07 fevereiro, 2006

Holanda devolve 202 quadros para família judaica

07/02/2006 - 13h17

da Efe, em Haia

O governo holandês decidiu devolver aos herdeiros do marchand de arte judeu Jacques Goudstikker os 202 quadros que o colecionador teve de vender a preço baixo durante a 2ª Guerra, informou nesta terça-feira o Ministério da Cultura em seu site.

A secretária de Estado de Cultura, Medy van der Laan, decidiu na noite de segunda-feira seguir o conselho da Comissão de Restituições e devolver aos herdeiros de Goudstikker as obras que faziam parte de sua coleção comercial no início de maio de 1940.

São 202 quadros que incluem obras de grandes mestres holandeses, flamencos e italianos, como Hans Memling, Pieter Paul Rubens, Anton Van Dijck, Tintoretto, Veronese e Lucas Cranach.

Outras 40 obras reivindicadas pela família não serão devolvidas aos herdeiros, pois ainda não foi comprovado que, em maio de 1940, elas pertenciam a Goudstikker. Vinte e um quadros permanecerão nas mãos de seus atuais proprietários, já que a viúva do marchand os cedeu em 1952, através de um acordo com o Estado holandês. Além disso, outras quatro obras não serão devolvidas porque, segundo a Comissão de Restituições, estão desaparecidas.

Vários quadros estão no Rijksmuseum de Amsterdã, o museu mais importante do país, e os demais estão distribuídos em diferentes museus holandeses. A coleção Goudstikker foi alvo de um longo processo legal na Holanda por parte dos herdeiros do dono original.

Jacques Goudstikker morreu em maio de 1940 a bordo do navio em que fugia com sua família dos alemães. Antes, havia vendido o mais rapidamente possível sua coleção, que incluía cerca de 1.300 obras, para Alois Miedl, um marchand de arte alemão estabelecido na Holanda, segundo relatou o jornalista holandês Pieter den Hollander no livro "De Zaak Goudstikker", publicado em 1999 após investigar o caso.

Hermann Goering, um dos principais dirigentes do regime nazista e muito ativo na apropriação de arte nos países ocupados pela Alemanha, obrigou Miedl a vender boa parte das obras muito abaixo de seu valor de mercado.

Cerca de 300 pinturas foram encontradas nas coleções particulares de Goering e do próprio Adolf Hitler após o final da 2ª Guerra, mas as autoridades holandesas ficaram com a maioria delas, com as quais enriqueceram seus museus, enquanto venderam algumas outras.

Os museus que terão de devolver as obras não poderão receber indenização, já que se considera que desfrutaram das obras durante os últimos 50 anos.

A Comissão de Restituições já emitiu 19 recomendações sobre disputas em torno da devolução de obras desde sua criação, em 2001, e a Secretaria de Estado de Cultura sempre seguiu a opinião da instituição em suas decisões.

Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u57553.shtml

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