23 novembro, 2005

Banco Mundial vê risco de gasto eleitoral no Brasil

O Banco Mundial acaba de divulgar em sua página na internet um documento em que alerta para os riscos que as eleições de 2006 representam para a economia dos países da América Latina e do Caribe, entre eles o Brasil. Prevê um provável aumento dos gastos públicos na fase pré-eleitoral.

O documento informa que, além do Brasil, terão eleições no próximo ano Colômbia México e Peru. Na Venezuela, o pleito está marcado para dezembro de 2005. Bolívia, Costa Rica, República Dominicana e El Salvador também vão às urnas entre 2006 e 2007.

O aumento dos gastos governamentais é precisamente o tema que permeia o embate entre os ministros Antonio Palocci (Fazenda) e Dilma Rousseff (Gabinete Civil). Ele quer preservar e até aumentar a meta de superávit primário, hoje fixada em 4,25% do PIB. Ela quer flexibilizar os dispêndios.

Embora venha negando em sucessivos discursos a intenção de submeter o futuro da economia aos desígnios eleitorais, o presidente Lula flerta nos bastidores com as teses de Dilma. Acha que o governo vem investindo menos do que deveria. Atribui o rigor excessivo à equipe de Palocci.

Em seu documento, chamado “Perspectivas para a Economia Global”, o Banco Mundial sustenta que o ciclo eleitoral na região pode afetar negativamente o desempenho das economias locais. Alega que poucas reformas estruturais serão iniciadas ou concluídas antes do término das eleições.

Segundo o estudo do Banco Mundial, que ficou pronto em 16 de novembro, a América Latina e o Caribe registram crescimento de 4,5% em 2005, contra 5,8% detectados no ano passado. A desaceleração foi menos intensa na Argentina, Uruguai e Venezuela, que vêm de crescimentos acelerados em 2004, mercê de recessões profundas que arrostaram em fase anterior.

Excluindo-se esses países, a taxa de crescimento regional em 2005 cai para 3,9%, contra 4,7% anotados em 2004. Boa parte do desaquecimento explica-se pelo fraco desempenho de Brasil e México.

Bolívia, Chile, Colômbia, Peru e a maioria dos países da América Central continuarão crescendo a taxas semelhantes às registradas em 2004. A despeito do crescimento moderado, afirma o documento, as taxas de desenvolvimento da região estão 2,5% acima da média registrada nos últimos 20 anos.

O bom desempenho é justificado pelas condições favoráveis da economia mundial. Condições que podem ser revertidas, alerta o estudo, por mudanças no cenário externo. Entre os riscos mencionados está um eventual choque do petróleo.

O signatário do blog recomenda vivamente a leitura da versão integral do documento do Banco Mundial. Infelizmente, foi escrito em língua inglesa.

Fonte:
http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/arch2005-11-20_2005-11-26.html#2005_11-23_01_18_29-10045644-0

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