30 novembro, 2005

Pós-graduação eleva salários médios em 66%

30/11/2005 - 09h32m
Daniela Leiras - Globo Online

RIO - Quem pensa em cursar mestrado, doutorado, MBA ou especialização para obter retorno financeiro pode começar a fazer cálculos. Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revela que os salários dos profissionais brasileiros que fizeram alguma pós-graduação são em média 66% mais altos do que os dos que só têm o diploma de graduação.

Para o chefe do Centro de Políticas Sociais da instituição, Marcelo Neri, responsável pela pesquisa, a taxa é alta e reflete a influência da hierarquia educacional no mercado:

- É difícil imaginar investimentos público ou privado que dêem uma taxa de retorno tão elevada. Geralmente, quem estudou mais e adquiriu mais experiência recebe salários melhores e tem maiores chances de conseguir trabalho. Esse prêmio da escolaridade varia conforme as carreiras.

O estudo foi elaborado a partir de dados do censo demográfico de 2000 e considerou 82 níveis de formação.

Administração: diferença média de valores é de 100%

Apesar de medicina apresentar os salários mais altos (R$ 6.705, em média, para quem terminou a graduação, e R$ 8.966 para os pós-graduados); na administração, a diferença entre os níveis de escolaridade é mais significativa. Enquanto os graduados recebem R$ 4.006, quem tem curso de pós-graduação ganha o dobro: R$ 8.012. Em medicina, o percentual diminui (33%) e em engenharia, é de 27%.

Entre as explicações para as diferenças de uma categoria profissional para a outra está o fato de os salários dos graduados em engenharia e medicina serem mais altos do que os da área de administração: quer dizer, para fazer a comparação, já se parte de um patamar maior.

É o caso do engenheiro mecânico Leo Maranhão, de 38 anos, que fez o mestrado de administração no Ibmec. Ele era coordenador de uma área de risco da Superintendência de Seguros Privados (Susep) e foi promovido a chefe do Departamento de Controle Econômico. A mudança acabou lhe rendendo um aumento salarial de 40%.

Outra peculiaridade da carreira de administração, segundo o pesquisador da FGV, é a tendência de internacionalização das escolas de negócios:

- O grande retorno dessa especialização não ocorre somente no Brasil. Identificamos no mundo inteiro que quem estuda numa escola de business (negócios) consegue melhores empregos. É um mercado bastante competitivo, com profissionais mais experientes.

Patrícia Esteves, de 29 anos, está de olho nessa tendência. Ela é formada em jornalismo, mas resolveu apostar no MBA de marketing do Instituto Coppead/UFRJ para crescer na empresa onde trabalha há cinco anos, a Coca-Cola. Desde o fim do curso, em 2002, já mudou de cargo duas vezes.

- Quando entrei na empresa, era especialista de mídia. Depois, virei gerente de produto júnior e, agora, pleno. Recebi um aumento de aproximadamente 45%, incluindo benefícios e carro com despesas pagas - conta Patrícia, que também teve 50% do curso financiado pela Coca-Cola.

As cifras também aumentaram na carteira de trabalho do economista Cristiano Ayres, de 27 anos. Quando fazia o mestrado de economia voltado para finanças no Ibmec, há quatro anos, recebeu uma proposta de emprego do Banco Modal. O salário atual dele já é o dobro do anterior.

- Com certeza o curso pesou na hora da contratação. Entrei como gerente de risco e, hoje, sou diretor - diz Cristiano, que pagou o mestrado com seu próprio dinheiro.

Coordenador defende sistema de bolsa-crédito

Apesar do significativo retorno financeiro dos cursos de pós-graduação, os sistemas de crédito não colaboram com o setor, na opinião do coordenador da pesquisa. Segundo Neri, os investimentos nos profissionais ainda são incipientes.

- Devia haver mais ênfase em bolsas-crédito e não tanto em bolsas-doações, para as pessoas fazerem financiamentos.


Fonte:
http://oglobo.globo.com/online/educacao/mat/189259263.asp

Nenhum comentário: