02 junho, 2006

Cresce o número de engenheiros doutores no País, mas falta mercado

01/06/2006 - 13h19m


Shaulla Figueira - Globo Online

RIO - A procura pelos cursos de pós-graduação na área de engenharia cresceu cerca de 7,5% nos últimos dez anos. Em 1996, o país tinha 126 cursos de mestrado e 61 de doutorado e, neste ano, os números pularam para 229 e 132, respectivamente. De acordo com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o Brasil possui 18 mil mestrandos e doutorandos só nesta área. Apesar do crescimento, o número de engenheiros com alta qualificação ainda não é suficiente para atender à demanda do setor produtivo, segundo o Ministério da Educação (MEC).

De acordo com Manuel Paiva, diretor da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal Fluminense (UFF), a atual falta de estrutura das universidades é um dos principais motivos para a defasagem no setor.

- Atualmente, formamos profissionais com o mesmo perfil de um engenheiro da década de 70. O avanço da tecnologia está diretamente relacionado à área de engenharia. Com a estrutura de ensino ultrapassada, como este engenheiro poderá ser incluído no mercado? Precisamos de melhores laboratórios para pesquisa, investimento em novas unidades e contratação de mais professores - analisa o diretor.

A UFF lançou este ano novos cursos de pós-graduação: doutorado em engenharia de produção, mestrado em engenharia de telecomunicações, além da graduação em engenharia de petróleo, que foi a mais procurada dentre as habilitações da faculdade.

- O setor de petróleo acaba englobando todas as engenharias. Já estamos atuando nos estaleiros com projetos como o Pólo Tecnológico - explica Manuel.

Para o doutor em planejamento energético pela Coppe/UFRJ, mestre em tecnologia ambiental da Imperial College da Inglaterra e engenheiro ambiental da Petrobras há 29 anos, Sérgio Pinto Amaral, é necessário uma maior interação entre as universidades e as empresas do setor.

- Hoje, as universidades estão oferecendo mais cursos, principalmente na área de petróleo. Mas a teoria não basta. As instituições também devem ensinar aos seus alunos como chegar ao mercado em parceria com empresas. A UFRJ e a PUC promovem todos os anos a "Semana de Engenharia" para ajudar os alunos a entrar no mercado de trabalho - afirma o doutor.

No último dia 30, o MEC lançou o projeto Inova Engenharia, uma parceria entre 17 instituições e órgãos do governo federal. O presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio (Crea-RJ), Reynaldos Barros, vê no projeto o começo para um melhor desenvolvimento da profissão no país.

- A medida do governo é acertada. Este tipo de iniciativa impede a invasão da mão-de-obra estrangeira - afirma Reynaldo.

Integrada ao Programa de Modernização das Engenharias e à Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE) do governo federal, a Capes também executa programas que buscam formar redes de pesquisa e de cooperação acadêmica, como o Programa Nacional de Cooperação Acadêmica (Procad), que contempla as engenharias.

Em 2005, foram apoiados 120 projetos. Deste total, 19% são projetos da engenharia. Em 2004, foram titulados 3.173 mestres, 1.206 doutores e 300 mestres profissionais na área.

Fonte:

http://oglobo.globo.com/online/educacao/mat/2006/06/01/258383044.asp

Comentário:

Para variar, O Globo errou no título, pois a frase ‘mas falta mercado’ não é
a correta, e sim ‘falta profissionais de alta qualificação’. A frase original
ficaria certa se a especificação de mercado de não altamente qualificados fosse
incluída.