28 fevereiro, 2006

Águas furadas

Lucas Mendes

“Água com gás, sem gás ou água do Koch?"

Não entendi a pergunta do garçom. “Que água do Koch?”

A expressão nasceu de 70 para 80, quando a Perrier chegou a Nova York.

Desde então, a água da torneira da cidade leva o nome do prefeito. Agora bebemos a água do Bloomberg.

Além de ser de graça, a água da torneira é muito melhor do que a engarrafada, que em alguns restaurantes custa até US$ 12.

Mesmo comprado no supermercado, um litro custa duas mil vezes mais caro do que a água da torneira.

Água engarrafada é uma das enganações mais bem-sucedidas dos últimos 40 anos.

Boatos

Minas, meu Estado, é farto de águas minerais, mas elas só entravam lá em casa em ocasiões especiais.

Eram caras. Depois veio o boato de que eram radioativas e davam câncer.

Nossas maravilhosas Cambuquira e São Lourenço não podiam nem entrar nos Estados Unidos.

Não sei se não entram porque têm algum problema ou se é porque falta verba para concorrer com mais de 200 novas águas que são lançadas nos Estados Unidos todos os anos e que em 2004 faturaram US$ 9 bilhões.

Só perdem para os refrigerantes, mas não vai ser por muito tempo.

O mercado de água cresce 10% ao ano, um número recordista entre todas as bebidas.

Quarenta por cento destas águas são mesmo da torneira, mas passam por algum tratamento para efeito de promoção e são lançadas como fontes mágicas e possantes de energia.

Do ponto-de-vista de saúde são inúteis e, algumas, perigosas.

Num teste recente com 38 águas, 27 delas importadas, 14 tinham contaminações que são inaceitáveis na água do Bloomberg ou de qualquer outro prefeito americano.

E não há crime porque, por lei, a água de garrafa não precisa passar pelos mesmos testes da água da torneira, mas o maior veneno talvez não esteja na água, e sim nas garrafas de plástico feitas de petróleo.

Excelentes poluidoras, 30 milhões são jogadas por dia em lixos não reciclados.

Furada de Pelé

Na década de 70, durante uma reportagem que estava fazendo sobre Pelé no Cosmos, ele me disse que estava na dúvida sobre uma proposta que tinha acabado de receber de uma tal água Perrier, que queria contratá-lo para a campanha de lançamento nos Estados Unidos.

Ofereciam até uma participação nos lucros.

Como se tratava de uma novidade, Pelé decidiu não correr o risco.

Este negócio de água com bolha, disse ele, pode estragar minha imagem.

Orson Welles, que não era muito chegado ao agadoisoh, entrou nas águas da Perrier.

Foi uma das grandes furadas comerciais do nosso maior craque.

De 76 a 79, as vendas de Perrier cresceram 3.000%.

Pelé não precisaria dar um chute pelo resto da vida.


Fonte:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2006/02/060228_lucasmendes.shtml

24 fevereiro, 2006

TV digital: Brasil negocia com japonesas instalação de fábricas no Brasil

24/02/2006 - 16h07m

Globo Online

BRASÍLIA - O Brasil está negociando com o governo e indústrias japonesas a instalação de uma fábrica de semi-condutores no país em contrapartida a adoção do padrão de TV digital do Japão (ISDB). O governo está pressionando as indústrias daquele país, como Sony, NEC, Sharp e Semp Toshiba, para que apresentem uma proposta de instalação da indústria.

No início da semana, a ministra Chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, além do ministro das Comunicações, Hélio Costa, e representantes dos Ministérios da Fazenda e Desenvolvimento se encontraram para discutir o tema. A expectativa é de que depois do Carnaval seja realizada uma nova reunião, desta vez com representantes da matriz destas corporações.

O Japão tem uma forte indústria de componentes, o que é um dos interesses prioritários do Brasil, somado a indústria de software e de fármacos. O déficit da balança comercial no setor de componentes no Brasil chega a US$ 7 bilhões.

Somente de semi-condutores, o déficit é de US$ 2,5 bilhões. Os investimentos necessários para a instalação de uma indústria de semi-condutores (chips) no país seria de US$ 1 bilhão no curto prazo. Em compensação, o déficit da balança comercial poderia ser reduzido em cerca também de US$ 1 bilhão.

O governo está negociando inicialmente somente com os japoneses a instalação da indústria. Se os japoneses não aceitarem a proposta do governo brasileiro, ele ficará em condições iguais aos dos outros padrões de TV digital, americano (ATSC) ou europeu (DVB).

Fonte:
http://oglobo.globo.com/online/tecnologia/plantao/2006/02/24/191967974.asp

Energia renovável no congresso brasileiro

Brasil quer ser referência no setor energético

Diego Tolete
de Brasília

Brasil vai testar programa de geração de energia a partir das merdas feitas no congresso


Brasília - Uma matéria para um projeto de lei probosta, digo proposta pela Ministra do meio-ambiente, Marina Silva, vai criar um programa inédito no mundo, testar se as imensas cagadas feitas pelos congressistas brasileiros podem ser convertidas em energia em escala industrial.

A idéia é produzir metano, ao mesmo tempo em que se diminuem os despejos nos lixões. Cerca de 99,99% dos dejetos, digo, projetos de lei levados para a votação na câmara dos deputados e senado vão para o lixo ou o esgoto do congresso. Estima-se que por ano, Brasília produza aproximadamente 120 mil toneladas de cagadas de congressistas.
As cagadas feitas pelos 3 poderes, presidente, deputados, senadores, Supremo Tribunal Federal. Mas muitas delas não entraram na estatística, pois são censuradas pelo pela vigilância sanitária, ABIN, Tribunal de Contas e diversos órgãos.

O metano é gerado a partir de fezes por intermédio da digestão de insetos e microorganismos que se alimentam delas e pode ser queimado para girar turbinas que gerem eletricidade ou aquecimento.

A campanha começará nos corredores do congresso, com garotas já apelidadas de “cocozetes” que irão distribuir sacos biodegradáveis pelos corredores do mesmo.

A meta é converter todas as merdas feitas pelos 3 poderes em energia, já que é impossível acabar com eles ou com suas cagadas, então o jeito é transformá-las em algo produtivo.

Fonte:
Todos os 3 poderes e cagões abaixo, digo, escalões abaixo.


Morre o compositor de "Vila Sésamo"





24/02/2006 - 10h17

da Folha de S.Paulo
da Folha Online

Bruce Hart, autor de letras e canções do programa infantil "Vila Sésamo", morreu de câncer no pulmão na última terça-feira, em casa, em Nova York, aos 68 anos.

Hart --ao lado de sua mulher Carole-- foi um dos primeiros roteiristas e compositores do programa educativo para crianças, que estreou em 1969. A música tema de abertura de "Vila Sésamo" --escrita em parceria com Joe Raposo e Jon Stone-- se tornou um clássico infantil.

O seriado "Vila Sésamo" foi exibido no Brasil no entre 1972 e 1977 --ainda vai ao ar nos Estados Unidos, onde está em sua 36ª série na rede pública PBS. A atração é exibida em mais de 120 países, com mais de 20 versões locais em execução.

Fonte:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u58235.shtml

Demissão de professores abre crise na FGV

23/02/2006 - 09h27

FÁBIO TAKAHASHI
da Folha de S.Paulo

Quarenta professores do curso de administração da FGV-SP, um dos melhores do país, entregaram anteontem um documento à direção da escola em que pedem explicações sobre a demissão de 16 docentes da escola, ocorrida neste mês. No texto, eles se dizem "preocupados com as conseqüências acadêmicas desse fato".

Fazem parte da lista (enviada ao diretor Fernando Meirelles) o diretor acadêmico, três coordenadores, cinco dos sete chefes de departamento e um ex-diretor. Os 40 docentes são integrantes da Congregação, principal instância da escola, que é formada por pouco mais de cem pessoas, representando todos os seus segmentos. O corte também gerou protestos de alunos e de funcionários.

Como os nomes não foram discutidos dentro da faculdade (como tradicionalmente ocorre), esses grupos entendem que a direção pretende acabar com a democracia da instituição, que é uma de suas marcas. A conseqüência disso, diz esse grupo, é que docentes e pesquisadores passariam a ter receio de abordar assuntos que possam desagradar aos dirigentes, com medo de retaliações e até demissão --o que influi na qualidade de ensino de uma faculdade.

Anteontem, alunos distribuíram um manifesto, chamado de "Democracia em risco". O texto, assinado por associações representativas de estudantes e de funcionários, afirma: "[...] preocupa-nos a possibilidade de motivações subjetivas ou políticas nestas demissões". Além disso, 160 camisetas foram distribuídas a alunos com frases de protesto.

Congregação

A principal queixa na faculdade é que os cortes não foram discutidos pela Congregação. "A escola vive um clima democrático, que cultiva o contraditório, base para a excelência acadêmica. E isso está ameaçado", diz o professor Michael Paul Zeitlin, ex-diretor da faculdade e secretário de Transportes de São Paulo entre 1997 e 2002, durante a gestão Mário Covas. Zeitlin é um dos signatários da lista. "Fazem parte da GV nomes tão distintos quanto Eduardo Suplicy [senador pelo PT] e Marcos Cintra [ex-deputado federal pelo PFL]."

A direção da escola afirma que o corte ocorreu simplesmente devido a um ajuste financeiro.

"Até entendemos fazer um ajuste, mas tudo precisa ser discutido dentro da faculdade", diz Celso Napolitano, também professor da escola e diretor do Sinpro-SP (sindicato dos professores). "Do jeito que foi feito, houve cerceamento da liberdade de expressão, o que prejudica a qualidade acadêmica. A GV pode começar a ter uma visão simplesmente mercantilista."

Os alunos endossam as críticas. "Demissões assim [sem discussão] podem tirar da faculdade pessoas importantes", diz o presidente do diretório acadêmico da faculdade, Fernando Oshima.

Outro lado

A direção do curso de administração da FGV-SP afirmou que os cortes ocorreram por ajuste financeiro e negou que tenham sido arbitrários. A Folha pediu ontem, durante toda a tarde, entrevista com diretores da escola, sem sucesso. Quem falou pela faculdade foi seu advogado, Décio Freire.

"As demissões imotivadas, sem justa causa, não precisam passar pela Congregação", disse. Ele negou que tenha havido arbitrariedade. "As demissões foram legítimas. Cumprimos à risca a legislação trabalhista. É papel do empregador definir coisas como essa. Instituições admitem e demitem. Não adianta ficar tentando mostrar o que não existe."

Freire manteve a explicação dada no começo do mês, quando houve o anúncio do corte. "Foi apenas um ajuste financeiro." À época, afirmou que a GV possuía um "número confortável de professores" e que alguns até estavam subaproveitados. Por isso, poderia cortar 16 dos 300 docentes sem que houvesse perda na qualidade acadêmica.

Ele disse desconhecer o pedido de explicações feito por 40 professores. "Estamos abertos a qualquer explicação. Mas reitero que esse não é um assunto que deve ser discutido pela Congregação."

Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u18400.shtml

MEC quer permitir a criação de novos centros universitários

23/02/2006 - 18h05m


Demétrio Weber - O Globo

BRASÍLIA - O Ministério da Educação (MEC) propôs nesta quinta-feira que novos centros universitários possam ser criados, derrubando a proibição decretada em 2003, já no governo Lula. A proposta consta em minuta de decreto que o MEC submeterá a uma consulta pública nas próximas três semanas, antes de enviá-la à Casa Civil. Os centros universitários têm autonomia para criar cursos e ampliar vagas, sem autorização específica do MEC, a exemplo das universidades. A diferença é que não precisam oferecer cursos de mestrado e doutorado, o que reduz custos e torna esse tipo de instituição mais interessante do ponto de vista financeiro.

A consultora jurídica do ministério, Maria Paula Dallari, justificou a proposta afirmando que os centros universitários são instituições multidisciplinares e cumprem um papel importante no sistema de ensino superior.

A possibilidade de se criar centros universitários está prevista na proposta de decreto divulgada pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, que trata do uso de resultados das avaliações oficiais na regulação e supervisão do ensino superior no país. O chamado decreto-ponte determina que instituições de ensino reprovadas no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) deverão firmar termo de compromisso para corrigir as falhas sob pena de sofrerem sanções, que vão desde a suspensão de vestibulares até o fechamento da instituição.

O novo decreto revoga decretos anteriores e determina a criação de um catálogo de cursos tecnológicos com status de graduação. O objetivo, segundo Haddad, é valorizar esses cursos. O ministro destacou que a atual diversidade de oferta acaba criando confusão e levantando dúvidas sobre a qualidade e mesmo a pertinência dos cursos. Preocupado em evitar que a lista engesse a criação de cursos tecnológicos, o decreto regulamenta artigo da Lei de Diretrizes e Bases da Educação permitindo a criação de cursos experimentais. Isso abrirá caminho para a oferta de cursos tecnológicos de optometria (medição da acuidade visual), por exemplo, e outras áreas que hoje não têm diretrizes curriculares.

Haddad enfatizou que o novo decreto não antecipa nenhum ponto da proposta de reforma universitária em discussão no governo antes de ser enviada ao Congresso. Ele disse que o decreto tem como objetivo dar eficácia ao resultado das avaliações, fazendo com que cursos reprovados sofram conseqüências práticas em termos das licenças para funcionar.

- O decreto faz a conexão, que não existia, entre a avaliação e a regulação. A avaliação tem que produzir efeitos. Não basta sinalizar apenas os cursos que tiveram desempenho insatisfatório. É preciso que isso tenha conseqüências práticas - disse o ministro.

Segundo Haddad, já no fim do ano, o MEC terá concluído o primeiro ciclo de avaliação do Sinaes e estará em condições de assinar termos de compromisso com as instituições reprovadas. Falta definir ainda o prazo que as instituições terão para sanar as falhas.

O decreto prevê também que conselhos profissionais, a exemplo do que já faz o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), possam opinar sobre a qualidade dos cursos no momento do reconhecimento e de sua renovação.

Fonte:
http://oglobo.globo.com/online/educacao/plantao/2006/02/23/191957455.asp




Discriminatório? Então minta.

23/02/2006 - 15h28m
Craigslist é processado por exibir anúncios discriminatórios

Globo Online

NOVA YORK - O Craigslist, o maior site de classificados do mundo, está sendo processado por um grupo de Chicago ligado ao setor imobiliário por exibir anúncios com mensagens discriminatórias. Na ação, é pedido que o site seja obrigado a regular os anúncios da mesma forma como fazem os jornais.

O Craigslist é usado todos os meses por mais de dez milhões de pessoas, a maioria nos Estados Unidos. O site é muito popular no país, com anúncios gratuitos de empregos, passando por móveis usados a encontros amorosos.

Os anúncios citados na ação contêm expressões como "americanos de origem africana ou árabe tendem a ter conflito comigo", ou "crianças, não" ou "minorias, não".

Fonte:
http://oglobo.globo.com/online/tecnologia/plantao/2006/02/23/191955472.asp


Comentário:

Como já disse uma vez um dramaturgo brasileiro:

"O problema do mundo é a mentira...
... a falta dela.
Seja franco e só irá criar problemas para si, por que os outros geralmente não são.



Investimento em museus superou R$ 95 milhões em 2005

23/02/2006 - 17h40m

Globo Online

RIO - O Ministério da Cultura investiu cerca de R$ 95 milhões nos museus no ano passado. Os dados dos anos anteriores mostram o aumento dos recursos investidos pelo Sistema MinC após o lançamento da Política Nacional de Museus, em 2003, inspirada nos modelos espanhol e português para o segmento. Enquanto nos anos de 2001 e 2002 o investimento total anual ficou na casa dos R$ 20 milhões, nos anos de 2003 e 2004 superou a casa dos R$ 40 milhões.

Em agosto de 2006, haverá segunda edição do Fórum Nacional de Museus e, em maio, será realizada a Semana dos Museus, em sua quarta edição, com o tema "Museus e Público Jovem", que contará com eventos comemorativos em todo o país. Para o MinC, 2006 será o Ano Nacional dos Museus. A programação detalhada relativa à iniciativa será lançada em março.

Fonte:
http://oglobo.globo.com/online/cultura/plantao/2006/02/23/191956633.asp

23 fevereiro, 2006

Quando se trocam profissionais de Arte por profissionais de Marketing

Pôster em Moscou com imagem do navio USS Missouri. Estas coisas acontecem quando se trocam profissionais de arte por profissionais de Marketing. Para eles 'tudo' é igual
Moscou homenageia veteranos de guerra com barco dos EUA


Pôster em Moscou com imagem do navio USS Missouri
As autoridades em Moscou se apressaram para corrigir uma gafe: cartazes espalhados pela cidade congratulando os veteranos de guerra da Rússia mostravam, por engano, a imagem do navio de guerra americano USS Missouri.
Ao saber do erro, na quarta-feira, o governo municipal ordenou a retirada dos cartazes, poucas horas antes das comemorações do Dia do Defensor da Pátria.

O Ministério da Defesa russa afirma não ter sido o responsável pela confecção dos cartazes.

Um funcionário da prefeitura moscovita disse que o desenho "deveria ter sido mostrado a especialistas que sabem distingüir entre um navio de guerra e outro".

Um porta-voz do Ministério da Defesa, Vyacheslav Sedov, afirmou que "foi uma empresa civil que produziu o pôster, e as pessoas que o fizeram eram incompetentes".

"Nós temos navios similares, bonitos. Eles deviam ter utilizado algum deles", acrescentou.

O chefe do órgão responsável pela publicidade da prefeitura de Moscou contou à BBC que o engano foi apontado por jornalistas do jornal Moskovsky Komsomolets, e "nós removemos rapidamente os cartazes".

Um equívoco parecido ocorreu no ano passado, quando circularam na região da Criméia cartões-postais comemorativos do aniversário da Revolução Russa de fevereiro de 1917 cujas imagens mostravam um tanque alemão T-3 e outro americano M60A.

Fonte:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2006/02/060223_moscouveteranosms.shtml


São Francisco vai testar programa de geração de energia a partir de fezes caninas





22/02/2006 - 22h56m

Reuters

SÃO FRANCISCO - A prefeitura de São Francisco vai testar se fezes de cães podem ser convertidos em energia.

