09 fevereiro, 2006

Bispo de Volta Redonda afirma que FHC não tem moral para criticar Lula

08/02/2006 - 21h32

MAURÍCIO SIMIONATO
da Agência Folha, em Indaiatuba

O bispo emérito de Volta Redonda (RJ), dom Waldyr Calheiros (foto ao lado), 82, coordenador regional da ONG católica Caritas e um dos expoentes da Pastoral Operária, afirmou nesta quarta-feira em seminário da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) "não tem moral para criticar o atual governo federal".

O bispo defendeu ainda a abertura de uma CPI para investigar os processos de privatização de empresas estatais brasileiras, como o do sistema de telefonia, ocorrido durante o governo FHC (1995-2002).

"O Fernando Henrique Cardoso não tem moral para criticar o governo Lula, por mais erros que o governo atual tenha. Basta que sejam investigadas as privatizações ocorridas no governo dele [FHC] e será encontrada sujeira", disse o bispo.

As declarações do bispo foram feitas quando ele avaliava a situação atual política do país. O bispo também criticou o governo Lula --que, segundo ele, "frustrou as esperanças" de parte da sociedade.

Auditoria rigorosa

Dom Waldyr disse que deve haver uma auditoria rigorosa nos documentos das privatizações. Como exemplo, o bispo disse que "houve fraude na privatização da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional)", ocorrida em 1993, no governo do ex-presidente Itamar Franco (1992-1994), cujo ministro da Fazenda foi Fernando Henrique Cardoso. Já a privatização da telefonia, também criticada por dom Waldyr, ocorreu em 1997, na gestão FHC.

"Houve fraude na terceira avaliação de preço da CSN. Duas empresas fizeram duas avaliações de preço da siderúrgica e houve necessidade de uma terceira avaliação, que depois ocorreu, mas foi montada. Uma auditoria rigorosa pode mostrar esta deformação."

Opositor das privatizações das siderúrgicas, o bispo declarou, na época, que a CSN forçava crianças de Volta Redonda a usarem uniformes escolares da companhia para fazerem "propaganda de quem demitia seus pais", em referência a uma série de demissões ocorridas na siderúrgica.

Dom Waldyr foi um dos principais apoiadores da greve de metalúrgicos da CSN, em 1988, quando três operários foram mortos pelo Exército após invadirem a sede da companhia.

Na ocasião, representantes das comunidades eclesiais de base da igreja, segundo o bispo, iam aos bairros de Volta Redonda para apoiar a greve. Os metalúrgicos paralisaram as atividades para pedir a implantação do turno de seis horas, reposição salarial e reintegração de demitidos por atuação sindical.

Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u75719.shtml



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