22 novembro, 2005

Custo X Benefício para a inovação numa empresa

As empresas tentam nos últimos anos, conviver com um dilema, a competição acelerada por projeção profissional, e o dever de se trabalhar em equipe. Nestes dois pólos, temos que conviver com um clima de enxugamento do quadro de empregados, a documentação dos processos, as transcrições deles para um padrão, o trabalho em equipe, que necessariamente deveria levar o executor das tarefas a ser ouvido, nem que seja para fazer um refinamento do assunto. Esse refinamento, informal através de sugestões na forma de diálogo, ou numa maneira mais formal, existindo para isto um documento próprio. Mas o que experimento de fato e vejo entre os meus colegas é exatamente o contrário. Relato este por mera questão de ter chegado a um ponto de desistir de fazer as sugestões, mas não antes de me explicar o porquê. O engessamento institucional foi decretado pela própria existência de um fato:

Geralmente o gerente escolhe um assistente que seja menos polêmico (contraditório) e mais conciliador (eufemisticamente escrevendo). E como a vida é um grande jogo, nosso senso comum logo rastreia estas características básicas de prêmio e punição (custo X benefício). A iniciativa de não se levar qualquer questão para ser resolvida, como uma sugestão, para uma outra área, será antecipadamente reprimida, pois isto, logo verá tratado com repugnância pela área “afetada”, e o que era de início era uma sugestão, será tratado como um problema trazido. Tolhendo futuramente quaisquer iniciativas, pois o saldo será uma imagem desgastada, já que é uma questão pequena, não merecendo entrar na categoria de “custo x benefício” aceitável.


Quem teve a oportunidade de assistir ontem (21/11/2005) a ótima palestra do Filósofo e Economista Eduardo Giannette, "O Valor do Amanhã", descrevendo exemplos do mundo natural para exemplificar nossa cultura dos juros, como por exemplo o acúmulo de tecido adiposo pelos animais, para que num futuro incerto, quando a escassez de comida chegasse, esta gordura excedente pudesse ser transformada em energia. Conseqüentemente todas as implicações de se ter um corpo com um peso extra, como a falta de flexibilidade, ganharam, pois caso contrário, não existiria o acúmulo de gordura como uma vantagem evolutiva. Deixando as questões estéticas de lado, irei abordar a seguir uma história conhecida, a da borboleta monarca.

Foto da Borboleta Monarca: http://www.ecologia.info/wide-monarch.jpg

Borboleta Monarca













Os predadores das monarcas

"...[] Os dois principais predadores passeriformes são o rei-do-bosque-do-norte (Pheucticus melanocephalus) e o corrupião (Icterus abeillei). Os reis-do-bosque-do-norte consomem todo o abdômen das monarcas, os quais são ricos em gordura, de alguma forma tolerando as toxinas cardenolídeas armazenadas abaixo do exoesqueleto. Os corrupiões abrem o abdômen com o bico afiado e retiram o conteúdo do abdômen e do tórax com a língua, desviando, assim, das toxinas. []" ( Fonte: http://www.ecologia.info/borboleta-monarca-4.htm, retirado em 22/11/2005).

Mas existe um pássaro, a gralha Cyanocitta cristata, que insiste um comer a borboleta, mas certamente ele era um iniciante, conforme o texto a seguir vai lhe explicar:


Foto da galha: http://www.geocities.com/~esabio/interacao/gralha.jpg


a gralha Cyanocitta cristata



"[]...Pois Ao serem comidas por seu predador as borboletas provocam vômitos violentos. Acontece, às vezes, até de serem expelidas pelo pássaro e conseguirem levantar vôo após se recuperarem. Após um susto desses, o pássaro não procura mais essas borboletas que ele reconhece facilmente devido às cores fortes e brilhantes de suas asas. Insetos que acumulam toxinas em seu corpo e as usam como defesa não precisam se camuflar e podem ser até bem evidentes, o que facilita o reconhecimento pelo predador de que são perigosos. []"
(Fonte: http://www.geocities.com/~esabio/interacao/toxinas.htm, em 22/11/2005).
Depois da primeira experiência de masticar uma borboleta com gosto ruim, o pássaro nunca mais vai tentar comer a borboleta novamente. As cores e a forma das figuras em suas asas ficaram muito bem gravado em sua "mente" como um sinal de perigo. Outros animais se beneficiarão do recurso da borboleta-monarca, mas SEM ter a toxina (mimetismo batesiano), que é o caso da borboleta Limenitis archippus:"...[]Existem espécies de borboletas (por exemplo, Limenitis archippus) que têm uma coloração de aviso como a das borboletas monarca, que seriam bastante saborosas para os pássaros se eles tivessem coragem de enfrentá-las, pois não têm toxinas. Este artifício é um tipo de mimetismo, chamado de mimetismo batesiano, adquirido através da seleção natural, e é um dos muitos exemplos da coevolução adaptativa de plantas e insetos...[]" Mas acontece que a população da borboleta que NÃO tem a toxina não pode crescer de uma maneira tal que fique maior que a população da primeira, a que TEM a toxina. Se isto acontecesse, o pássaro predador iria ter poucas experiências com a borboleta que TEM a toxina, o que faria que ele TENTASSE comer todas as borboletas, sejam elas monarcas ou NÃO. Isto é o poderíamos chamar de um baixo "Custo X benefício". Com um grande número da segunda espécie, ou um grande número de borboletas que se fisessem passar pela primeira, iria levar um alto grau de tentativas por parte do pássaro para se arriscar a de fato, comer uma borboleta apetitosa. Inversamente ao "Custo X Benefício" citado acima, a mensagem que tento passar para os meus leitores, é que com um alto grau de NÃO BENEFÍCIO, ou simplesmente, CUSTO, de se tentar NOVAS SOLUÇÕES e de se TENTAR IMPLEMENTAR, ou no pior dos casos, de se fazer ouvir, e, este no sentido mais amplo da palavra, a TAXA de sugestões e tentativas iria cair imensamente. Não seria ingênuo de dizer que uma empresa poderia entrar em crise por causa disso, pois a natureza humana nos faz crer que, o instinto de sobrevivência não deixaria isto ocorrer. Mas numa maneira prática, o que pode ocorrer, são questões de crise de motivação na empresa, pelo fato da inexistência, ou do canal de comunicação ser estreito, canal entre quem executa os procedimentos operacionais e de quem os planifica.

"Eu posso entender como uma flor e uma abelha podem, lentamente, simultaneamente ou uma após a outra, se modificar ou se adaptar da maneira mais perfeita, uma à outra"

Charles Darwin: abelhas e flores

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