A idéia é produzir metano, ao mesmo tempo em que se diminuem os despejos nos lixões. Cerca de 4% do que a cidade deposita em aterros sanitários são fezes de cães. Estima-se que a cidade tenha aproximadamente 120 mil cães.

O metano é gerado a partir de fezes por intermédio da digestão de insetos e microorganismos que se alimentam delas e pode ser queimado para girar turbinas que gerem eletricidade ou aquecimento.

A companhia de esgotos da cidade vai distribuir sacos biodegradáveis num parque popular entre donos de cachorros para iniciar os testes.

A meta é acabar com os despejos de fezes caninas nos aterros até 2020.


Fonte:
http://oglobo.globo.com/online/ciencia/plantao/2006/02/22/191950314.asp

No dia em que galinha criar dente? Esse dia chegou

22/02/2006 - 21h42m


Agências Internacionais


RIO - Melhor pensar duas vezes antes de prometer que cumprirá algo no dia em que galinha tiver dente. Ela já teve, naturalmente. E voltou a ter, graças a uma pesquisa britânica. Cientistas da Universidade de Manchester manipularam genes de galinha para criar uma variação dentada.

A pesquisa foi possível depois que o bico de uma galinha mutante, morta há cerca de cinco décadas, foi reexaminado, e dentes foram encontrados. A formação deles é similiar à dos dentes dos crocodilos.

- O que descobrimos foram dentes similares àqueles dos crocodilos. Não por acaso, porque as aves são os parentes vivos mais próximos do réptil - disse Mark Ferguson, cientista da universidade.

Os pesquisadores queriam saber se a memória genética da ave - remontando há 80 milhões de anos, quando aves tinham dentes - poderia ser despertada. Então induziram o crescimento em galinhas normais.

Donde que há esperança de que o crescimento de novos dentes poderá vir a ser induzido em seres humanos que os perderam.

A pesquisa foi publicada no periódico "Current Biology".

Fonte:
http://oglobo.globo.com/online/ciencia/mat/2006/02/22/191942027.asp

Inconsciente cerebral ajuda na tomada de importantes decisões

23/02/2006 - 12h17m

Indeciso? Pare de pensar no assunto
The New York Times

NOVA YORK - Importantes decisões de vida têm tantas variáveis importantes para serem analisadas que as pessoas podem acabar ficando confusas e decidindo tirar o assunto de suas mentes temporariamente. Ao contrário do que muitos pensam, essa estratégia pode ser bastante eficiente, segundo pesquisadores.

Em estudo publicado na última edição da revista "Science", uma equipe de psicólogos holandeses verificou que pessoas obrigadas a tomar decisões complexas chegam a um melhor resultado quando se distraem e não estão empenhadas a pensar exclusivamente naquele assunto.

O estudo sugere que o cérebro inconsciente, da mesma forma que produz sonhos estranhos, seria capaz de promover um raciocínio lógico ativo.

Psicólogos já sabiam, há alguns anos, que pessoas processam inconscientemente uma grande quantidade de informações. Mas o novo estudo sugere que devemos usar essa riqueza de informações obtidas por esse "radar subjetivo", combinando-a com fatos cuidadosamente analisados, para, só então, tomarmos nossas decisões.

Na pesquisa, a equipe liderada pelo cientista Ap Dijksterhuis, da Universidade de Amsterdã, pediu a 80 estudantes que escolhessem o carro ideal, entre quatro opções, com base em uma lista de atributos. Depois que as características de cada carro foram apresentadas, os pesquisadores pediram a alguns estudantes que pensassem cuidadosamente sobre o assunto por quatro minutos, enquanto distraíram os outros voluntários pedindo que eles resolvessem anagramas.

Quando a lista de características tinha apenas quatro itens, os estudantes mais propensos a escolher o melhor veículo eram os que ficavam refletindo sobre a questão, em comparação aos que eram distraídos pelos pesquisadores.

Mas quando a lista de atributos tinha mais de 12 tópicos, os voluntários que ficavam sem pensar no assunto resolvendo os anagramas apresentaram uma maior tendência a fazer as melhores escolhas, segundo o estudo.

Segundo os pesquisadores, o inconsciente tem uma capacidade bem maior de reter informações que sistema consciente de memória, e é menos suscetível a certas influências.

- Um exemplo é uma pessoa que gosta tanto de uma casa por causa de seu amplo espaço que se torna incapaz de considerar outros fatores, como a vizinhança e a distância que ela precisará percorrer diariamente para ir ao trabalho - disse Dijksterhuis. - Já o inconsciente cerebral conseguirá dar o peso necessário para a decisão ao fator distância do trabalho - completou.

Em outra parte do experimento, os psicólogos analisaram estudantes que haviam feito alguma recente e importante escolha de vida.

Segundo os pesquisadores, foi possível verificar quando se analisavam a compra de coisas simples, os estudantes que mais tinham pensado no assunto eram os mais satisfeitos com suas decisões. Entretanto, acontecia justamente o contrário quando eram analisadas as escolhas sobre temas mais importantes: quanto mais tempo a pessoa gastou fazendo considerações conscientes sobre o assunto, menos satisfeita ela se sentiu depois.

Os pesquisadores disseram que ainda não é possível dizer com certeza que decisões devem ser analisadas racionalmente e quais devem ser tomadas em momentos em que não estamos refletindo profundamente sobre o assunto.


Qual a sua estratégia para tomar decisões?


Fonte:
http://oglobo.globo.com/especiais/vivermelhor/mat/191953630.asp

STF julga ação que tira serviços bancários do Código de Defesa do Consumidor

22/02/2006 - 12h41m

Globo Online

RIO, SÃO PAULO e BRASÍLIA - O Supremo Tribunal Federal (STF) julga nesta quarta-feira a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) que pede que os bancos e seguradoras não se submetam mais às regras do Código de Defesa do Consumidor. A ação foi movida pela Confederação Nacional do Sistema Financeiro (Consif). Os bancos querem responder a um código próprio, cujo cumprimento seria fiscalizado somente pelo Banco Central (BC).

O gerente-jurídico do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Marcos Diegues, avalia que, se os bancos vencerem a ação, será uma "perda irreparável" para os consumidores.

- Os bancos poderão, por exemplo, continuar a enviar cartões de crédito sem que a pessoa solicite, prática proibida pelo Código do Consumidor. Poderão também deixar de informar ao consumidor que quiser pegar crédito pessoal quanto ele vai pagar, qual será a taxa de juros, fornecer dados comparativos etc. Será uma terra de ninguém - afirma.

O gerente-jurídico do Idec informa que as maiores reclamações com relação aos serviços bancários são sobre cobranças indevidas e envio de cartões de crédito sem solicitação. Segundo ele, se a ação for aprovada, os consumidores terão de se dirigir exclusivamente ao Banco Central, que seria "ineficaz" nesse aspecto.

- Os bancos argumentarão que não têm que dar a menor satisfação a um órgão de defesa do consumidor. A argumentação da Consif é absolutamente infundada - diz.


Fonte:
http://oglobo.globo.com/online/economia/plantao/2006/02/21/191929439.asp

Lula diz que pode editar MP se o Fundeb não for aprovado no Senado

22/02/2006 - 16h23m


Efrem Ribeiro - O Globo

PARNAÍBA, Piauí - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira, ao participar de solenidade de interiorização da Universidade Federal do Piauí, que se perceber não ser possível o Senado votar o Fundeb (Fundo Nacional de Educação Básica) vai editar uma medida provisória para que entre em vigor. Lula falou da necessidade do Fundeb quando viu em Parnaíba uma professora levantando cartaz reivindicando melhorias no ensino infantil.

O presidente afirmou que o projeto de lei do Fundeb foi aprovado na Câmara e agora depende do Senado. Lula pediu ao senador Alberto Silva (PMDB), que é conselheiro da República, que brigue para que o projeto de lei do Fundeb seja aprovado. Segundo o presidente, é preciso que o Fundeb seja aprovado com urgência para que sejam colocados no Orçamento Geral da União para 2006 mais de R$ 1,3 bilhão para a educação.

- A educadora que estava com a placa tem razão porque não adianta a gente criar universidade se na base a criança não for bem formada para fazer a universidade - disse Lula.

Ele disse que ajuda na qualidade do ensino público a lei que sancionou aumentando de oito para nove anos o tempo de permanência na escola das crianças brasileiras cursando o ensino fundamental.

- Por que é que nós fizemos isso? Para garantir que a criança pobre, quando completar seis anos, já possa entrar na escola, porque antes só entrava na escola com seis anos quem tinha família que pudesse pagar uma escola particular para fazer uma pré-escola. E uma criança que estuda um ano antes de completar os sete anos e entra no ensino fundamental, junto com outra que nunca tinha entrado na escola, vai dar a impressão que aquela que nunca tinha estado na escola é burra e que a outra é inteligente. Negativo. As duas são inteligentes, só que uma teve mais oportunidade que a outra e nós queremos dar oportunidade para que as pessoas pobres possam estudar - disse Lula.

Fonte:
http://oglobo.globo.com/online/pais/plantao/2006/02/22/191942287.asp

Lula admite frustração de não ter diploma universitário

22/02/2006 - 19h25m


Cristiane Jungblut - O Globo

IMPERATRIZ (MA) - Ao discursar no lançamento da pedra fundamental do novo campus universitário da Universidade Federal do Maranhão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que tem uma frustração na vida: não ter diploma universitário.

- Tenho uma frustração na minha vida: não tenho diploma universitário. Não pude fazer uma universidade e não me orgulho disso - disse Lula três vezes.

O presidente disse ainda que com a construção de 42 novos campi universitários é uma forma de garantir a esses jovens "o diploma que eu não tive, as oportunidades que eu não tive".

No discurso, Lula anunciou que vai visitar entre o fim de março e o início de abril o garimpo de Serra Pelada, onde anunciará medidas de apoio aos garimpeiros. O presidente prometeu "uma festa para os garimpeiros

Fonte:
http://oglobo.globo.com/online/pais/plantao/2006/02/22/191943015.asp

Lula encerra maratona por seis estados emocionado com carta de menina pobre

23/02/2006 - 02h04m

Isabel Braga - O Globo

MARABÁ (PA) - Na última etapa de sua maratona de viagens por seis estados do Norte e Nordeste, em dois dias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva emocionou-se e emocionou a platéia com a leitura de uma carta de uma menina de 11 anos, durante a visita às obras de ampliação do campus da Universidade do Pará na cidade de Marabá.

Na carta, a menina Faina Laine da Silva, que cursa a quarta série, desfiou o rosário de pobreza da família e pediu ajuda ao presidente: "Presidente, meu pai é desempregado, minha mãe tem inflamação nos ossos e não pode trabalhar. Meu irmão Lucas de dois anos está doente, com infamaçao na boca, cheia de ferida, tá podre. E eu estou muito triste, presidente, porque gosto de estudar e não pude ir prá escola porque não tinha caderno nem farda (uniforme). Peço que o senhor ajude, porque moramos de aluguel e a mulher está tirando a gente", dizia a carta lida por Lula que, emocionado, disse que recebe muitos pedidos de brasileiros, mas que aquilo poderia continuar daquele jeito.

- Que coisa mais desagradável, mais sem graça não ir à escola porque não tem caderno - disse, dirigindo-se ao ministro da Educação que estava na comitiva.

- E tem que ver essa boca do menino, que está podre - completou chamando, do microfone, o médico do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgêncial) para cuidar do menino, para encaminhar o tratamento.

Depois, Lula chamou a mãe da menina, Lívia Nunes da Sailva, 28 anos, para prometer que ajudaria a família.

-Jamais imaginei que ele fosse tão bom assim - disse depois a mãe sobre o presidente, contando a "novela" que foi para a menina conseguir entregar a carta a Lula.

- Eu pedi prá ele me ajudar com uma casa e ele me disse que vai dar um jeito - acredita Lívia.

Fonte:
http://oglobo.globo.com/online/pais/plantao/2006/02/23/191952706.asp


Crescimento de Lula entre mais ricos e instruídos no Datafolha não surpreende analistas

22/02/2006 - 18h34m
Hilda Badenes e Luisa Valle - Globo Online

RIO - A pesquisa do Instituto Datafolha divulgada nesta quarta-feira mostra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganha espaço na classe média e entre os eleitores mais bem informados. Num possível confronto, o presidente ainda perde para o prefeito de São Paulo, José Serra, e para o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Analistas políticos ouvidos pelo GLOBO ONLINE não se surpreendem com este resultado.

O historiador Carlos Eduardo Sarmento, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), acredita que a parcela mais informada e de maior renda da população "perdeu o medo" de Lula diante da estabilidade econômica oferecida pelo governo.

- É uma parcela da sociedade que não prioriza os indicadores sociais. O dólar e o risco-país em queda transmitem sensação de segurança. Não estamos à beira da catástrofe como muitas pessoas pensavam. E, sim, com perspectivas de crescimento. Que gestão inábil é essa que apresenta índices melhores que o do governo Fernando Henrique? Eles viram que não é preciso ter um governo do PSDB para ver esses sinais positivos na economia. Ele (Lula) manteve o modelo de gestão macroeconômica e corrigiu algumas coisas, criando um cenário favorável para certos setores.

Para a cientista política Lúcia Hippólito, o resultado também era esperado.

- Os empresários e a classe média alta se preocupam com a economia. A economia no governo Lula está indo bem, não há nenhuma grande variação. Isso sem contar que alguns empresários acham Serra, possível candidato do PSDB, muito independente. Para esses é melhor Lula continuar, pois a economia se mantém estável - afirmou.

O presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social (IBPS), Geraldo Tadeu Monteiro, também acredita que o avanço do presidente entre os eleitores de classe média é um reflexo dos bons resultados na economia, sobretudo da estabilização dos índices e da correção da tabela do Imposto de Renda, uma antiga reivindicação deste eleitorado.

Na opinião dele, a tentativa do presidente de recuperar a agenda positiva - destacando na mídia as realizações do governo - também colabora para seu crescimento nas pesquisas.

- Ele (Lula) já dobrou o Cabo da Boa Esperança. Mas não chegou às Índias ainda. O presidente conseguiu dominar o momento de crise e está recuperando os índices que tinha antes dela. A candidatura de Serra cresceu à medida que a popularidade de Lula caía por causa dos escândalos. Se pudéssemos, como na economia, descontar os efeitos da sazonalidade, voltaríamos aos níveis anteriores à crise - explica.

E acrescenta:

- Além disso, o presidente resolveu fazer campanha e mostrar as realizações do governo. Isso é nítido. Ele multiplicou as aparições na mídia, deu entrevistas, está inaugurando obras. Tudo isso é importante para recuperar a agenda positiva.

Na opinião de Sarmento, da FGV, este cenário tende a se estabilizar, salvo alguma nova crise.

- Não há no cenário econômico nada que possa ser desestabilizador, talvez no político. É uma tendência que sinaliza para uma estabilidade, o cenário catastrófico não deve voltar.

Monteiro, do IBPS, lembra ainda que nos últimos dois meses o foco da crise política saiu do Planalto para o Congresso, aliviando a imagem do presidente.

- A convocação extraordinária para não interromper os trabalhos das CPIs foi um tiro que saiu pela culatra. O Congresso começou a ser punido, pois o que apareceu na opinião pública foi o custo desta convocação - avalia.

O historiador Carlos Eduardo Sarmento também lembra que a questão da corrupção, neste momento, está muito presa ao Legislativo.

- Agora o enfoque está em cima do Congresso. Com isso, consegue revestir o presidente de camada protetora, que tem ainda a seu favor os indicadores econômicos e sociais - diz o professor da FGV.

Outro fator que favoreceu o presidente, na opinião de Lúcia Hippólito foi o tempo. Para ela, os empresários viram que meses após a crise, não mudou na economia do país. Isso foi decisivo para esse aumento de credibilidade.

Lúcia Hippólito também acredita que a indefinição do PSDB também ajudou Lula. Segundo a cientista política, enquanto a oposição não se manifestar, Lula vai continuar em vantagem:

- Ele está concorrendo sozinho. É uma super exposição da imagem do presidente. Ele aparece todos os dias. Enquanto isso há um sumiço dos outros partidos.

A culpa disso, para Lúcia Hipólito, não é do presidente, mas da própria oposição. Para ela, não está havendo uma reação, algo que pode começar a mudar com o resultado da última pesquisa.

- Não adianta brigar com números. Em vez de criticar, os partidos opositores ao governo deveriam começar a aparecer. Muitos criticaram a pesquisa publicada pelo CNT/Sensus, mas o instituto Datafolha acabou de comprovar essa tendência de aumento das intenções de votos para Lula - afirmou.

Em relação ao impasse interno no PSDB, Monteiro acredita que o resultado da pesquisa Datafolha complique ainda mais a escolha do candidato tucano.

- Apesar dos esforços e das aparições, Alckmin não conseguiu crescer. Se houvesse sinalização neste sentido, poderia até sugerir uma tendência para o partido. Como isso não aconteceu, acredito que a situação está ainda mais complicada.

Apesar das boas perspectivas, Monteiro não acredita que Lula chegue aos patamares da eleição de 2002, quando detinha de 45% a 48% das intenções de votos. Na opinião dele, o presidente deve se estabilizar numa faixa de 40% no primeiro turno, o que considera uma posição bastante confortável.


Fonte:
http://oglobo.globo.com/online/pais/mat/2006/02/22/191944477.asp

22 fevereiro, 2006

Veja como usar o programa de inclusão digital "Computador Para Todos"

20/06/2005 - 17h04
JULIANA CARPANEZ
da Folha Online

Na hora de comprar um computador, o consumidor pode se beneficiar de duas maneiras com o programa de inclusão digital "Computador Para Todos" --antes chamado de "PC Conectado". O projeto também tem vantagens na conexão discada à internet.

O "Computador Para Todos" entrou em vigor com a publicação da "MP do Bem" no "Diário Oficial da União". O projeto tem como objetivo aumentar o número de brasileiros com acesso a micros e também à internet.

Nem todas as frentes dessa novidade foram colocadas em prática, pois o setor passa por uma fase de adaptação. A única grande mudança prática realizada foi a isenção de tributos (PIS/Pasep e Cofins) em máquinas de até R$ 2.500.

Veja quais são e como funcionam os benefícios.

