21 novembro, 2005

Técnico de enfermagem acusado de matar crianças levava vida discreta e tinha casamento marcado

20/11/2005 - 09h57m
Extra

RIO - Morando num apartamento com a mãe num conjunto habitacional, o técnico em enfermagem Y., de 28 anos, era tão discreto que passava despercebido pela maioria dos vizinhos. Normalmente andando de cabeça baixa pelas ruas do bairro, nos fins de semana não costumava nem sair para se divertir no campo de futebol em frente ao lugar onde mora - hábito bastante comum entre os moradores da rua. Não fosse o fato de ser suspeito de ter provocado a parada respiratória de pelo menos 20 crianças, Y. poderia passar o resto da vida discretamente, como sempre. Essa possibilidade, entretanto, foi perdida na semana retrasada, quando um grupo de agentes da Delegacia Institucional da Superintendência Regional da Polícia Federal foi até sua casa para prendê-lo. Surpresos, os vizinhos acompanharam, quase sem acreditar, o técnico em enfermagem sendo levado pelos policiais. - Ele sempre foi tão fechado, tão quieto, que mesmo morando aqui há alguns anos nós mal ouvíamos a sua voz. Ele não costumava socializar com a gente. Apenas nos cumprimentava e passava. Não dá nem para falar nada que o condene porque ele simplesmente não conversava conosco. Sabemos apenas que ele estava noivo e deveria se casar em janeiro - disse uma das vizinhas de Y.. Segundo ela, a mãe do suspeito comentou que, se o filho realmente fosse culpado, deveria pagar. FAMÍLIA DISCRETA - Ainda de acordo com os vizinhos do suspeito, o jeito reservado de Y. é reflexo direto da vida que leva e também espelha o comportamento da sua família - toda muito discreta. Além da discrição, Y. apresentava reações que deixavam clara, pelo menos para os colegas do Albert Schweitzer, uma grande carência. Mesmo diante dos gestos mais simples. - Certa vez, uma de nossas colegas ofereceu uma carona a Y.. Ele ficou tão sensibilizado pelo gesto, e agradeceu tanto, que tive a impressão de que ela havia salvo a vida dele - disse um dos profissionais que faziam plantão com o suspeito na unidade intermediária de adultos do Hospital Estadual Albert Schweitzer, em Realengo.

Fonte:
http://oglobo.globo.com/online/rio/189243153.asp

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