Peru. Mas a fonte Apurimac é mais próxima ao Oceano Pacífico - detalhou Martini.

O pesquisador defendeu ainda que, para evitar confusões, a fonte Apurimac, o rio Ucayalli e o rio Solimões deveriam ser chamados de Amazonas - atualmente o nome só é adotado depois que o Solimões recebe as águas do rio Negro, a partir de Manaus.

- Vamos apresentar os dados ao IBGE. São eles que decidem se o tamanho oficial será alterado - explicou Martini.

Segundo ele, a apresentação deve ocorrer em julho, mesmo mês no qual está prevista uma expedição dos pesquisadores à Cordilheira dos Andes. A medição dos rios Nilo e Amazonas vem sendo realizada há seis meses, com recursos do próprio Inpe e do Banco da Amazônia.

- Esse levantamento tradicionalmente era feito com cartas topográficas, construídas a partir de imagens tiradas de aviões e de levantamentos de campo. Muitas vezes essas cartas são antigas e o que aparece nelas já não é o que se encontra na natureza. Além disso, como são informações colhidas de várias fontes, fica difícil comparar rios distantes. A plataforma da Nasa ajudou a resolver esse problema - esclareceu o pesquisador Valdete Duarte, um dos integrantes do projeto.

No Brasil, segundo dados do Projeto Manejo dos Recursos Naturais da Várzea (PróVárzea/Ibama), cerca de um 1,5 milhão de pessoas vivem nas áreas alagáveis do rio Solimões/Amazonas, no Amazonas e no Pará.

- Eu acho que esses estudos fazem com que o rio seja olhado com mais atenção, com mais carinho por todo o planeta, assim como já é pelo ribeirinho. É possível que a água do Amazonas seja a grande fonte mundial daqui a 50 anos - opinou Martini.

Fonte:
http://oglobo.globo.com/online/ciencia/plantao/2006/02/12/191832755.asp

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