ISENÇÃO DO PIS E COFINS

O que é
Desde o início de junho, quando o Diário Oficial da União publicou a "MP do Bem", o varejo pode vender computadores de até R$ 2.500 com isenção do PIS e Cofins. Isso, na prática, significa redução de cerca de 9,25% nos preços.

Quem tem
Extra e Magazine Luiza são os primeiros a repassar a isenção para o consumidor. Procurados pela reportagem, Casas Bahia e Ponto Frio não quiseram dar entrevista.

Como usar
Todo o varejo pode repassar esse benefício aos consumidores. A isenção de PIS e Cofins não é restrita a pessoas de baixa renda; ela deve ser oferecida a todos os compradores de computadores que custem até R$ 2.500.

Por enquanto, a única estratégia para saber se o varejo está baixando os valores é a comparação de preços. "O consumidor tem de estar por dentro do mercado para identificar as lojas que tiraram o PIS e Cofins do preço final", diz Fabricio Bittar Garcia, gerente de compras do Magazine Luiza.

FINANCIAMENTO

O que é
Micros de até R$ 1.400 que seguem as configurações estipuladas pelo governo poderão ser parcelados em até 24 prestações de R$ 70. O valor final a ser pago inclui os juros cobrados na venda a prazo.

Para se encaixar nessa categoria, o equipamento, de qualquer marca, deve utilizar obrigatoriamente software livre, como o Linux. Além disso, precisa contar com um processador de 1,5 GHz, disco rígido de 40 GB, memória RAM de 128 MB, monitor de 15 polegadas, unidade de disco flexível, unidade de CD-ROM, modem de 56 K, placas de vídeo, áudio e rede on-board, mouse, teclado e porta USB e 26 programas.

Quem tem
Por enquanto, nenhuma loja oferece o financiamento, porque o varejo ainda está negociando a questão com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Micros com configurações parecidas àquelas estipuladas pelo governo já podem ser encontrados em lojas há alguns meses. Se as configurações desses equipamentos estiverem de acordo com aquelas do "Computador Para Todos", eles poderão ser comprados com o financiamento do programa.

Um exemplo desses micros populares é o POS AT Series L, da Positivo Informática, vendido com preço sugerido de R$ 1.399. Ela tem Linux, processador Celeron de 1,8 GHz, memória RAM de 128 MB, disco rígido de 30 GB, unidade de CD-ROM, modem de 56 kbps, mouse, teclado, caixa de som e placas de som e de rede on-board.

CONEXÃO

O que é
As operadoras de telefonia fixa poderão oferecer a seus clientes acesso mais barato à internet. Por 15 horas de conexão, os usuários pagarão R$ 5 por mês mais impostos, o que dará cerca de R$ 7,50, dependendo da incidência do ICMS em cada Estado.

Quem tem
Por enquanto, o projeto ainda não foi colocado em prática. Brasil Telecom, Telemar e Telefônica confirmaram participação.

Como usar
Terão acesso a esse serviço de conexão somente os novos usuários de telefonia fixa ou aqueles que possuem linhas telefônicas instaladas, mas não fizeram conexão com a internet ao menos nos últimos seis meses.

De acordo com informações iniciais, que podem sofrer alterações, basta ligar para a operadora e fazer uma solicitação para que o futuro internauta tenha acesso ao plano.

Leia mais

Complexidade do projeto causou atrasos no "Computador Para Todos"
Veja íntegra da MP que deixa micros mais baratos
PC Conectado deve chegar às lojas neste final de semana, prevê indústria

Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u18585.shtml

"Computador Para Todos" exclui iniciativas de alfabetização digital

19/07/2005 - 16h00
JULIANA CARPANEZ
da Folha Online

O programa de inclusão digital "Computador Para Todos", com algumas medidas em prática desde o mês passado, exclui iniciativas relacionadas à alfabetização digital --conceito equivalente ao bê-a-bá da informática. Com esse tipo de instrução, a população atualmente off-line poderia aprender princípios básicos dos computadores, além de saber como tirar melhor proveito dessa ferramenta tecnológica.

"Quando damos acesso a computadores e à internet, já estamos abrindo uma porta para a inclusão das classes mais baixas", afirmou Sérgio Rosa, diretor do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados).

A declaração rebate críticas feitas ao projeto, que tem seu foco voltado somente à venda mais barata de micros. Para alguns especialistas, preços reduzidos não promovem a inclusão digital em um país onde muitos desconhecem a utilidade dos computadores.

"Esses comentários discriminam as classes mais baixas, pois partem do princípio que elas precisam de ensino para usar a internet. São críticas elitistas. A partir do momento que essas pessoas tiverem acesso aos micros, saberão como tirar melhor proveito da internet", disse.

O diretor defende a criatividade e flexibilidade desse grupo de brasileiros, que "saberá se virar muito bem na internet". Como o programa não contará com iniciativas para ensinar o básico a esse público-alvo, Rosa afirma que a população conhecerá a importância da informática via escolas, telecentros e outras iniciativas de inclusão digital.

"Não podemos ter um modelo único de iniciativas de inclusão. Elas devem ser como livros didáticos e os professores, que têm maneiras diferentes de ensinar."

Outro lado

"Dizer que preços baixos podem ajudar na resolução do problema é como afirmar que um indivíduo estará alfabetizado quando ganhar uma caneta." A crítica foi feita pelo espanhol Roberto Aparici, diretor de mestrado de novas tecnologias da informação e comunicação da Uned (Universidade Nacional de Educação a Distância) e professor colaborador do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts).

No Brasil há cinco meses, onde trabalha como professor visitante da UFBA (Universidade Federal da Bahia), Aparici defende a inclusão com foco na alfabetização digital --só assim, as pessoas vão saber como tirar o melhor proveito da tecnologia.

"Sozinha, a informática não transforma vidas. É necessário que as pessoas vejam a internet como uma ferramenta que melhore seu trabalho, sua vida pessoal. Para isso, elas precisam ser ensinadas com uma metodologia que inclua processos mais complexos do que o uso do teclado e do mouse."

Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u18699.shtml

Australiano fica com tubarão preso à perna até ser socorrido

Um australiano atacado por um tubarão nadou e dirigiu em busca de ajuda com o animal ainda mordendo a sua perna.
Luke Tresoglavic, de 22 anos, estava mergulhando perto de Newcastle, ao norte de Sydney, quando foi mordido por um tubarão Wobbegong com 60 centímetros de comprimento.

Como o tubarão não o largava, Tresoglavic nadou 300 metros até a praia, andou até seu carro e dirigiu para um clube de surfe local.

Os salva-vidas tiveram que regar as guelras do tubarão para fazê-lo largar a perna do mergulhador.

“Eu apenas pensava que tinha que nadar daquela maneira e não desistir”, disse Tresoglavic à rádio australiana ABC, nesta quarta-feira.

Ele estava mergulhando perto de Caves Beach, cerca de 120 quilômetros ao norte de Sydney.

Inacreditável







O chefe dos salva-vidas, Michael Jones, disse que não conseguia acreditar no que via quando Tresoglavic apareceu.

“Não há nada no nosso manual de instruções para esse tipo de situação”, disse Jones.

Mas ele disse que Tresoglavic estava com bom ânimo.

“Havia um lado bem-humorado na história”, disse ele.

O mergulhador sofreu feridas na perna causadas pelos dentes tipo lâmina do tubarão, mas não precisou de pontos – apenas de uma dose de antibióticos.

O tubarão, no entanto, morreu, e a família de Tresoglavic enterrou-o no seu jardim.

Os tubarões wobbedong podem crescer até três metros de comprimento. Eles se deslocam no fundo do mar e são dotados de um ótimo sistema de camuflagem, dificultando a sua detecção entre as rochas e os corais.

Fonte:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2004/02/040211_mergulhadorfil.shtml



Lula diz que interiorização do ensino superior é obrigação do governo

21/02/2006 - 16h17m
Agência Brasil

BRASÍLIA - Ao visitar as obras do campus da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Juazeiro (BA), nesta terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o programa de interiorização do ensino superior é uma obrigação do governo federal. Ele acrescentou que as instituições a serem instaladas no Nordeste vão promover o desenvolvimento da região.

- Não é o jovem que tem que ficar perambulando o Brasil atrás de universidade. É a universidade que tem que ir atrás do jovem brasileiro - afirmou.

Segundo o presidente, o país só dará um salto de qualidade se o Estado cuidar da educação:

- Esse país não vai jogar fora essa oportunidade.

O campus de Juazeiro, às margens do Rio São Francisco, terá os cursos de engenharias civil, mecânica, agrícola e ambiental, de produção e elétrica, além de ciência da computação. Haverá 330 vagas por ano.

Lula também visitará o campus da Univasf em Petrolina (PE). Atualmente, a universidade funciona em instalações provisórias no Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet). Para a construção dos campi (Petrolina e Juazeiro), o governo federal está investindo R$ 20,15 milhões por meio do Ministério da Educação.

A Univasf foi implantada em outubro de 2004. É a única universidade pública da região, num raio de 600 quilômetros. Na unidade de Petrolina, são oferecidos cursos de medicina, enfermagem, zootecnia, psicologia, administração e medicina veterinária.


Fonte:
http://oglobo.globo.com/online/educacao/plantao/2006/02/21/191931739.asp

Contagem por pulsos versus contagem por minutos

22/02/2006 - 12h03m

Globo Online

RIO - Hoje a cobrança das ligações telefônicas é feita por pulsos, que custam R$ 0,15787 cada. Paga-se um "pulso de atendimento" quando a chamada é atendida, mais um pulso a cada quatro minutos de conversa.

Mas há um detalhe: as centrais telefônicas não contam os pulsos individualmente e sim de forma única, como um relógio que marca a mesma hora para todos os clientes. Isso torna a contabilização dos pulsos imprecisa e sujeita a discrepâncias.

Ligações de até três minutos, por exemplo, podem custar apenas o pulso de atendimento ou dois pulsos. Tudo depende do momento em que a ligação foi feita e do momento em que a central telefônica faz a marcação simultânea dos pulsos.

Com a mudança para o sistema de minutos, haveria mais clareza na cobrança, embora a conta possa ficar mais cara. O consumidor pagará as ligações por minuto, que custaria R$ 0,10162 cada.

As franquias hoje têm 100 pulsos. No novo sistema, o tempo de ligação já embutido no preço da assinatura passaria a ser de 200 minutos.

O sistema começa a valer em 1º de março e as empresas têm até o fim de julho para implementá-lo.

Fonte:
http://oglobo.globo.com/online/economia/mat/2006/02/21/191931617.asp

Berlim: Nova safra de filmes traz mau comportamento das grandes empresas

17/02/2006 - 14h19m

Reuters

BERLIM - Filmes mostrando o comportamento antiético das empresas, a ambição dos executivos e a má administração criminosa nos grandes negócios ganharam a simpatia da crítica e do público no Festival de Cinema de Berlim.

- É muito importante controlar o poder delas com os filmes porque há muitas empresas ruins por aí - disse o diretor francês Claude Chabrol depois da première mundial de seu "L'ivresse du pouvoir" (em tradução livre "Embriaguez de poder") na quinta-feira.

O filme de Chabrol, que ele disse ter sido inspirado no escândalo da empresa de petróleo francesa Elf, segue o caminho aberto pelo popular "Syriana", que conta com George Clooney e fala sobre a indústria de petróleo mundial.

- Devo admitir que este filme repercute a questão Elf na França - disse Chabrol. - Achei o caso real na TV muito interessante.

No drama, Isabelle Huppert faz o papel de uma juíza que coloca na prisão executivos corruptos ou obriga-os a deixar o poder.

Clooney, que recebeu elogios com "Syriana", disse que o aumento do interesse do público em tais questões era o motivo da série de filmes sobre o assunto.

- Tivemos grandes escândalos em todo o mundo - disse Clooney à Reuters em uma entrevista, citando principalmente o caso que levou ao colapso da empresa de energia americana Enron, que atingiu milhares de pessoas e suas economias.

Em "Syriana", já em cartaz no Brasil, Clooney faz o papel de um agente da CIA pego em uma corrida global por petróleo, envolvendo algumas das maiores empresas do mundo.

- Acho que a sociedade mudou - disse ele. - As pessoas estão falando sobre questões interessantes, o que é bom.

Outros filmes recentes sobre grandes negócios incluem "As loucuras de Dick e Jane" (também em cartaz no Brasil), que usa o humor negro para descrever um drama ao estilo da Enron. Outro é um documentário chamado "Enron: The smartest guys in the room".

O documentário de 2004 "Super size me" elegeu como alvo o McDonald's, criticando a alimentação excessivamente calórica, e ganhou uma indicação ao Oscar. O McDonald's retirou a porção de batatas fritas "supersize" de seu cardápio, mas disse que a medida não tinha relação com o filme.

Um longa-metragem suíço lançado recentemente, "Grounding", lembra a demissão na Swissair em 2001.

O filme de Chabrol mostra uma visão sombria sobre o caso Elf, o maior escândalo corporativo da França. Três ex-chefes da Elf foram sentenciados à prisão em 2003 e condenados a pagar milhões em indenizaoes civis.

- Achei a coisa toda tão hilária - disse Chabrol. - Achei que um filme poderia mostrar como (os executivos corruptos) sao ridículos. Eles são muito astutos, mas também muito estúpidos.

Um documentário americano sobre a rede de varejo Wal-Mart já foi comprado por várias redes de televisão e distribuidores europeus, onde são grandes os temores de práticas de contratação e demissão ao estilo americano.

O filme argumenta que o Wal-Mart explora seus funcionários. A empresa, sediada em Bentoville, Arkansas, disse que o documentário não retrata de forma verídica o Wal-Mart.

Fonte:
http://oglobo.globo.com/online/cultura/plantao/2006/02/17/191889084.asp

Lula volta a criticar adversários e nega que esteja fazendo campanha

22/02/2006 - 14h36m

Globo Online
GloboNews TV

PARNAÍBA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar em discurso, nesta quarta-feira, os adversários e a negar que esteja fazendo campanha. Em discurso na cerimônia de implantação do Programa de Interiorização da Universidade Federal do Piauí, o presidente afirmou, sem citar nomes, que muitos governadores recebem dinheiro do governo federal e não reconhecem a ajuda.

- Tem muitos (governadores) espertos no Brasil que recebem dinheiro do governo federal e fazem propaganda na televisão como se o dinheiro fosse deles, como se a obra fosse deles, sem citar, sequer, o dinheiro do governo federal. Nós amargamos o pão que o diabo amassou no primeiro ano de governo e comemos o pão silenciosamente. Vocês nunca me viram falar mal de ninguém, de nenhum adversário, porque eu não fui eleito para falar mal deles, eu fui eleito para fazer aquilo que eu acreditava que era possível fazer neste país.

Ao fim do discurso, o presidente também comentou números da pesquisa Datafolha, segundo relatos do governador do Piauí, Wellington Dias (PT). De acordo com o petista, o presidente disse que o povo está reconhecendo as ações do governo e que a hora é de cautela. Ainda durante o discurso, Lula voltou a negar que esteja fazendo campanha.

- Um homem público não precisa de época de eleição para fazer campanha. Ele faz campanha da hora que acorda até a hora que dorme. 365 dias por ano. Os adversários só se incomodam quando você está fazendo a coisa certa. Porque é mais fácil destruir do que construir.

E completou:

- Quando eu terminar o meu mandato, eu não vou morar no estrangeiro, eu vou morar e morrer no meu país.


Fonte:
http://oglobo.globo.com/online/pais/mat/2006/02/22/191941277.asp

Modelo educacional cubano erradicou analfabetismo na Venezuela e é usado no Brasil

21/02/2006 - 16h56m

Agência Brasil

Brasília - A Venezuela foi declarada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), no ano passado, país livre do analfabetismo. O método de alfabetização utilizado (cubano) agora está sendo testado no Brasil num programa-piloto no Piauí. Para se ter uma idéia da extensão mundial da iniciativa, em Cuba, 99,5% das crianças de 0 a 6 anos estão na pré-escola, e o modelo já é usado em 17 países, entre eles Haiti, Argentina, México, Nicarágua, Bolívia, Equador e República Dominicana, onde foram alfabetizadas cerca de 1,5 milhão de pessoas.

- As aulas já estão sendo preparadas em 65 idiomas e contextos sociais diferentes. Esperamos que dê certo a aplicação desse programa-piloto no Piauí, para que ele possa ser estendido a maiores populações - afirma o representante da Embaixada de Cuba em São Paulo, Adolfo Bernardo Nuñez.

Segundo a Unesco, existem mais de 860 milhões de analfabetos no planeta e 98% estão no terceiro mundo. As estatísticas brasileiras mostram que 15 milhões de jovens e adultos não sabem ler e escrever, 32 milhões não concluíram o primeiro segmento do ensino fundamental e 79 milhões não terminaram o ensino fundamental. Para ser considerado alfabetizado pelo governo, é preciso concluir pelo menos o primeiro segmento do ensino fundamental.

- O analfabetismo funcional existe porque não conseguimos alcançar uma média escolar ideal de 15 anos - diz Ireland.

A experiência no Piauí tem ajudado trabalhadores rurais e domésticos a aprender a ler e escrever em 35 dias. Trata-se do método cubano de alfabetização "Yo sí puedo" (Sim, eu posso), implantado em outubro do ano passado nos municípios de Buriti dos Lopes, Caxingó e Murici dos Portelas, todos com altos índices de analfabetismo. Os alunos aprendem a ler e escrever pela associação entre números, letras e bichos. Cada letra é associada a um número e os alunos aprendem uma letra por dia. Também são utilizados vídeos metodológicos com programas que mostram as diferentes realidades do Brasil.

- O método faz com que a aula seja como uma telenovela - afirma o supervisor do programa de ensino de alfabetização no Piauí, o cubano Carlos Martinez.

Segundo ele, o projeto conta com a supervisão de um professor e de monitores. Os estudantes que participam da experiência são em geral trabalhadores rurais, pescadores e empregadas domésticas. A faixa etária dos alunos varia entre 15 e 70 anos, mas a maioria está entre os 35 e 50 anos. De acordo com Martinez, uma prova aplicada em 96 alunos dos três municípios mostrou a eficácia do projeto.

