24 novembro, 2005

MP exige abertura do Núcleo Perinatal do Hospital Pedro Ernesto

23/11/2005 - 23h37m
O Globo

RIO - Depois de cinco anos de negociações com o governo estadual, a promotoria da Infância e da Juventude perdeu a paciência: vai entrar com uma ação judicial contra o governo do estado para obrigá-lo a abrir o Núcleo Perinatal do Hospital Pedro Ernesto, em Vila Isabel. A ação será proposta pela promotora Maria Amélia Barreto, da 2ª Promotoria da Infância e da Juventude.
- É uma ação inusitada porque geralmente entramos com ações para que o estado construa unidades e faça obras, para que ele realize a parte maior. E não para que faça a parte menor - disse a promotora.
Segundo o deputado estadual Paulo Pinheiro (PPS), houve um acordo em 1999 entre o governo e o Ministério Público para que fossem abertas as vagas necessárias de UTI neonatal para evitar mortes de crianças. O deputado diz que o acordo não está sendo cumprido.
Em entrevista à rádio CBN, o secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Wanderley de Souza, disse que desconhecia a existência da unidade. A diretora de planejamento e orçamento da Uerj, Suzana Moreira, informou que desde 2003 o Conselho da Universidade vem aprovando obras para o Núcleo Perinatal, mas o dinheiro não é liberado pelo estado.
O Núcleo Perinatal está pronto há um ano. Entregue pela construtora em outubro do ano passado, o anexo foi planejado para atender ao aumento da demanda da unidade e começou a ser construído em 2000. O governo federal investiu R$ 5,3 milhões na unidade. O governo do estado, de acordo com o convênio, deveria ter dado uma contrapartida de R$ 2,1 milhões para terminar a obra, o que não ocorreu.
Reportagem do jornal 'O Globo' publicada nesta quarta-feira mostra que, na portaria do prédio de dois andares, onde deveria funcionar uma maternidade, uma cadela dorme tranqüilamente. Nos quartos e salas, todos trancados, não há pacientes. Todos os equipamentos médicos estão guardados num almoxarifado há mais de um ano, sem uso. Se um corredor, inacabado, tivesse sido concluído, ele ligaria o prédio fantasma a uma triste realidade que ainda persiste, logo ao lado, na velha maternidade do Hospital Pedro Ernesto, da Uerj, superlotada e sem condições de atender adequadamente a mães e a recém-nascidos de risco.
O núcleo pode abrigar 101 leitos, sendo 24 de UTI neonatal. A previsão era realizar até 2.500 internações por ano. Na maternidade do Hospital Pedro Ernesto - que seria ligada ao Núcleo Perinatal pelo corredor que não foi concluído - os dez leitos de UTI neonatal estão ocupados e algumas crianças que precisariam de tratamento intensivo estão sendo atendidas em leitos de unidade intermediária.
- Estamos com a lotação acima do suportável na maternidade. Mas não podemos nem colocar os equipamentos na nova unidade porque a construtora não nos deu as chaves por falta de pagamento - admite o diretor-médico do Hospital Pedro Ernesto, João Carlos Fernandes, preocupado porque os equipamentos poderão estar fora da garantia quando começarem a ser usados.

Fonte:
http://oglobo.globo.com/online/rio/189289005.asp

Nenhum comentário: