18 novembro, 2005

Cresce pressão no Congresso e nas ruas para que Bush retire tropas dos EUA do Iraque

17/11/2005 - 23h30m
Agências Internacionais

Vestígios de um   massacre de 1.200 anos



WASHINGTON - Quase três anos depois de a maioria dos americanos apoiar a decisão do presidente George W. Bush de invadir o Iraque, uma nação dividida exige, cada vez mais, uma estratégia clara para reduzir o papel dos EUA na guerra e trazer os soldados para casa. Aumentando a pressão política sobre a Casa Branca, um importante líder do oposicionista Partido Democrata no Congresso defendeu nesta quinta-feira a imediata retirada das tropas americanas do Iraque. - Os EUA simplesmente não podem conseguir mais nada militarmente no Iraque. É hora de trazê-los (os soldados) para casa - disse o deputado John Murtha, principal democrata na subcomissão da Câmara dos Representantes (Deputados) responsável por fiscalizar os gastos na área militar. As declarações de Murtha foram feitas no rastro de uma série de ataques de Bush e de seu vice, Dick Cheney, contra os que criticam a política de guerra americana no Iraque e, especial, a forma com o governo usou as informações sobre o país árabe antes de invadi-lo em março de 2003. A principal delas era a de que Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa. Até hoje, tal arsenal nunca foi encontrado no Iraque. Murtha, um partidário do uso da força, veterano condecorado da Guerra do Vietnã e coronel aposentado do Corpo de Fuzileiros, respondeu aos ataques mencionando a postergação no alistamento de recrutas, que foi responsável por manter Cheney fora da Guerra do Vietnã. - Gosto de caras que conseguiram cinco adiamentos e nunca estiveram lá (no Vietnã), e enviam agora as pessoas para a guerra e não gostam de ouvir sugestões sobre o que é preciso ser feito - afirmou Murtha. As afirmações do democrata ganharam às manchetes na mesma semana em que o Senado pediu ao governo que apresente um plano prevendo o fim da guerra. A resolução aprovada pelos senadores foi apenas um primeiro passo, em grande parte simbólico, de um processo complicado e não deve determinar uma retirada rápida dos 153 mil militares americanos estacionados no país árabe. No entanto, a iniciativa enviou uma mensagem clara: os iraquianos precisam assumir maiores responsabilidades nos esforços de garantir a segurança de seu país e o governo Bush precisa ser mais objetivo sobre suas metas e sobre como pretende atingi-las. Longe do Congresso, a população dos EUA mostrava-se, até recentemente, relutante em contestar a política de Bush para o país árabe, aceitando o argumento do governo de que a guerra era um elemento central da chamada "guerra contra o terror" declarada depois dos ataques de 11 de setembro de 2001. Mas a popularidade do presidente diminuiu muito nos últimos meses e o número de baixas dos EUA acumulou-se. Nesse clima, e diante das eleições do próximo ano para o Congresso, os deputados e senadores sentiram-se livres para ampliar o tom das críticas. Uma pesquisa do instituto Gallup mostrou nesta semana que 63% dos americanos desaprovavam a forma como o governo Bush vinha conduzindo a guerra no Iraque e que 52% defendiam a retirada das tropas dos EUA neste momento ou dentro de 12 meses. Em março de 2003, uma pesquisa do mesmo instituto mostrava que 66% dos americanos eram favoráveis à guerra.

Fonte:
http://oglobo.globo.com/online/mundo/189208255.asp

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