- Deste total, 100% aprenderam os números, a escrever os nomes e a ler e 88% já conseguem ler com qualidade semelhante aos alunos da primeira série. Mas o sucesso fundamental do projeto está em aprender a conhecer a diversidade da cultura do Brasil, a como atender a sua família, a prevenir doenças e cuidar do meio ambiente - conta o professor cubano.

No Piauí, o projeto prevê a alfabetização inicial de mil jovens e adultos dos três municípios. Ao final da etapa, o governo deve avaliar a possibilidade de expansão para todo o estado. O projeto de alfabetização cubana é mantido com recursos do governo do estado e do Programa Brasil Alfabetizado.

- Diversos prefeitos já manifestaram interesse, agora há um custo do projeto que precisa ser assumido e dividido entre as várias instâncias porque envolve equipamentos - explica o professor Antônio Sobrinho, funcionário da Unidade de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade da Secretaria de Educação do Piauí.

O secretário de Inclusão Educacional do Ministério da Educação, Timothy Ireland, destaca que o "Yo sí puedo" é apenas mais um dos métodos aplicados no país:

- Vai ser mais um dos usados dentro do Programa Brasil Alfabetizado, junto com outras metodologias que cada parceiro adota na sua prática de alfabetização. Não existe um método que vai resolver o problema do analfabetismo, mas vários que refletem as diferentes culturas regionais. Esse é mais uma opção

Fonte:
http://oglobo.globo.com/online/educacao/plantao/2006/02/21/191931431.asp

21 fevereiro, 2006

Super lésbica

Minha Christine não dá moleza. Digo "minha Christine " porque estou sendo politicamente mais do que correto.

Até ontem a lésbica assumida, representava meu bairro na câmara municipal de Nova York.

Era a minha vereadora. Hoje, Christine Quinn foi eleita para líder da câmara e se tornou a lésbica mais poderosa de todo país, segundo uma citação no The New York Times. (Se é a lésbica mais poderosa dos Estados Unidos não seria também do universo?).

O prefeito Bloomberg conhece o calibre da minha representante. Em março do ano passado, ele anunciou com grande alarde a construção de um super estádio de futebol em Manhattan para o time dos Jets.

O projeto de 2 bilhões e 800 milhões de dólares tinha apoio de fortes grupos financeiros, poderosos sindicatos e geraria, além de milhares de empregos, milhões de dólares para a cidade.

Com o prestígio de Bloomberg em alta, o estádio parecia irresistível mas a minha Christine foi a primeira a dizer não: no meu quintal (o Terceiro distrito) nem vem que não tem. Bye bye estádio.

Christine já tinha confrontado donos de apartamentos que queriam aumentar alugueis e se distinguiu numa campanha contra a direita cristã que tentou assumir a direção das escolas de Nova York. Ganhou ambas paradas e várias outras.

Christine Quinn é uma democrata de 39 anos. Começou a carreira política como chefe da campanha de Tom Duane para a câmara municipal de Nova York.

Ele foi o primeiro vereador assumidamente gay e o primeiro com o vírus da aids em todo país.

Depois, como chefe de gabinete de Tom Duane, Christine reforçou suas conexões no influente Terceiro distrito que cobre o Greenwich Village, Chelsea, partes do Soho , Hells Kitchen e Murray Hill.

69 por cento da população do distrito é branca mas você não precisa do censo para saber que concentra o maior número de gays e lésbicas de Nova York.

O prefeito Bloomberg é um republicano que está com mais prestigio do que nunca inclusive entre os gays e lésbicas.

Apesar do estádio e outras divergências, Christine Quinn e Mike Bloomberg se tratam com admiração e elogios mas vão bater de frente. É inevitável. Não atacam por trás nem fogem de briga.

Mas aqui termino com uma duvida. Será que podemos dizer que ambos são dois machos no bom sentido? Passa pelo crivo da BBC?


Fonte:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2006/01/060105_lucasmendesrc.shtml

Prefeito Patinhas

O ano de 2005 foi bom para Nova York: sobraram US$ 3 bilhões no cofre da cidade.
Esta semana, o prefeito Michael Bloomberg nos explicou como vai gastar nosso dinheiro.


Raríssimo e, inédito na verdade, o plano do prefeito.

Vai colocar todo o dinheiro no porquinho.

Não vai gastar nem um centavo em novos ou velhos programas, nem nos devolver nada daquela tremenda garfada que nos deu em 2003 quando aprovou o maior aumento no imposto predial na história da cidade.

Este é meu quinto prefeito em Nova York e, de longe, o melhor deles.

Paga suas campanhas políticas com dinheiro do próprio bolso, não deve nem pede favores politicos, nomeia, promove e demite na base do mérito.

A cidade está mais segura do que nunca, mais limpa, as escolas melhoraram, os transportes públicos funcionam.

Quando Bloomberg assumiu o governo, em 2002, logo depois dos ataques às torres, Nova York estava num buraco financeiro sem saída à vista.

O prefeito nos diz que agora estamos bem, mas daqui a um ano vamos cair naquele mesmo buraco e por isto esta guardando os 3 bilhões no cofre.

O dinheiro vai ajudar a pagar os crescentes custos das pensões, planos de saúde e os juros dos empréstimos da cidade.

Você, com certeza, já ouviu esta história.

Cortar impostos é uma obsessão dos republicanos, a principal promessa deles em todas as campanhas.

Não gosto de pagar impostos, mas com o governo Bush fico sempre com a sensação de que estou sendo lesado.

Pago uma ninharia a menos de impostos federais mas as companhias de seguro e energia, grandes contribuintes dos políticos, me tomam o que deixei de pagar de impostos e muito mais.

Posso estar sendo um idiota, mas Bloomberg, que nunca tinha sido político até ser prefeito, me dá a impressão de que fala a verdade.

Se outro político pegasse US$3 bilhões que na realidade pertencem a nós, contribuintes, e dissesse que ia guardar para o futuro, haveria uma gritaria.

Com Bloomberg, ninguém deu um pio.

Fonte:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2006/02/060202_lucasmendesmv.shtml

Vassouras capitalistas

No espaço nobre da primeira página, o Wall Street Journal da semana passada descreve as domésticas brasileiras nos Estados Unidos como empregadas competentes, confiáveis, diplomadas e com tino capitalista.

Numa longa reportagem, o repórter do jornal de maior circulação nos Estados Unidos (há uma disputa mal resolvida com o USA. Today) visitou Framington, em Massachussetts, onde os brasileiros já representam um quarto da população de 67 mil habitantes.

O cheiro do pão de queijo perfuma várias ruas da cidade. As diaristas brasileiras vivem, mas não trabalham em Framington.

Elas fazem limpezas nos subúrbios ricos de Boston e são contratadas por outras brasileiras que chegaram há mais tempo na região e criaram suas empresas de prestação de serviços.

Elas controlam, compram e vendem às clientes americanas. As brasileiras donas das empresas ganham por volta de US$ 100 mil por ano e as empregadas ganham na faixa de US$ 30 mil a US$ 40 mil.

Ao contrário dos outros latinos, em geral semi-analfabetos, a grande maioria dos imigrantes brasileiros tem pelo menos curso secundário e muitos falam inglês, mas já há resistência à presença deles.

Grupos anti-imigrantes dizem que eles não pagam impostos e que os filhos estudam de graça nas escolas públicas a um custo de US$ 10 mil por ano para o contribuinte.

Na década de 70, fiz uma reportagem sobre cinco diaristas de Manhattan. Eram pioneiras.

Duas tinham cursos universitários, e uma delas mais tarde foi reitora de faculdade em Minas Gerais.

Não sei quantas empregadas passaram pela minha casa. Três delas moraram lá pelo menos quatro anos cuidando das crianças e do apartamento.

Economizavam uns US$ 10 mil por ano embaixo do colchão ou nas malas.

Todas tinham mais de 50 anos, nenhuma tinha diploma, nem do secundário, mas as três voltaram para o Brasil com dinheiro suficiente para comprar apartamentos de US$ 30 mil a 40 mil.

Hoje, a maioria vem para ficar e a vassoura é só um trampolim para um emprego melhor ou para criar a própria empresa.

Em Manhattan, quem limpa dois ou três apartamentos por dia ganha entre US$ 200 e US$ 300 livres de impostos. É renda de classe média afluente.

Pago a diarista US$ 80 pelas 3 horas que faz limpeza no apartamento. Trabalha em vários outros apartamentos. Ela conseguiu sustentar o curso do filho numa boa faculdade de economia no Brasil e todos anos ele vem a Nova York estudar inglês e passar férias.

Esta afluência tem um preço.

As empregadas trabalham sem documentos legais, sem seguro médico nem aposentadoria e sempre com medo de prisão e deportação pelo serviço de imigração. Basta uma queixa de uma patroa.

Fonte:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2006/02/060221_lucasmendesrc.shtml

Educado e cortês, o primeiro passo para ser considerado chato! Quem entende?

21/02/2006 - 14h59m
Britânicos são os mais chatos, diz pesquisa

O Globo

RIO - A Grã-Bretanha foi eleita a nação favorita no mundo, embora os britânicos tenham sido considerados "os mais chatos", segundo uma pesquisa divulgada hoje.

A pesquisa da empresa de marketing GMI e do especialista Simon Anholt foi feita com 25.907 pessoas de 35 países e concluiu que o país é o preferido por sua cultura, sua população e seu potencial turístico. Levou em conta também a popularidade do país como lugar pra investir ou emigrar.

Os britânicos foram considerados os mais educados e corteses do mundo, embora também os mais chatos.

As informações são da Ansa.

Fonte:
http://oglobo.globo.com/online/mundo/plantao/2006/02/21/191930885.asp




Comentário:

As pessoas gostam de estar com pessoas expansivas mas evasivas, tagarelas mas inócuos, um pouco bicho e um pouco homem, um pouco santo e um pouco oco, um ponto vulgar e um pouco sublime, e mais alguns bons adjetivos. A pior maneira de se 'conquistar' amigos é ser virtuoso demais. Pois as pessoas gostam da vulgaridade, da blasfêmia, da luxúria, enfim, do que os puritanos chamam de pecados... Aja hipocrisia. A maioria que ultrapassa a linha do que é chamado 'lado bom', sabe sair na hora certa, mas não com os dois pés. Sabe um nome que se dá para isto? Flexibilidade, jogo de cintura, equilíbrio, etc... Um monte de eufemismos.
Os que não entram nestas duas categorias, estão naquelas pessoas que tem luz própria, aliás, elas nem pisam no chão de tão leves que são. Dizem até que vão embora mais cedo...Qual das categorias que me encaixo? Daquelas que não sabem saltitar com um pé só entre uma linha e outra, ou estou num lado só. A pesquisa sustenta a minha tese empírica, que todos gostariam de ser bem tratados e bem servidos, por isso a escolha de um país com as características da Inglaterra e também sua classificação como o país com o povo mais chato do mundo.

Quanto custa a reacreditar num sonho?

Diante das duas reportagens abaixo, a primeira, criticando o uso 'eleitoreiro' de uma viagem espacial, e que o dinheiro seja usado para financiar as pesquisas de um satélite brasileiro, sendo 100% brasileiro.

O que me espanta é que o conceito de 100% brasileiro implica que tudo o que foi inventado deva ser substituído por outra 'coisa', pelo simples fato de ser feito no Brasil? A Embraer é uma das empresas líderes de venda nos modelos domésticos, e apesar disto, não constrói todos os componentes do painel! Será que os cientistas não estão sendo um pouco demasiados ufanistas?

Para um país que para a maioria das crianças de 'pés descalços' a referência para eles sejam jogadores de futebol, que apesar também do talento e criatividade, a ciência também se faz com horas sentado a uma mesa estudando. E para isto, referências fora de um círculo que não seja só a bola de futebol, o círculo do meio de campo e os belos estádios como a Maracanã e Mineirão, também são bem vindos. Estes novos círculos, mais sólidos, arredondados são a Terra e a Lua. E o nome do novo jogador para nós brasileiros é o "astronauta", ou "cosmonauta" para os russos.
Pode parecer desperdício de dinheiro público, imagino que quando eu era pequeno, muitos garotos gostariam de ser astronautas, construímos foguetes ou aviões para nossos sonhos. Ensinaram-me que Deus estaria nos céus. Quando o homem atingiu a Lua, ele transpassou estes céus. Perguntei para minha mãe: "O astronauta conseguiu ver Deus?". Minha mãe respondeu-me que não. Isto me deixou mais com dúvidas, pois qualquer criança sabe intuitivamente que as nuvens estão mais próximas de nós que a Lua. Então onde estava Deus quando o foguete passou? Esta interessante pergunta de criança já estava respondida há pelo menos 2000 anos, pelo primeiro a viajar entre estes mundos. Ele disse: "Estou em todos os lugares, levante uma pedra e lá estarei...". Depois muita gente deturpou o que disse, em benefício próprio certamente.Mesmo que não houvesse um astronauta brasileiro, tenho certeza que muitas crianças ainda continuariam a sonhar em serem astronautas um dia, mesmo nosso país não dispondo de tanta tecnologia. Mas assim como sabemos que 'Papai Noel' não existe, dizer que não podemos ter um astronauta brasileiro, é tirar o sonho de uma criança, digo, muitas crianças. Para um país que tem tanta tecnologia e foi capaz de ter tantos astronautas, nos parece inacreditável que tantos hoje tem a ciência como descrédito ou não acreditar na teoria da evolução das espécies. Agarra-se a preconceitos medievais ou novos dogmas pseudocientíficos. Pergunte a qualquer criança quanto custa ser um astronauta, ela te responderá que não custa nada, pois sonhar não custa nada. Mas depois de destruir o sonho, pergunte para qualquer um quanto custa reacreditar num sonho.

Veja abaixo as reportagens:


Rio, 21 de fevereiro de 2006

Desperdício espacial

Com um custo estimado entre US$ 10 milhões e US$ 15 milhões — a ser pago com o escasso dinheiro público — a primeira viagem de um brasileiro ao espaço é alvo de justificada polêmica entre cientistas. Não faltam críticas.

Para O presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Ennio Candotti, por exemplo, seria muito mais proveitoso para a ciência e para o Brasil que esse dinheiro fosse empregado no desenvolvimento de um satélite 100% brasileiro.

E o contato que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai fazer com o astronauta Marcos Pontes, quando este estiver no espaço, faz temer ainda que a viagem acabe sendo utilizada para fins político-eleitorais.

Fonte:
http://oglobo.globo.com/jornal/mundo/191927892.asp


Rio, 21 de fevereiro de 2006

Cientistas pedem a religiosos para defender evolução

Roberta Jansen
Enviada especial

ST. LOUIS, Missouri. Cientistas reunidos no Encontro Anual da Sociedade Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês) fizeram ontem um apelo às lideranças religiosas de todo o mundo para que os ajudem a combater políticas que interferem no ensino da teoria da evolução.

Os especialistas reunidos em St. Louis, Missouri, divulgaram ontem um comunicado no qual criticam o ensino do projeto inteligente nas aulas de ciência que vem sendo adotado em alguns estados americanos. Para eles, a matéria interfere na formação científica das crianças. Os partidários do criacionismo e seu projeto inteligente defendem a idéia de que a vida é muito complexa para ter se desenvolvido sozinha e que, portanto, haveria um “projetista” por trás.

— Essas tentativas de misturar religião nas aulas de ciência são danosas para estudantes, pais, professores e todos que pagam impostos — sustentou o presidente da AAAS, Gilbert Omenn. — É tempo de reconhecer que ciência e religião não podem nunca ser colocadas uma contra a outra. Elas podem e devem coexistir no contexto da vida da maioria das pessoas. Mas não nas aulas de ciência, vamos confundir as crianças com isso — apontou.

Para Omenn, o ensino do criacionismo impede que os alunos tenham uma educação adequada e vai prejudicar a economia americana.

ROBERTA JANSEN viajou a convite da Sociedade Americana para o Avanço da Ciência

Fonte:
http://oglobo.globo.com/jornal/ciencia/191926952.asp

Administração árabe de portos americanos faz Bush sofrer ataques de republicanos

Bush Abin alega que não sabia das transações com as empresas árabes.
21/02/2006 - 11h31m


Agências Internacionais

WASHINGTON - O presidente George W. Bush está sofrendo ataques de todos os lados para impedir um acordo que mantém uma empresa dos Emirados Árabes Unidos na administração de seis portos dos Estados Unidos.

São os portos de Nova York, Nova Jersey, Filadélfia, Baltimore, Miami e Nova Orleans. As transações comerciais são gerenciadas pela Peninsular and Oriental Steam Navigation Company (P&O), baseada na Grã-Bretanha, que foi adquirida pela Dubai Ports World, de Dubai.

Republicanos dizem que o acordo só pode ser fechado depois de investigação que inclua os portos de Dubai.

Para o presidente do comitê do Senado que supervisiona o Departamento de Segurança Interna, o republicano Peter King, o contrato deve ser congelado já, para que todos os seus aspectos sejam revistos.

O ex-secretário do departamento, Tom Ridge, também criticou o acordo. Disse que as preocupações são legítimas. Já o atual presidente, Michael Chertoff, defendeu o acordo.

Bush diz que os Emirados são peça-chave na luta contra o terror.

Os críticos dizem que de lá saíram seqüestradores dos aviões usados nos ataques de 11 de setembro de 2001 e pelo país passaram fundos que bancaram a operação terrorista.

Governadores republicanos como George Pataki, de Nova York, estão ameaçando entrar na Justiça para desfazer o acordo.

Já o ex-presidente Jimmy Carter, um democrata, não vê problema na nova administração.

Um senador democrata, Robert Menendez, de Nova Jersey, quer apresentar um projeto de lei que proíba a venda da administração comercial dos portos a empresas estrangeiras.

Bush não sabia do acordo, até a confusão começar.

Fonte:
http://oglobo.globo.com/online/mundo/plantao/2006/02/21/191928808.asp

Pesquisa indica que fome pode ajudar a memória

Uma pesquisa americana publicada pela revista Nature Neuroscience sugere que pode ser melhor estudar ou fazer provas com o estômago vazio, já que a fome pode ajudar na criação e na recuperação de memórias.

Os cientistas da Yale University descobriram que o hormônio ghrelin, ligado à sensação de fome, pode aumentar o número de conexões na área do cérebro onde as memórias são formadas.

O estudo dá esperanças para o possível desenvolvimento de remédios para tratar pessoas com dificuldades de aprendizado e memória ou com doenças como Alzheimer.

O hormônio ghrelin é liberado pelo estômago vazio para a circulação e ativa receptores no cérebro.

Sensação de fome

Os cientistas já sabiam que o hormônio agia numa área do cérebro chamada hipotálamo para criar a sensação de fome. Porém o efeito do hormônio em outras partes do cérebro ainda era um mistério.

A equipe de Yale descobriu que ele parece ter um impacto no funcionamento de uma segunda área conhecida como hipocampo, que é considerada essencial para o aprendizado.

Os pesquisadores descobriram que camundongos criados sem o gene do ghrelin tinham 25% menos conexões entre as células nervosas nesta área.

Eles também verificaram que ao injetar camundongos normais com ghrelin extra eles aumentavam o número de sinapses (ligações entre as células nervosas) no hipocampo – e melhoravam o desempenho dos animais em diversos testes de aprendizado e memória.

“O estudo provê evidências de que o ghrelin pode controlar funções importantes do cérebro e pode representar uma ligação molecular entre as capacidades de aprendizado e o metabolismo energético”, diz o texto publicado pelos pesquisadores.

Os cientistas dizem que pode ser possível usar o hormônio para desenvolver novas drogas para combater problemas de aprendizado e memória, mas advertem que o ganho de peso poderia ser um efeito colateral.

Fonte:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/story/2006/02/060220_fomememoriarw.shtml

Novas doenças 'aparecem a uma velocidade excepcional'

Cientistas reunidos num congresso em St. Louis, nos Estados Unidos, advertiram que novas doenças infecciosas estão aparecendo a uma velocidade excepcional, com os seres humanos acumulando cerca de um novo elemento patogênico por ano.

Segundo disse um dos cientistas à BBC, isso significa que as agências oficiais e os governos têm que trabalhar mais duro do que nunca para enfrentar as ameaças.

A maioria das novas doenças aparecidas nos últimos anos, como a gripe aviária ou a Aids, está vindo de outros animais.

“Essa acumulação de novos elementos patogênicos tem acontecido há milênios – foi assim que adquirimos a tuberculose, a malária e o sarampo”, disse o epidemiologista Mark Woolhouse, da Universidade de Edimburgo, na Escócia.

“Mas, no momento, essa acumulação parece estar indo rápido demais”, disse ele.

“Então parece que há algo de especial sobre os tempos modernos – eles são tempos bons para os elementos patogênicos invadirem a população humana”, completou.

Novos agentes

Woolhouse catalogou mais de 1,4 mil agentes diferentes de doenças em humanos. A cada ano, os cientistas estão descobrindo um ou dois novos agentes.

Alguns deles podem estar ativos há tempos, mas somente agora foram descobertos. Outros, que apareceram recentemente, são completamente novos, como o HIV, o vírus da Sars e o agente causador da doença da vaca louca.

A diferença hoje, segundo os pesquisadores, é que os seres humanos estão interagindo com animais no seu ambiente.

Mudanças no uso da terra por meio do desflorestamento, por exemplo, podem levar os humanos a entrar em contato com novos elementos patogênicos. Outras mudanças na agricultura, como a criação de animais exóticos, têm efeito parecido.

Outros elementos importantes incluem as viagens internacionais, o comércio global e a hospitalização.

Disseminação

A velocidade rápida na qual os elementos patogênicos estão aparecendo significam que os especialistas em saúde pública precisarão trabalhar mais duro do que nunca para controlar a disseminação de novas ameaças.

“O tipo de imagem do qual eu quero me distanciar é a famosa declaração dos anos 1960 quando o Cirurgião Geral dos Estados Unidos (cargo do segundo escalão da secretaria da Saúde) disse que ‘as doenças estão vencidas’”, disse Woolhouse.

“Os elementos patogênicos estão desenvolvendo maneiras de combater nossos métodos de controle. A figura está mudando e parece que vai continuar a mudar”, disse. “Vamos ter que correr o mais rápido possível para ficar no mesmo lugar.”

“Precisamos de vigilância. A vigilância na maior parte do mundo contra doenças infecciosas é bastante deficiente – particularmente a vigilância para doenças infecciosas em animais.”

Fonte:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2006/02/060220_doencasnovasrw.shtml

A ponte entre a Ciência e a Religião

Transcrição completa da entrevista concedida pelo físico Amit Goswami
ao programa "Roda Viva" da TV Cultura.


O Roda Viva entrevista o físico nuclear indiano AMIT GOSWAMI.
Considerado um importante cientista da atualidade ele tem instigado
os meios acadêmicos com sua busca de uma ponte entre a ciência e a
espiritualidade. Amit Goswami vive nos Estados Unidos. É PHD em
física quântica e professor titular de física da Universidade de
Oregon. Há mais de quinze anos está envolvido em estudos que buscam
construir o ponto de união entre a física quântica e a
espiritualidade. Já foi rotulado de místico, pela comunidade
científica, e acabou acalmando os críticos através de várias
publicações técnicas a respeito de suas idéias. Em seu livro O
UNIVERSO AUTOCONSCIENTE - publicado no Brasil - ele procura
demonstrar que o Universo é matematicamente inconsistente sem a
existência de um conjunto superior - no caso, DEUS. E diz que, se
esses estudos se desenvolverem, logo no início do terceiro milênio
Deus será objeto de ciência e não mais de religião.

A bancada de entrevistadores será formada por Mário Sérgio Cortella,
filósofo e dir.em educação, prof. do Depto. Teologia e ciências
religião da Puc SP; Cláudio Renato Weber Abramo, jornalista e mestre
em filosofia da ciência; Pierre Weil, educador e reitor da
Universidade Holísitica Internacional de Brasília; Rose Marie Muraro,
escritora e editora; Leonor Lia Beatriz Diskin Pawlowicz, jornalista
e Pres.da Assoc. Palas Athena; Joel Sales Giglio, psiquiatra, ex
chefe do Depto.de Psic. Médica e psiquiatria da Unicamp, analista
junguiano da Assoc. Junguiana do Brasil e membro da International
Assossiation for Analitical Psychology; Carlos Ziller Camenietzki,
físico, dr. em filosofia e pesquisador do Museu de Astronomia do Min.
da Ciência e Tecnologia.

Heródoto Barbeiro: Dr. Amit Goswami, Boa Noite. Inicialmente eu
gostaria que o senhor dissesse aos telespectadores da TV Cultura, que
ao longo do século XX os cientistas estiveram ligados muito mais ao
materialismo do que à religiosidade. A impressão que eu tenho é que
nessa virada para o século XXI, essas coisas estão mudando. O senhor
poderia nos explicar o porque dessa aproximação entre a ciência e a
espiritualidade?

Amit Goswami: Com prazer. Esta mudança da ciência, de uma visão
materialista para uma visão espiritualista, foi quase totalmente
devida ao advento da Física Quântica. Ao mesmo tempo, houve algumas
mudanças em Psicologia transpessoal, em Biologia evolucionista, e em
medicina. Mas acho que é correto dizer que a revolução que a Física
Quântica causou na Física, na virada do século, seria baseada nessas
transições contínuas, não apenas movimento contínuo, mas também
descontínuo. Não localidade. Não apenas transferência local de
informações, mas transferência não-local de informações. E,
finalmente, o conceito de causalidade descendente. É um conceito
interessante, pois os físicos sempre acreditaram que a causalidade
subia a partir da base: partículas elementares, átomos, para
moléculas, para células, para cérebro. E o cérebro é tudo. O cérebro
nos dá consciência, inteligência, todas essas coisas. Mas
descobrimos, na Física Quântica que a consciência é necessária, o
observador é necessário. É o observador que converte as ondas de
possibilidades, os objetos quânticos, em eventos e objetos reais.
Essa idéia de que a consciência é um produto do cérebro nos cria
paradoxos. Em vez disso, cresceu a idéia de que é a consciência que
também é causal. Assim, cresceu a idéia da causalidade descendente.
Eu diria que a revolução que a Física Quântica trouxe, com três
conceitos revolucionários, movimento descontínuo, interconectividade
não-localizada e, finalmente, somando-se ao conceito de causalidade
ascendente da ciência newtoniana normal, o conceito de causalidade
descendente, a consciência escolhendo entre as possibilidades, o
evento real. Esses são os três conceitos revolucionários. Então, se
houver causalidade descendente, se pudermos identificar essa
causalidade descendente como algo que está acima da visão
materialista do mundo, então Deus tem um ponto de entrada. Agora
sabemos como Deus, se quiser, a consciência, interage com o mundo:
através da escolha das possibilidades quânticas.

Rose Marie Muraro: O que mais me espanta na Física é o problema da
medição quântica de Heisemberg, que você, realmente, acha que deve
ter um observador olhando e que modifica a realidade, por exemplo,
transforma a onda em partícula. Eu gostaria de saber... isso aí houve
uma grande briga de Einstein com Niels Bohr. Eu gostaria de saber, em
escala cósmica, onde não há observadores, se há um observador
supremo, na sua opinião, e se ele cria matéria ou como se faz esse
fenômeno?

Amit Goswami: Essa é a questão fundamental, Rose Marie, porque.. qual
é o papel do observador? É a pergunta que abre a integração entre
Física e espiritualidade. Na Física Quântica, por sete décadas,
tentou-se negar o observador. De alguma forma, achava-se que a Física
deveria ser objetiva. Se dessem um papel ao observador, a Física não
seria mais objetiva. A famosa disputa entre Böhr e Einstein, a que se
refere essa disputa, basicamente, sempre terminava com Bohr ganhando
a discussão, mostrando que não há fenômeno no mundo a menos que ele
seja registrado. Bohr não usou a consciência.. mas atualmente, vem
crescendo o consenso, muito lentamente, de que a Física Quântica não
está completa, a menos que concordemos que nenhum fenômeno é um
fenômeno, a menos que seja registrado por um observador, na
consciência de um observador. E isso se tornou a base da nova
ciência. É a ciência que, aos poucos, mas com certeza, vem integrando
os conceitos científicos e espirituais.

Cláudio Abramo: Em sua fala inicial, o senhor mencionou, deu como
fato, que teria crescido a idéia de que haveria uma causalidade no
sentido inverso àqueles do tradicional que se considera, e daí saltou
para a afirmação de que isso abriria a porta para a entrada de Deus.
A minha pergunta se divide em duas. Em primeiro lugar, essa idéia
cresceu aonde? Quem, além do senhor, defende esse tipo de visão de
mundo? E... dois, o porque Deus entrou aí nessa equação?

Amit Goswami: Na Física Quântica há um movimento contínuo. A Física
Quântica prevê isso. Não há dúvida que a Matemática Quântica é muito
capaz, muito competente, e ela prevê o desenvolvimento de ondas de
possibilidades, a matéria é retratada como ondas de possibilidades. O
modo como elas se espalham é totalmente previsto pela Física
Quântica. Mas agora temos probabilidades de possibilidades. Nenhum
evento real é previsto pela Física Quântica. Para conectar a Física
Quântica a observações reais, embora não vejamos possibilidades e
probabilidades, na verdade vemos realidades. Esse é o problema das
medições quânticas. E luta-se com esse problema há décadas, como eu
já disse, mas nenhuma solução materialista, uma solução mantida
dentro da primazia da matéria foi bem sucedida. Por outro lado, se
considerarmos que é a consciência que escolhe entre as
possibilidades, teremos uma resposta, mas a resposta não é
matemática. Teremos de sair da matemática. Não existe Matemática
Quântica para este evento de mudança de possibilidades em eventos
reais, que os físicos chamam de `colapso da onda de possibilidade em
realidade'. É essa descontinuidade do colapso que nos obriga a buscar
uma resposta fora da Física. O que é interessante é que se
postularmos que a consciência, o observador, causa o colapso da onda
de possibilidades, escolhendo a realidade que está ocorrendo, podemos
fazer a pergunta: qual é a natureza da consciência? E encontraremos
uma resposta surpreendente. Essa consciência que escolhe e causa o
colapso da onda de possibilidades não é a consciência individual do
observador. Em vez disso, é uma consciência cósmica. O observador não
causa o colapso em um estado de consciência normal, mas em um estado
de consciência anormal, no qual ele é parte da consciência cósmica.
Isso é muito interessante. O que é a consciência cósmica diante do
conceito de Deus, do qual os místicos e teólogos falam?

Mário Cortella: Uma questão para o doutor Amit que é a seguinte: o
senhor é originado de uma cultura, que é a cultura da Índia, onde o
hinduísmo, como religião, tem uma profusão de deuses ou de
divindades, ou de deidades. Alguns chegam a falar em 300 milhões de
deidades dentro da religião hindu. De outro lado, seu pai foi um guru
brâmane, o senhor tem um irmão que é filósofo. Esta mescla de
situações induziu no senhor uma compreensão em relação a um ponto de
chegada, na religião, partindo da Física, ou o senhor já partiu da
religião e, por isso, chegou até a Física e supõe que a Física
Quântica é uma das formas de praticar teologia?

Amit Goswami: Obrigado pela pergunta, porque costumam me perguntar se
minha formação como indiano hindu afeta o modo como pratico a Física.
Na verdade, fui materialista por um bom tempo. Fui físico
materialista dos 14 anos de idade até cerca de 45 anos. O
materialismo foi importante para mim. Eu trabalhei com ele, filosofei
nele, cresci nele. Eu obtive sucesso em Física dentro da Física
materialista. Mas quando comecei a trabalhar no problema da medição
quântica, eu realmente tentei resolvê-lo dentro do materialismo.
Enquanto todos nós trabalhávamos, falei com muitos físicos que
trabalhavam no problema (este é o problema mais estudado da Física,
um dos mais estudados). E todos tentávamos resolver este paradoxo: se
a consciência é um fenômeno cerebral, obedece à Física Quântica, como
a observação consciente de um evento pode causar o colapso da onda de
possibilidades levando ao evento real que estamos vendo? A
consciência em si é uma possibilidade. Possibilidade não pode causar
um colapso na possibilidade. Assim, eu tive de abandonar esse
pensamento materialista. Embora fosse interessante, em minha vida
pessoal eu sentia necessidade de mudar. Alguns consideraram uma
transição de meia-idade, e os dois problemas, crescimento na vida
pessoal e o problema da medição quântica, se confundiram, e eu
comecei a ver a consciência não apenas como um problema físico, mas
também como um problema pessoal. O que é que deixa alguém feliz? Qual
é a natureza da consciência, da qual as pessoas falam quando se pensa
além do materialismo? Então, comecei a meditar e a me aproximar de
alguns místicos, e isso ajudou. E um dia, quando falava com um
místico, e ele me dava a tradicional visão mística do mundo, que eu
já ouvira muitas vezes antes, mas, de algum modo, essa conversa
causou uma nova impressão em mim. Eu pude ver, eu realmente vi além
do pensamento, tive a percepção de que a consciência é a base do ser,
e essa percepção soluciona o problema da medição quântica. Não só
isso: pode ser usada como base para a ciência. Normalmente, os
cientistas presumem que a ciência deve ser objetiva, etc, mas eu vi,
naquele momento, que a ciência deve ser objetiva até um certo ponto.
Eu chamo de objetividade fraca, mas isso pode ser alcançado nessa
nova Metafísica. Consciência é a base de todos os seres. Então, para
mim, foi o contrário, eu fui da Física para a espiritualidade, sob o
aspecto da Física. Porque minha formação espiritual, embora em
retrospecto, eu possa dizer que foi saudável, deve ter sido, como
Freud diria, no subconsciente. Mas conscientemente foi o oposto. Eu
vim de uma questão muito inquietante, de como resolver um problema
físico, um problema do mundo, pois esse é o problema mais importante
do século XX. E a partir disso, esse salto conceitual, esse salto
quântico perceptivo me fez reconhecer que o modo como espiritualistas
vêem a consciência é o modo certo de ver a consciência. E esse modo
de ver a consciência resolve o problema da medição quântica. Ele nos
dá a base para uma nova ciência.

Carlos Ziller: Eu gostaria de fazer uma pergunta, dando um passo mais
atrás no sentido da própria Física clássica. Porque nós sabemos, hoje
em dia, que os fundadores da Física clássica, Newton, Déscartes e
outros grandes cientistas do século XVII, para eles, para os projetos
científicos que propunham, Deus era uma parte constitutiva
inseparável do mundo que eles imaginavam, seja como sendo quem
garantia a eficácia, eficiência, o funcionamento das leis do mundo,
seja como alguém que operava os próprios fenômenos naturais. Bom,
isso foi sendo afastado, expulso do mundo da ciência ao longo do
século XVIII, século XIX, ou século XX, talvez, até os anos 50 tenha
sido o ápice dessa questão, os cientistas, os físicos, sobretudo, não
gostavam totalmente nada de falar sobre esse assunto. Deus era um
problema. Talvez o seu estudo e a sua reflexão esteja tentando
recolocar no seu próprio lugar, pelo menos foi assim que eu
interpretei, algumas idéias do próprio século XVII, dos fundadores da
ciência moderna. Eu gostaria de saber se essa aproximação do Deus do
Newton, o que garantia que as leis naturais funcionavam, se esse Deus
tem algum paralelo com a consciência, supra-consciência que o senhor
propõe como sendo o princípio a partir do qual os fenômenos do mundo,
a realidade estaria constituída?

Amit Goswami: É uma pergunta muito boa. Os conceitos da Física
clássica, no início, não separavam Deus, como disse, mas então, aos
poucos, descobriu-se que Deus não era necessário. Depois que Deus
estabeleceu o movimento do mundo, ele passou a ser guardião de seu
jardim, e isso é o que a maioria dos físicos clássicos pode fazer.
Mas na Física Quântica, há o problema da medição. Como as
possibilidades tornam-se eventos reais, temos espaço para uma
consciência, e ela deve ser uma consciência cósmica. Há uma
semelhança com o modo como Deus é retratado, pelo menos na
subespiritualidade tradicional, não na mente popular. A mente popular
considera Deus um imperador, um super-humano sentado no céu. Essa
imagem de Deus não é científica, e espero que esteja claro que não
estamos falando em Deus dessa forma, mas Deus nessa consciência mais
cósmica, nessa forma mais estrutural. Esse tipo de Deus está
retornando porque, se voce se recorda, o debate entre teólogos e
cientistas sempre foi: Deus é o guardião ou Deus intervém? Teólogos
afirmam que Deus intervém nos seres biológicos. E então surgiu
Darwin. Foi um grande golpe nos teólogos, porque antes, apesar de
Newton, os teólogos podiam citar o exemplo da Biologia, cujo
propósito é muito óbvio, pelo menos, óbvio para a maioria. Mas a
teoria de Darwin foi um golpe porque se dizia que a evolução
ocorria... mas ela era natural? Darwin disse que ela era natural.
Oportunidade e necessidade. Não há necessidade de Deus na evolução e
não há necessidade de Deus na biologia. Então, no século XX, surgiu o
behaviorismo e a idéia de que temos livre-arbítrio subjetivo. Essa
idéia também foi superada, porque experimentos mostraram que somos
muito condicionados, não há livre-arbítrio. Contra tudo isso, vejam
só, a Física Quântica também cresceu ao mesmo tempo que o
behaviorismo, e a Física Quântica tem uma coisa peculiar: o princípio
da incerteza. O mundo não está determinado como imaginamos. Deus não
é o guardião. O princípio da incerteza levou à onda de
possibilidades, depois o colapso da onda de possibilidades para a
introdução da idéia do colapso da consciência. Paradoxalmente, fomos
criados contra essa idéia, mas nos anos 90, eu, Henry Stab, Fred
Allan Wolf, Nick Herbert, todos mostramos que esse paradoxo pode ser
resolvido. Não há paradoxo se presumirmos que a consciência que causa
o colapso da onda de possibilidades em eventos reais é uma
consciência cósmica. E o evento do colapso em si nos dá a separação
matéria-objeto do mundo. Assim, não só resolvemos o problema da
medição quântica como também demos uma nova resposta de como a
consciência de um torna-se várias. Como ela se divide em matérias e
objetos, para poder ver a si mesma. E essa idéia de que o mundo é um
jogo da consciência, um jogo de Deus, que é uma idéia muito mística,
voltou à tona. Então, podemos voltar à biologia. Deus intervém na
biologia? Deus intervém na vida das pessoas? Essas perguntas
continuam tendo respostas muito positivas. Vi, em um jornal sobre
Biologia evolucionista, que há muitos furos conhecidos na teoria
darwiniana. Esses furos são chamados sinais de pontuação. A teoria da
evolução de Darwin explica alguns estágios homeostáticos da evolução,
ou seja, como as espécies adaptam-se a mudanças ambientais. Mas não
explica como uma espécie torna-se outra. Essa especiação, mudança de
uma espécie em outra, é uma nova mudança na evolução, não está na
teoria de Darwin. Experimentalmente, isso é demonstrado em lacunas de
fósseis. Não temos uma continuidade de fósseis mostrando como um
réptil tornou-se um pássaro. A idéia é que sejam sinais de pontuação,
estágios muito rápidos de evolução. Eu sugiro que isto seja um salto
quântico, um salto quântico na evolução. Nesse salto quântico, a
consciência interveio, não de um modo subjetivo, de um modo
caprichoso, mas de um modo muito objetivo.. muito objetivo, e essas
idéias objetivas ficam claras com o trabalho de Rupert Sheldrake e
outros, o modo como isso pode ser objetivo. Mas, sem dúvida alguma,
há uma intervenção da causalidade descendente. Não se pode explicar a
Biologia evolucionista só com a causalidade ascendente. Essa é a
coisa mais interessante, a partir do pensamento original dos físicos
de que Deus deve ser o guardião, pois tudo pode ser explicado e tudo
é determinado, que não precisamos de Deus. Agora, estamos fechando o
círculo, e vemos que não só precisamos de Deus: há movimentos
descontínuos no mundo para os quais não existe explicação matemática
ou lógica. Ainda assim, é totalmente objetivo, não é arbitrário. Deus
age de forma objetiva, bem definida. A consciência cósmica não é
subjetiva, não é a consciência individual que afeta o mundo. Isso
ocorre de forma cósmica, podemos discutir objetivamente. A ciência
detém seu poder, sua objetividade e, ainda assim, temos agora a
descontinuidade, temos a interconectividade e podemos falar sobre
vários assuntos dos quais os místicos tradicionalmente falam.

Pierre Weil: Durante essa discussão eu me coloquei como educador do
ponto de vista do telespectador, e estou um pouco com medo de que
alguns já desligaram o aparelho diante do alto nível científico do
debate, que é necessário e indispensável. Eu queria ressaltar a
importância da sua presença aqui em termos mais simples. Para o
telespectador... tem telespectadores que acreditam em Deus, acreditam
em espiritualidade e tem outros que não acreditam em Deus, não
acreditam... são os materialistas versus os espiritualistas. Entre os
dois têm os que não sabem ou os que nem se interessem para isto.
Nestas três categorias, a sua presença aqui tem uma importância muito
grande. Ela tem uma importância porque nesse século que passou, nós
estivemos assistindo a três grandes movimentos: o primeiro movimento,
em que muitos espiritualistas, muitas pessoas que acreditavam em
Deus, abalados pelas "provas", pelas evidências da ciência, largaram
a religião e só acreditaram na matéria. E nisso foram até muitos
sacerdotes de várias religiões. Largaram a batina, largaram a sua fé
e se transformaram em protagonistas do materialismo. Estamos
assistindo, atualmente, a um movimento contrário. Eu tenho, por
exemplo, dois amigos meus. Um, Matew, grande biólogo francês, largou
a biologia e hoje ele é monge budista tibetano. O outro era
astrofísico, colega seu, largou a astrofísica e hoje ele é rabino.
Então estamos assistindo a um movimento contrário. A sua presença
aqui apresenta uma terceira saída, e que me parece a mais conveniente
e a mais razoável, a mais holística, que é a minha também. A sua,
como Física Quântica, fez com que, vindo do materialismo, não caísse
no extremo do espiritualismo, mas integrou os dois. Eu fiz isso
também como psicólogo, através da psicologia transpessoal... o senhor
através da Física Quântica, eu, através da Psicologia Transpessoal..
e nos encontramos muito bem e nos abraçamos o tempo todo. A minha
pergunta é uma pergunta pessoal: poderia contar para os
telespectadores, em termos mais simples, o que fez com que Amit
Goswami ficasse no meio do caminho e fizesse um encontro dentro dele,
da razão da Física, da razão materialista, e do outro lado, da
Intuição? Falou nos seus amigos místicos, mas pela minha experiência
eu sei que a segurança pela qual eu falo, não é apenas racional, ela
é baseada numa experiência chamada interior, chamada subjetiva, chame
como quiser, de luz, e de saber mais ou menos como que é esse mundo
espiritual. Qual é a sua experiência que fez com que unisse, na sua
pessoa, o lado masculino, racional, e o lado feminino, intuitivo,
sentimental? O que aconteceu com a sua pessoa? Eu acho que isso nos
vai reconciliar com os telespectadores.

Amit Goswami: Sim, obrigado. Esta é a questão fundamental. Às vezes,
eu digo que todos nós, todas as pessoas, espectadores, cientistas, o
orador, todos aqui, todos nós temos dois lados. Um é semelhante a
Newton, que quer entender tudo em termos de objetividades, ciências e
matemática, e o outro é William Blake, que é místico e ouve
diretamente, intuitivamente, e desenvolve seu retrato do mundo
baseado nessa percepção intuitiva. O que ocorre nessa integração, o
que ocorreu por um tempo, mesmo antes de essa integração começar, é
que começamos a entender a natureza da criatividade. E a falsa idéia
de que cientistas só trabalham com idéias racionais e matemáticas,
está, aos poucos, caindo. Einstein disse isso muito claramente: "Não
descobri a Teoria da Relatividade apenas com o pensamento racional".
As pessoas não levam a sério tais declarações. Mas Einstein falou
sério. Ele sabia que a criatividade era importante. Agora, quase cem
anos de pesquisas sobre criatividade estão mostrando que os
cientistas também dependem da intuição. Eles também dependem de
visões criativas para desenvolver sua ciência. Nem tudo é racional,
matemático; nem tudo é pensamento racional. Voce perguntou sobre
minha experiência pessoal. Eu já compartilhei a experiência
fundamental pessoal que tive quando troquei... nem devo dizer que
troquei, eu tive uma percepção. Não posso descrevê-la em termos de
espaço-tempo. Eu estava fora do espaço-tempo, experimentando
diretamente a consciência como a base do ser. É esse tipo de
experiência que dá a base para ficarmos convencidos, para termos
certeza de que a realidade é algo mais do que o espaço-tempo no mundo
em movimento faz parecer. Este é o escopo fundamental para o ponto de
encontro dos cientistas e espiritualistas. Porque os espiritualistas
ouviram esse chamado, essa intuição, muito antes. Os cientistas
também a ouviram. Mas por eles sempre expressarem suas percepções em
termos de lógica, em termos de razão, isso ocorre mais tarde. Eles
esquecem a origem de seu trabalho, a origem de sua percepção. Já para
os espiritualistas, a percepção leva à transformação do modo de vida.
Assim, eles nunca esquecem que foi a intuição que trouxe a
felicidade, foi ela que os fez quem são. Essa é a diferença.
Cientistas usam a intuição para desenvolver sistemas que estão fora
deles, o que chamo de criatividade externa. E isso torna-se uma
camuflagem dos verdadeiros mecanismos do mundo para eles. Enquanto
espiritualistas mantêm-se com a percepção, mudam suas vidas, e
incidentalmente, mudam o mundo externo. Mas eles sabem que aquela
percepção que tiveram é a coisa fundamental que gere o mundo. Para
eles, a consciência é cósmica, isto é algo determinado. Para os
cientistas, a mesma descoberta é possível, mas eles ignoram o chamado
e prestam mais atenção ao que ocorre no cenário externo. Acho que, se
todos nós compartilharmos isso, o mundo poderá mudar. Agradeço pela
pergunta. Estou disposto a compartilhar: escrevi um livro sobre
criatividade, no qual conto minhas histórias pessoais. Em todos os
meus livros conto minhas histórias pessoais. É importante
compartilharmos nossas histórias pessoais, e acabar com o mito de que
os cientistas são apenas pensadores racionais. Eles também têm
percepções que vão muito além do pensamento racional.

Heródoto Barbeiro: Doutor Goswami, o senhor falou muito em Deus
durante a primeira parte deste programa, e aqui no ocidente, quando
se fala em Deus, se imagina que exista o seu contraponto. E aqui no
ocidente se dá uma série de nomes a ele. Eu gostaria de saber como é
que o senhor explica essa... se o senhor concebe a existência desse
contraponto, dessas outras forças que não são necessariamente Deus.

Amit Goswami: Essa questão de Deus contra o Mal é interessante.
Segundo a visão da Física Quântica, existem as forças da criatividade
e as forças do condicionamento. Não falamos muito sobre isso, mas eu
defendo a idéia que a Física Quântica nos dá, de que é a consciência
cósmica que escolhe entre as possibilidades para trazer à realidade o
evento real que ocorre. A questão é: então temos de entrar nesse
estado incomum de consciência, no qual somos cósmicos, no qual
escolhemos e, então... como entrar nessa consciência individual na
qual somos uma pessoa? Na qual temos personalidade e caráter? Ao
trabalharmos com a matemática disso, descobrimos que essa condição
ocorre porque todas as nossas experiências aparecem após serem
refletidas no espelho da nossa memória, muitas vezes. É essa memória
que causa o condicionamento. Uma propensão a agir do modo como já agi
antes. Uma propensão para responder a estímulos do modo como já
respondi antes. Todas as pessoas sabem disso. Elas passam a manhã no
cabeleireiro e o marido volta para casa e diz: "O que há para o
almoço?", sem notar o novo penteado da esposa, o que é muito
irritante, tenho certeza. Mas esse condicionamento é o que nos torna
indivíduos. Então, a questão é que, na Física Quântica, vemos
claramente o papel da consciência cósmica, que eu chamo de "ser
quântico", no qual há criatividade, há forças criativas. E então
perdemos essa criatividade, ficamos condicionados. E o
condicionamento nos faz parecidos com máquinas. Assim, o mal maior
que a nova ciência nos traz é o condicionamento. Pois é ele que nos
faz esquecer a divindade que temos, o poder criativo que temos, a
força criativa que realmente representa o que buscamos quando
invocamos Deus. Mas isso também está incompleto. Essa questão pode
ser estudada mais a fundo e há um escopo maior, trazendo idéias como
emoções negativas e positivas. Assim, teremos uma exposição maior do
Bem contra o Mal. Mas, de fato, a consciência cósmica inclui tudo.
Esse é o conceito esotérico, não tanto exotérico, mas esotérico, por
trás de todas as religiões, de que há apenas Deus, e que o Bem e o
Mal são uma divisão, uma necessidade da criação, mas não é
fundamental, ou seja, o diabo não é igual a Deus; o diabo é uma
criação subseqüente. É útil pensarmos em termos de Bem e Mal mas, às
vezes, é preciso transcender isso, é preciso perceber que Deus é
tudo. Esse é o cenário que a Física Quântica defende.

Joel Giglio: Doutor Amit, eu sou psiquiatra, analista Junguiano,
formado pela Associação Junguiana do Brasil, e tenho muitas perguntas
a fazer ao senhor. Mas em vista do tempo e dos objetivos desse
programa, vou me centrar numa delas. Eu pensei muito, quando li seu
livro, em questões que ainda são incógnitas à nossa prática
psicoterápica. A questão do `insight'... O `insight' nós não sabemos,
em psicoterapia, quando ele vai acontecer, como vai acontecer. Ele
simplesmente aparece e quase que do nada, embora a gente intua que
o `insight' vá aparecer. A questão da criatividade... a questão da
sincronicidade... mas eu gostaria de fazer uma questão sobre os
arquétipos. O senhor menciona no seu livro, idéias de arquétipos de
objetos mentais. Cita Platão e cita Jung, que é o criador da
psicologia analítica, setor da psicologia onde eu me situo. A questão
que tem me perturbado muito é: os arquétipos evoluem, embora eles
estejam fora do eixo espaço-tempo? Alguns autores dizem que está
havendo uma evolução dos arquétipos. Quem fala isso, por exemplo, é
Sheldrake, que o senhor mencionou há pouco e que não é psicólogo, é
biólogo, mas que tem uma visão diferente dentro do campo da biologia.
Como é que a teoria da Física Quântica explicaria, supondo que os
arquétipos evoluem, a evolução dos próprios pensamentos arquetípicos,
por exemplo, a evolução do arquétipo de Deus, se é que ele está
evoluindo ou não. Essa questão... e muitos outros arquétipos, nós
supomos que estejam evoluindo sem anularem os arquétipos anteriores.

Amit Goswami: Obrigado pela pergunta. Sou um grande seguidor de Jung.
Acho que Jung foi dos precursores da integração que está ocorrendo
agora. Nos meus primeiros textos, eu citava muito a afirmação de Jung
de que, um dia, a Física Nuclear e a Psicologia se unirão. E acho que
Jung ficaria satisfeito com esta conversa e, em geral, com a
integração da Física e da Psicologia transpessoal que vemos hoje.
Isto posto, acredito no conceito de arquétipo de Jung, e acho que o
modo como Jung o apresentou, e Platão o apresentou, de que são
aspectos eternos da consciência, contextos eternos da consciência...
a consciência tem um corpo contextual no qual os arquétipos são
definidos e, então, eles governam o movimento do nosso pensamento.
Acho que é um conceito muito poderoso. Mas, ao mesmo tempo, na Física
Quântica, existe a idéia de que todos os corpos de consciência, tudo
o que pertence à consciência, inconsciência, são possibilidades. E
por causa disso, por tudo ser possibilidade, surge a questão: alguém
pode ir além de arquétipos fixos e considerar arquétipos
evolucionistas? Não se pode descartar o que Rupert tenta dizer. Houve
uma idéia semelhante, de Brian Josephson, um físico que publicou um
trabalho na Physical Review Letters, revista de grande prestígio,
dizendo que as leis da Física podem estar evoluindo. Da mesma forma,
outras pessoas, cientistas muito sérios, sugeriram que, talvez,
forças gravitacionais mudem com o tempo. Essa idéia de arquétipos
fixos é uma idéia muito importante. Eu a apóio totalmente. Mas também
vejo que na Física Quântica há espaço para a evolução dos arquétipos.
Não devemos descartar totalmente idéias que dizem que arquétipos
evoluíram. Ainda seremos capazes de determinar isso
experimentalmente. Obrigado pela pergunta.

Lia Diskin: O senhor manifesta certo interesse pelas questões éticas,
grande parte do final de sua obra se dedica a essa questão. O senhor
nos disse que há necessidade da participação da ambigüidade para dar
garantias de criatividade no campo ético. Entretanto, no mesmo
contexto, nos fala imediatamente das linhas e instruções éticas numa
obra monumental da tradição indiana que se chama "Bhagavad Gitâ". E
a "Bhagavad Gitâ" se inicia pelo pressuposto da instrução do mestre
para um discípulo, de que ele deve agir, de que ele deve entrar no
combate, que ele deve assumir sua parte de ação, porque pertence a
uma casta, a uma tradição de guerreiros, em que há ação da própria.
Como fica o livre-arbítrio, como fica a ambigüidade como necessidade
da criatividade dentro de um contexto de que existe um pressuposto,
obviamente não-ambíguo e não-escolhível, que não pôde escolher? O que
fazer... mas se está cominado a fazer, está cominado a agir? Como
será isso, Professor?

Amit Goswami: Acho que essa também é uma pergunta muito difícil,
muito sutil. Realmente, se considerarmos a ética compulsória, não
parece haver escolha. Mas a ética não é tão definida: é muito
ambígua. Lembro de uma história que o grande filósofo Jean-Paul
Sartre contava. Suponha que voce vá em uma expedição de natação, ou
melhor, de barco, e o barco afunde. Voce está com um amigo, voce sabe
nadar, mas ele não. Mas voce não é muito forte. Se tentar salvá-lo,
os dois podem morrer. Voce tem uma boa chance de se salvar, mas ama
seu amigo e seu dever ético com ele está muito claro. O que fazer?
Casos assim mostram claramente que há ambigüidade mesmo em decisões
éticas, em decisões morais. Na Física Quântica, é muito claro que
devemos esperar, e esperar pela intuição, ver se há um salto
quântico, uma resposta criativa como voce a chama, se uma resposta
criativa irá surgir. E é essa resposta criativa que é a resposta
correta para solucionar essa ambigüidade em questões éticas. Quando a
moralidade ou a ética são apresentadas como um conjunto de regras, e
as pessoas seguem essas regras, elas perdem essa parte ambígua e, por
causa disso, as regras perdem o sentido. Passa a ser um conjunto de
regras inútil, sem vida. Mas, se considerarmos a ética com vida, e
reconhecermos que temos um papel a desempenhar em todas as situações
éticas, temos um papel a desempenhar em termos de irmos para dentro
de nós, como as pessoas criativas fazem, combatendo isso, combatendo
a ambigüidade. Então, o salto quântico da percepção virá e vai-nos
permitir tomar a ação correta. É nisso que a Física Quântica está nos
ajudando, é nessa conclusão que ela está nos ajudando. E acho que
Sartre também buscava essa resposta porque a ética fixa é uma coisa
impossível de se seguir.

Cláudio Abramo: Eu vou, infelizmente, ter que me estender
ligeiramente na minha pergunta. Ela é precedida de uma declaração...
Vou fazer uma interpretação do que foi declarado até agora, que eu
acho que deve ser útil para os telespectadores. Não estou fazendo
isso para me expor, mas para esclarecer o que me parece ser algumas
questões importantes nesse debate para o telespectador. O
entrevistado faz menção a fenômenos inexplicados, a fenômenos
desviantes, entre diversas disciplinas. Começa com a Física, passa
pela Biologia, faz referência a problemas seculares com respeito à
consciência humana, ao livre-arbítrio, ao modo como raciocinamos, ao
modo como chegamos a conclusões, menciona casos como, por exemplo,
Einstein declarando, como tantos outros cientistas, que não sabe
muito bem como chegou a uma conclusão. Poincaré, antes dele, havia
escrito muito sobre isso... Poincaré era uma matemático, o último
grande matemático universalista francês... ele morreu no começo desse
século (XX). Bom, esse tipo de anedota é completamente comum na
ciência. Não há nenhuma originalidade nisso. Esse gênero de anedota,
repito, fenômenos inexplicados que são característicos da ciência...
a ciência quanto mais sabe, menos sabe... quanto mais a ciência sabe,
quanto mais fenômenos são explicados, mais avenidas de
desconhecimento se abrem. Um cientista diz "não sei" o tempo todo. Um
não-cientista explica tudo, porque sempre tem uma resposta do
tipo "todo abrangente" como é esta resposta. O fato de se ter isso,
para os telespectadores entenderem, o fato de se formular uma pseudo-
explicação a respeito de como o universo funciona não dá a essa
explicação, foros de verdade. Simplesmente declarar coisas não
confere verdade ao que se declara. Agora, no que o senhor declara
existe uma característica que eu acho bastante preocupante, ou pelo
menos intrigante, vinda de alguém conhecido aqui como Físico, como o
senhor declarou... o senhor foi.. o senhor foi Físico. O senhor diz,
em primeiro lugar, que aquilo que seria essa intervenção de uma
consciência cósmica, não é matematizável, quer dizer, isto não é
introdutível dentro da teoria física na forma como a teoria física
aceita as suas idéias. Não existe outra maneira de introduzir na
Física idéias senão a matemática. Não existe.. não é possível, não é
Física... se é não-matematizável, não é Física. Muito bem, então esta
idéia de consciência cósmica não é Física, quer dizer, certamente
nenhum Físico aceitará isso. Em segundo lugar, ela também, já que se
está falando de alguma coisa que existe no mundo, que é uma
consciência cósmica que se reflete na consciência das pessoas e faz
as pessoas fazerem saltos quânticos... o senhor não vai usar esse
termo, mas saltos quânticos em direção à solução de problemas... onde
é que estão as evidências empíricas disso? Onde estão as experiências
que levam a esse tipo de conclusão? Porque ou a gente pode ter
conhecimento do mundo que seja muito estruturado, como no caso da
Física, ou conhecimento do mundo pouco estruturado. Não existe uma
teoria, não existe um conjunto de idéias muito organizado por trás,
mas sabemos empiricamente que são verdadeiras, ou parecem
verdadeiras. Onde é que estão as evidências empíricas e onde está o
raciocínio, eu diria, desculpe a palavra, científico, que o leva a
declarar que existiria uma consciência cósmica que estaria governando
tudo e resolvendo todos os problemas aqui, da Biologia, da
Psicologia?... O senhor afirma que estas suas idéias explicariam o
problema da biologia evolucionista dos `gaps' na criação de espécies,
por exemplo. O senhor não acha ambicioso demais e, repito, onde é que
estão as evidências empíricas disso?

Amit Goswami: Boa pergunta. Pergunta muito boa. Precisamos sempre
fazer esta pergunta: onde está a evidência? Falarei da evidência mais
tarde. Antes, responderei à pergunta: a Física é matemática? Ela deve
ser totalmente matemática? Essa é uma crença que cresceu gradualmente
na Física, por causa do sucesso da matemática para expressar a
Física. Há duas coisas que devemos lembrar. Primeiro: não há motivo
para a Física ser matemática. Às vezes os filósofos levantam essa
questão. Nancy Cartwright escreveu um livro: Why do laws of Physics
lie. Ela estava argumentando que não há provas dentro da filosofia
materialista de que a Matemática deve governar as leis da Física. De
onde vem a Matemática? Pessoas como Richard Feynman, grande físico,
Eugene Bigner, todos estudaram a questão. E não há resposta dentro da
filosofia materialista. Platão tem uma resposta: a matemática molda a
Física porque surgiu antes da Física, faz parte do mundo arquetípico
que discutimos. Assim, o idealismo de Platão é fundamental para
entender o papel da Matemática na Física, em primeiro lugar. A Física
em si precisa de algo além da matéria, ou seja, da matemática e de
arquétipos para ser uma ciência consistente. É preciso se lembrar
disso. O segundo aspecto da questão é o mais importante. Na Física
Quântica, procuramos insistentemente uma forma matemática de encerrar
a Mecânica Quântica. Uma forma matemática para entender a medição
quântica. Não fomos capazes. Niels Bohr demonstrou para Erwin
Schrödinger, há muito tempo, quando a Mecânica Quântica estava sendo
desenvolvida. Schrödinger achou que tinha obtido a continuidade e
Bohr provou o contrário e o convenceu disso. E Schrödinger disse: "Se
eu soubesse que essa descontinuidade, saltos quânticos, iriam
permanecer, eu nunca teria descoberto a Mecânica Quântica". Bohr
disse: "Estamos felizes que tenha descoberto". Essas descontinuidades
vão continuar existindo, não há explicação matemática, e por não
haver explicação matemática, portanto, há espaço para o livre-
arbítrio. O livre-arbítrio, Deus, consciência, colapso, tudo isso
entrou para a Física porque atingimos o conhecimento, a sabedoria, de
que existe o princípio da incerteza, existem a probabilidade e
possibilidades. E por existirem probabilidade e possibilidades, deve
haver um agente que causa o colapso das possibilidades em eventos
reais. E esse agente não pode ser matemático porque, se for, não
poderá haver livre-arbítrio: seria determinista. Mas não é
determinista. O princípio da incerteza é fundamental. Assim, nós
chegamos à conclusão, após décadas de lutas nós conseguimos...

Cláudio Abramo: Quem é "nós"?

Amit Goswami: "Nós" quer dizer que há um consenso entre cientistas...

Cláudio Abramo: Há um consenso a respeito de suas idéias?

Amit Goswami: Não a respeito de minhas idéias. Esqueça as minhas
idéias. Mas há um consenso de que não há solução matemática para o
problema da medição quântica. Nisso, chegamos a um consenso. E por
não haver uma solução matemática para isso, e por haver uma solução
consistente em termos de consciência causando colapso de
possibilidades quânticas em realidade, podemos falar sobre essas
idéias publicamente. Quanto à segunda pergunta: Há evidência
empírica? Acontece que os dois aspectos fundamentais da nova física,
a consciência causa o colapso da possibilidade em realidade, e o
segundo, que essa consciência é uma consciência cósmica, os dois
aspectos foram confirmados por dados empíricos. Antes, darei os dados
para o segundo, porque é o mais simples para o espectador. O primeiro
é um pouco difícil. Talvez possamos incluir os dois. O primeiro
experimento é muito importante porque já foi aplicado. Em 1993 e
1994, o neurofisiologista mexicano Jacobo Greenberg Silberman, ele e
seus colaboradores fizeram um experimento, no qual havia dois
observadores meditando por 20 minutos, com o propósito de terem
comunicação direta. Comunicação direta no estilo de não-localidade.
Sinais não-locais ocorrendo entre eles, e ainda assim eles teriam
comunicação. Certo, eles meditaram juntos. Pediu-se que mantivessem o
estado meditativo durante o resto do experimento. Mas então, um deles
é levado para outro recinto. Eles ficam em câmaras de Faraday, onde
não é possível a comunicação eletromagnética. Os cérebros deles são
monitorados. Uma das pessoas vê uma série de `flashes' brilhantes, o
cérebro dele responde com atividade elétrica, obtém-se o potencial de
resposta muito claro, picos muito claros, fases muito claras. O
cérebro da outra pessoa mostra atividade, a partir da qual obtém-se
um potencial de transferência que é muito semelhante em força e 70%
idêntico em fases ao potencial de resposta da primeira pessoa. O mais
interessante é que, se voce pegar duas outras pessoas, duas pessoas
que não meditaram juntas, ou pessoas que não tinham a intenção de se
comunicar, para elas, não há potencial de transferência. Mas para
pessoas que meditam juntas, invariavelmente, muitas vezes, um em cada
quatro casos, obtemos o fenômeno de potencial de transferência. E
Peter Fenwick, na Inglaterra, há dois anos, confirmou isso, repetindo
o experimento. Assim, temos evidência empírica. Se tivéssemos tempo,
e voce tivesse paciência, eu poderia lhe dar inúmeros dados. Outro
dado que é muito interessante: considere o caso de geradores de
números aleatórios. Eles são realmente aparelhos quânticos, pois eles
pegam eventos radiativos, que são aleatórios, e os convertem em
seqüências de números, seqüências de zeros e uns. Em uma longa
cadeia, deve haver número igual de zeros e uns. É o que se espera da
sequência aleatória. Helmut Schmidt, um físico que pesquisa
parapsicologia, tenta há quase 20 anos, fazer com que médiuns
influenciem os geradores de números aleatórios para gerarem
sequências não-aleatórias, mais zeros que uns. E ao longo dos anos
ele conseguiu boas evidências de que, até certo ponto, os médiuns
conseguem fazer isso. Um resultado com um grande desvio. Isso ainda
não tem nada a ver com Física Quântica, mas recentemente, em um
trabalho publicado em 1993, Schmidt retratou uma modificação
revolucionária desses dados. O que ele fez, recentemente, é que o
gerador de números aleatórios, os dados do gerador de números, a
sequência, é armazenada num computador, ela é impressa, mas ninguém
olha. Os dados impressos são fechados num envelope e enviados para um
observador independente. Três meses depois, o observador, sem abrir o
envelope, escolhe o que quer ver, mais zeros ou mais uns. Tudo segue
um critério. Então ele liga para o pesquisador, o pesquisador diz ao
médium para olhar os dados, e pede a ele para mudar os resultados,
influenciá-los, se puder. E o médium tenta produzir mais zeros, se
esse for o desejo do observador. E então, o observador abre o
envelope e verifica se o médium conseguiu. E a incrível conclusão é
(é um resultado sério, não é fácil contestá-lo) que o médium, em 4 de
cada 5 tentativas, consegue mudar os números aleatórios gerados pelo
aparelho, mesmo após três meses. Este mito de que o pensamento causa
o colapso de si mesmo, que o colapso é objetivo, sem que o observador
consciente as veja, é apenas um mito. Nada acontece, tudo é uma
possibilidade até que o observador consciente veja. Numa experiência
controlada, as pessoas intervieram. As pessoas viram, sem contar a
ninguém, viram os dados, a impressão. Nesses casos, o médium não
influenciou os dados. Está claro que a consciência exerce um efeito,
exatamente como Bohr suspeitava, como Newman suspeitava. Agora
estamos fazendo teorias mais completas e experimentos mais completos
baseados nessas teorias. Henry Stab colaborou com todas essas idéias
que apresentei, consciência causando o colapso de funções quânticas
em eventos reais. Ele participou do experimento com Schmidt. Então,
estamos vendo uma mudança revolucionária na Física, não menos
revolucionária do que a acontecida com Copérnico. Claro que haverá
reações, como a que apresentou, e temos de ser muito pacientes,
calmos, e trabalharmos juntos para superar essas tendências
contrárias. Mas temos a certeza de que existe algo que todos devemos
olhar. Isso é revolucionário, é novo e pode mudar, como já
discutimos, as dificuldades com valores que a sociedade vem
enfrentando. Não vamos nos preocupar em como pode ser, mas vamos
olhar os dados, olhar a teoria e perguntar: pode ser? Se pode, que
oportunidade fantástica temos para integrar todos esses movimentos
díspares de consciência que nos separaram por tanto tempo.

Heródoto Barbeiro: Ele é autor também do livro "O universo
autoconsciente -Como a consciência cria o mundo material". Dr.
Goswami, dentro dessas explicações que o senhor nos deu até agora,
como fica a questão da reencarnação e da preservação dessa
consciência dos seres humanos?

Amit Goswami: A questão da reencarnação, provavelmente, é a pergunta
mais radical que pode ser feita. E é impressionante que a Física
Quântica nos permita dar uma resposta afirmativa. Eu mesmo fiquei tão
surpreso quanto qualquer um, com isto.. No início, quando me
perguntavam isso, eu me recusava a discutir. Mas então, eu acordei de
um sonho, e, basicamente, o sonho me dizia... eu ouvi isso no
sonho: "O Livro Tibetano dos Mortos está certo e seu trabalho é
provar". Após acordar desse sonho, eu passei a encarar reencarnação
com seriedade. Basicamente, o problema com a reencarnação é este: o
corpo físico morre, e o que resta? Se a consciência é a base do ser,
vem a idéia de que o que resta é a consciência. É a primeira pista. A
segunda pista é que tudo é possibilidade, no modo quântico de ver as
coisas. Então, não é irrelevante dizer que as possibilidades podem
viver. Algumas possibilidades morrem com o corpo material e o
cérebro, mas pode haver outras possibilidades, outras possibilidades
que se modificam ao longo da nossa vida, e essas modificações das
probabilidades das possibilidades podem formar uma confluência que
possa viver mais tarde na vida de outra pessoa. É essa idéia que pude
desenvolver de forma mais completa, num livro que será lançado no ano
que vem, e fico feliz em dizer que podemos lidar com essa questão. A
vantagem de se fazerem essas perguntas é que podemos ver
imediatamente a utilidade das novas ciências que virão. Porque são
essas coisas que preocupam as pessoas. As pessoas são
fundamentalmente incomodadas por perguntas como "o que acontecerá
quando eu morrer?". E se a nova Física puder responder essas
perguntas, a despeito da importância da Psicologia transpessoal, e da
Psicologia junguiana, em que a nova ciência ajuda, e também da
medicina alternativa, que nem discutimos ainda, acho que tocaremos o
coração das pessoas quando pudermos dizer: "Finalmente, a Ciência
pode ajudar a entender essa pergunta". Até agora, apenas o padre, o
teólogo pode dar qualquer resposta para a pessoa. E se pudermos dizer
a ela: "Faz sentido fazer essa pergunta, e voce pode fazer algo para
ajudar voce com o que acontecerá após a morte". Não seria um
progresso maravilhoso na ciência?

Joel Giglio: Professor Amit, eu vou fazer uma pergunta baseado no
trabalho de um ex-orientando de tese de doutoramento que eu orientei
na Universidade de Campinas, e que fez a primeira tese, pelo menos na
Unicamp, e talvez em qualquer universidade estadual ou federal do
Brasil, sobre parapsicologia. Ele fez uma tese sobre clarividência e
eu não vou, naturalmente, falar da metodologia do trabalho que seria
bastante extensa, mas resumir pelo menos os resultados principais.
Várias pessoas, vários sujeitos tentavam adivinhar as cartas de um
baralho de símbolos geométricos, baralho de Zener muito usado em
pesquisa e parapsicologia, e tentava adivinhar as cartas de um
baralho Tarô, que é baseado em imagens arquetípicas, o Rei, a Rainha,
etc. Nos resultados que foram feitos seguindo uma metodologia
tradicional, estatística, as pessoas acertaram, no baralho de Zener,
um pouquinho acima do que era esperado ao acaso e 10% acima no
baralho de Tarô, comparando com o de Zener. A explicação dada pelo
meu orientando foi dentro da teoria da Psicologia Analítica, em
relação aos arquétipos emergentes que, de uma certa forma, estariam
mobilizados mais no baralho de Tarô do que simplesmente no baralho de
símbolos geométricos. Mas essa explicação, embora nos satisfaça um
pouco, ainda deixa muito a desejar. Eu perguntaria se o senhor teria
alguma explicação a mais baseada na Teoria Quântica sobre essa maior
adivinhação das cartas do baralho do Tarô, que são símbolos
arquetípicos em relação ao baralho comum de Zener , que são cinco
símbolos geométricos, quadrado, circulo, etc.?

Amit Goswami: Sim. Obrigado pela pergunta. Na verdade, somente no
Brasil alguém pensaria em fazer um experimento tão brilhante. Tenho
visitado o Brasil nos últimos 5 anos e o futuro parece promissor. Eu
fico entusiasmado com a mente do brasileiro. Qual é a diferença entre
o experimento original de adivinhação de cartas e as cartas de Tarô?
A idéia que proponho, acho que voce pensa da mesma forma, é que
quando o objeto que usamos na telepatia é significativo, ele é um
objeto melhor. Os cientistas, os parapsicólogos anteriores
preocupavam-se demais com a objetividade e ignoravam esse aspecto.
Agora, nos novos experimentos parapsicológicos, espero usarmos cada
vez mais objetos significativos na transferência telepática. E voce
tem razão, a explicação completa tem de usar a palavra "telepatia",
tem de usar a transferência não-local de informações, neste caso,
transferência não-local de informações significativas, arquetípicas.
E esse é o motivo para os melhores resultados. Mas a não-localidade,
a não-localidade quântica, tem de ser evocada para se ter uma
explicação completa do que ocorreu. Obrigado.

Mario Cortella: Doutor Amit, eu juntei algumas questões nisso que eu
não vou tratar delas como perguntas, porque eu acho que na sua obra,
pelo menos no que eu pude ler, há um aprofundamento disso e uma
leitura mais detalhada ofereceria mais questões. Por exemplo, no
campo da psicanálise essa idéia de que o universo é quando é
percebido e até interferido, será que não seria uma postura um pouco
ego-narcísica da nossa parte, um pouco antropocêntrica em relação ao
próprio universo que dificulta a idéia de um cosmo, invertendo
Dostoievsky. Dostoievsky disse que se Deus não existe, tudo é
permitido. Nessa compreensão, parece que se Deus existe, aí é que
tudo é permitido, porque existe aí uma probabilidade que pode ser
interferida. E uma outra questão, que eu acho que está na sua obra
mas acho que vale aprofundamento, é o ateísmo metodológico, sendo que
foi tão caro para a ciência para poder buscar explicações, mas ele
não é mais necessário. Mais aí a questão de fundo: eu tenho lido, não
sei se é verdade, que a Física Quântica mostra que hoje o tempo é uma
ilusão. Alguns têm dito que não se fala mais em universo, mas em
multiverso, porque haveria vários universos paralelos. Isso traria um
problema: a possibilidade de viajar no tempo. A maior explicação que
achei até hoje contra a viagem no tempo, foi do Físico inglês,
Stephen Hawking, que usou um argumento lógico. Ele disse: "É
impossível viajar no tempo porque se um dia for possível isso, os
homens do futuro já teriam voltado". Mas a Física Quântica ao falar
em universos paralelos levanta a possibilidade de se ter o tempo como
uma mera ilusão humana. Isso me coloca a seguinte pergunta aí para o
senhor: será que nós chegaremos, com a Física Quântica, a voltar à
origem do cosmos e, aí sim, encontrar o princípio explicativo?

Amit Goswami: Bem, suas duas colocações são muito boas, e a pergunta
é extremamente fascinante. A primeira coisa que quero dizer é
que `não dizemos que tudo é possível' apenas por termos incluído aí a
consciência em nossas teorias, porque ainda estamos concordando
totalmente com a Física Quântica que a causalidade ascendente molda a
forma das possibilidades, a partir da qual a consciência escolhe.
Tanto a causalidade descendente, quanto a ascendente têm papel
fundamental na nova Física, na nova Ciência. Essa é uma das virtudes
que temos. A nova Ciência absorve a velha Ciência nos limites do
princípio da correspondência, no limite de que poderíamos falar
apenas em termos de probabilidades para um grande número de coisas e
eventos. A velha Ciência não desaparece. Não poderia. É solidamente
baseada em dados experimentais. A nova Ciência expande a velha
Ciência em arenas com as quais a velha Ciência não pode lidar. Como
eventos singulares de criação, criatividade. Esse é o primeiro ponto.
Sobre voltar no tempo, há experimentos quânticos. O mais famoso é o
experimento de Le Choice, mas é muito longo para explicar, e muito
complicado para os espectadores realmente apreciarem. Embora, se
alguém estiver interessado nele, há livros sobre ele. Leiam, por
favor, é fascinante. Há algo acontecendo. Essa idéia de voltar no
tempo é real na Física Quântica. Podemos ser afetados por coisas no
futuro, assim como somos afetados por coisas no passado. Na Física
Quântica, o tempo é não-linear. Isto posto, claro que experimentos
recentes são tão impressionantes, tão surpreendentes, que muitos
físicos convencionais, conservadores, procuram formas de viajar no
tempo. Mas acho que o consenso é que a viagem no tempo envolve muito
mais do que esta observação da Mecânica Quântica. Não podemos mais
descartá-la, mas ela envolve muito mais pois ainda temos sérios
problemas de como trazer os efeitos quânticos aos macrocorpos. Pois
os efeitos quânticos são muito destacados apenas em objetos
microscópicos, e não tão destacados em macro-objetos. A situação da
medição é uma exceção. Mas normalmente descobrimos apenas raios
`laser', supercondutores, poucas coisas, poucos macro-objetos
em que os efeitos quânticos persistem. Então temos de resolver esse
problema de como macrocorpos podem ser transportados pelo tempo, e
isso levará um tempo. Se a consciência voltar a essa equação, e ela
precisa voltar, em algum ponto, então, outra dimensão de pensamento
se abrirá e isso pode nos dar novas respostas, novas visões sobre
isso. Mas é muito prematuro falar sobre isso, acho.

Rose Marie: Eu sou muito interessada em história da tecnologia,
porque eu acho que através da tecnologia é que os sistemas econômicos
se desenvolvem, que cresce uma dominação de potências hegemônicas.
Isso vai muito na linha da pergunta do Cláudio Abramo. Eu sei que o
senhor está trabalhando na construção do primeiro computador
quântico. Eu quero perguntar uma coisa: o computador quântico dá
saltos quânticos, ele cria? Qual a diferença dele do computador
determinístico?

Amit Goswami: Essa é uma pergunta muito interessante. O que é um
computador quântico? Um computador quântico em vez de usar um
algoritmo específico, usa um algoritmo ambíguo. No computador
quântico é usada a superposição de possibilidades e, dessa forma,
espera-se que seja muito mais rápido que o computador convencional.
Desde que o computador quântico opere apenas nesse nível, eu não
espero que ele seja uma novidade tão grande, a não ser o fato de ele
ser mais rápido. É isso que interessa aos cientistas da computação.
Mas eu tenho um interesse diferente nesse computador. Se o computador
for construído, por ter um processador quântico, por processar
superpondo possibilidades...

Rose Marie: É tão realista.

Amit Goswami: Isso mesmo. Assim como o ser humano faz. O cérebro
humano, de forma semelhante, processa de forma quântica as
possibilidades, em vez de trabalhar diretamente, de maneira
algoritmica, sem ambiguidade. Então, alguém pode fazer um computador
que tenha todos os outros aspectos da medição quântica? A situação da
medição quântica envolve um mecanismo que chamo de hierarquia
embaraçada. É um pouco difícil de entender, mas um exemplo é a
frase: "Eu sou mentiroso". Se pensar nela, verá que a relação
hierárquica entre sujeito e predicado é recíproca. "Eu" qualifica
mentiroso, e vice-versa. Um qualifica o outro. É o que chamo de
hierarquia embaraçada. A medição quântica no cérebro é assim. A
questão intrigante para mim é que: suponha que no futuro encontremos
um computador com hierarquia embaraçada. O interessante é que a
hierarquia embaraçada dá margem à auto-referência. Então, este
computador quântico terá auto-referência? A consciência cooperará na
criação de um aparelho feito por humanos, que não seguiu uma
evolução, mas desenvolvido pela inteligência humana? A consciência
cooperará? A consciência cósmica cooperará e o tornará um ser
consciente? Eu não sei a resposta. Mas esta será uma verificação
fundamental, uma das mais fantásticas, das idéias que discutimos
hoje. Acho que essa pesquisa deve ser encorajada. Obrigado pela
pergunta.

Lia Diskin: Tentando fazer uma síntese dentro das idéias da biologia,
dentro das idéias da psicologia e, logicamente, de toda a Física que
o senhor coloca, o que hoje sabemos é que apenas 2% de nosso cérebro
utiliza vias neuro-cerebrais para entrada e saída de informação. E é
a partir disso, que nós construímos o que chamamos "os objetos ideais
e universais" que constituem a ciência. 98% restante pertence a um
universo interno, nebuloso, no qual existe a fantasia, a ilusão,
logicamente a irracionalidade e também a probabilidade. Até que ponto
podemos dizer que é possível um verdadeiro diálogo com essa
disparidade de porcentagens? Até que ponto podemos dizer que é
possível uma cientificação das idéias, de Deus, ou das idéias
internas, humanas, divinizadas, como queira chamá-las?

Amit Goswami: Em outras palavras, deixe-me ver se entendi a pergunta,
há muitas coisas que são fantasias e há muitas coisas que envolvem
Deus. É possível transformar esses aspectos fantasiosos em
científicos? É uma pergunta interessante. Claro, na criatividade,
transformamos fantasias, transformamos algumas fantasias em algo
científico. Porque algumas delas são fantasias criativas. Em outras
palavras, a imaginação, a parte mental de nossas vidas, a parte
interna de nossa vida, é fundamental no que fazemos no mundo externo.
Na nova Ciência, por estarmos igualmente envolvidos com o mundo
externo e o interno, pelo fato de a subjetividade ter voltado à
ciência, estamos validando o conceito de que, talvez, devamos levar
algumas de nossas fantasias a sério. Porque a idéia contrária também
pode ser positiva, ou seja, de que tudo é uma fantasia. Fantasia da
mente, fantasia da consciência. Porque a consciência é a base do ser,
e o que pensávamos ser material e real, e o que pensávamos ser
fantasia e irreal, esta distinção não é muito clara, agora. São todas
possibilidades da consciência. Portanto, é a consciência que as
valida, que escolhe entre elas, que lhes dá substancialidade. Então,
qual delas será substancial depende totalmente da escolha, do
contexto no qual a consciência as vê. Isso vai revolucionar a
sociedade, como voce antecipou com sua pergunta. Em outras palavras,
vamos levar nosso mundo interno muito mais a sério. Eu costumo dizer
às pessoas que, se elas estudarem seus sonhos, o preconceito que
costumamos ter é de que o sonho não é contínuo, portanto, de que
adianta estudá-los? Há evidências de que os sonhos são contínuos, mas
é preciso olhá-los sob o ponto de vista significativo. Alguns
ficariam felizes com essa descoberta científica, de que os sonhos dão
um relatório sobre a parte significativa das nossas vidas. Então, há
outros aspectos da vida com os quais a ciência materialista não pode
lidar e com os quais podemos lidar agora por colocar a consciência de
volta, por exemplo, o pensamento. E, quando fazemos isso, nossa vida
interna adquire uma enorme importância. Sim, a vida interna lida com
o pensamento, a beleza, os arquétipos, de uma forma diferente que a
vida externa, materialista, pode. E, focalizando na vida interna, não
só podemos nos transformar, essa é a parte mística, mas também
podemos ter enormes visões sobre o que criar, como criar, sobre
nossas artes, sobre nossa música, até sobre a ciência.

Pierre Weil: Eu queria primeiro felicitar esse programa, Roda Viva,
pelas iniciativas que está tomando. Eu quero dizer que é a primeira
vez que eu vejo na televisão, problemas tratados no nível que
merecem, na altitude que merecem, problemas como a parapsicologia, a
psicologia transpessoal. Isso é feito graças a uma mudança de
paradigma. E eu queria realçar de novo para o público telespectador
que o que estamos tratando aqui tem uma influência muito grande sobre
a destruição da vida no planeta e a grande crise de violência que
está assolando atualmente o mundo, não é só o Brasil. Eu queria, já
que estamos no fim do programa, deixar a oportunidade a Amit Goswami,
que nós convidamos na nossa Universidade da Paz em Brasília,
justamente porque ele representa um novo paradigma, como que o antigo
paradigma é responsável pela violência atual do mundo, antiga visão
que está responsável pela destruição da vida no planeta, e como o
novo paradigma pode nos ajudar a nos tirar dessa crise, além de
medidas policiais e de mudança de lei que são necessárias, mas são
absolutamente insuficientes?

Amit Goswami: Obrigado. Acho muito importante dizer que, sem
reconhecer a consciência e sem reconhecer o valor da nossa vida
interna, sem reconhecer o valor da transformação, nunca mudaremos a
violência na sociedade. Então, é muito importante ver que apenas
pensando em não-violência, apenas falando dela, não deixaremos a
violência. É preciso passar por todo o processo criativo. A nova
Ciência, o novo paradigma, é extremamente importante porque sempre
enfatiza a criatividade. Na velha Ciência, o determinismo e
behaviorismo, essa idéia de que o condicionamento prevalece, nos
cegou tanto quanto à transformação, nos cegou tanto que desistimos.
Basicamente, os valores não eram necessários. Steve Weinberg disse
que não há significado no universo, não há valores se o consenso é o
julgamento dos cientistas materialistas, e isso ocorre dentro da
sociedade, e o behaviorismo diz: "Não podemos fazer nada. Somos seres
comportamentais, somos condicionados". E a nova Ciência diz: "Não.
Também há forças criativas dentro de nós. Basta aprender a agir a
partir desse estado de consciência não-ordinário no qual voce tem
escolhas". E o meu novo lema, em vez do cartesiano "eu penso, logo
existo", e pensamento é uma condição behaviorista, meu novo lema
é: "escolho, logo existo". Se é "escolho, logo existo", posso
escolher a não-violência. Mas tenho de aprender como escolher, e isso
exige criatividade. Essa é, realmente... a nova confiança do novo
paradigma: em vez de escolher a metade condicionada do mundo, vamos
dividir o mundo em condicionamento e criatividade. Forças do Bem e do
Mal, das quais falamos antes. Podemos ser muito otimistas. Se essa
mudança para o novo paradigma vier logo, talvez possamos realmente
lidar com a violência de uma forma realmente prática, em vez de
apenas verbalmente, como fazemos.

Carlos Ziller: Quando eu estava fazendo a minha leitura dos seus
trabalhos, percebi um sentimento que eu compartilho, de um incômodo
profundo com relação a algumas conclusões que emergem de determinados
meios científicos. Vou dar só um exemplo, acho que o telespectador
vai se lembrar, certamente. Há algum tempo atrás apareceu um
resultado de um laboratório do EUA que falava da descoberta do gene
da homossexualidade. Mais recentemente falou-se no gene da obesidade,
e há toda uma série de conclusões desse tipo que não deixam de
produzir, nos homens de bom senso, uma certa surpresa, e, contudo,
mesmo em homens que são materialistas e bem convencidos, que não
aceitam, rejeitam esse determinismo radical que emerge de alguns
ambientes científicos, sobretudo norte-americanos. Há um materialismo
que convive muito bem com o livre-arbítrio. Há um realismo filosófico
que convive muito bem, sem muito inconveniente, com paradoxos, com
contradições. Isso não é, digamos, o todo, do que se poderia chamar
de "atividade científica". Por fim, eu gostaria de fazer uma
pergunta, e é a questão mais importante que eu teria a colocar, que
emerge também de uma sensação que eu tive ao ler "O universo auto-
consciente". Eu tive a sensação de retornar ao passado, aí sim uma
viagem ao passado. Eu vi ali, arrumados, organizados de uma forma
muito particular por voce, idéias e proposições que eu já havia
conhecido em leituras, por exemplo, da obra do cardeal Nicolau de
Cusa , grande pensador do século XV, que propôs que o universo era
resultado de uma contração de Deus, e essa contração, enfim, não é o
caso aqui de eu explanar essa filosofia. Mas esse tipo de pensamento,
produziu, interagiu com concepções científicas do século XVI, do
século XVII, com concepções que propunham que a divindade
organizasse, ou enfim, propunha uma visão bastante parecida com essa,
um projeto científico bastante parecido com esse que voce está
propondo nesse seu livro. A humanidade passou por um processo muito
longo, muito duro, para conseguir, digamos, não eliminar Deus da
Ciência, mas pelo menos reduzir um pouco seu papel, esse processo foi
longo e lento. Para concluir, como o senhor acredita poder convencer
os cientistas desse seu projeto, depois de tanto esforço para
conseguir criar uma noção de objetividade, de realidade, de realismo,
com todos os exageros em alguns momentos, mas convencer esses homens
depois de tanto esforço? O senhor imagina conseguir isso usando que
gênero de recursos?

Amit Goswami: Eu acredito que as idéias se verificarão por si mesmas,
serão confirmadas nos laboratórios e serão úteis. A ciência tem dois
critérios fundamentais. Por isso Galileu é chamado de pai da ciência
moderna, pois ele enunciou claramente esses dois critérios. Um é que
a ciência deve ser verificável. Ela deve ser verificada
experimentalmente. E a segunda idéia é que a ciência deve ser útil.
No aspecto da verificação, já apresentei alguns experimentos a voces,
pois o tempo é curto, não entrarei em outros experimentos, mas digo
que há um número enorme de experimentos sendo realizados, graças à
Parapsicologia e interessados em Parapsicologia. Mas também em
Biologia, e a Medicina é uma grande área de verificação experimental
de algumas de nossas idéias. Mas a questão da utilidade é a mais
importante. Deepak Chopra ficou famoso por um livro que escreveu,
chamado Cura Quântica, lançado há 10 anos. Ele começou a revolucionar
a Medicina, de certa forma, pois há um fenômeno chamado "efeito
placebo" para o qual os cientistas não têm explicação. E esse
trabalho, que é muito semelhante à minha forma de pensar, e eu tenho
lido trabalhos citando a conexão entre as nossas idéias... Mas veja
as implicações disso. Se, de fato, houver cura quântica, se houver
Medicina mental, o efeito da mente sobre a cura, então as pessoas
serão de fato ajudadas, não apenas no campo da Psicologia, mas no
campo da verdadeira saúde física. A saúde física real, que importa
para muito mais pessoas do que a saúde mental, ainda não estamos
esclarecidos o bastante para levar a saúde mental tão a sério. Mas
todos se preocupam com a saúde física, levam muito a sério. É a
aplicação da nova Ciência a essas áreas, especialmente na área da
saúde, que vai trazer a revolução de que Deus é importante, a
consciência é importante, a criatividade é importante, observar o
livre-arbítrio e responsabilidade é importante, que temos um
paradigma científico que pode unir todas essas coisas, trazê-las para
junto da velha ciência e ter formas objetivas de proceder e prever.
Será uma ciência previsível, poderá ser verificada e também será
útil. Isso é o que mudará a percepção do público. A percepção dos
cientistas, também. Obrigado.

Heródoto Barbeiro: Doutor Goswami, muito obrigado por vir.

Amit Goswami: Muito obrigado. Foi um prazer estar aqui.

Fonte: Programa Roda Viva.