21 novembro, 2005

PMs são acusados de assassinar vítima de assalto

21/11/2005 - 08h18m
Marcelo Gomes e Gustavo Fernandes - Extra


Vestígios de um massacre de 1.200 anos

RIO - Dois policiais militares, do 39º BPM (Belford Roxo), estão sendo acusados de executar a vítima de um roubo de carro, que teria sido confundida com um dos bandidos. Os PMs, após assassinarem a tiros o auxiliar de topografia Alberto da Silva Barbosa, de 25 anos, registraram a morte como um auto de resistência à prisão. Segundo testemunhas e parentes, Alberto foi morto pela dupla sem direito a explicar que era a vítima. A Corregedoria da PM informou que já abriu procedimento de investigação para apurar as denúncias contra os PMs. O crime ocorreu no dia 13. O rapaz voltava para casa, após assistir a uma partida de futebol, em Belford Roxo. Ele e dois amigos estavam no Gol placa LCR-5665, quando três bandidos os abordaram na Estrada Belford Roxo. O vendedor Fábio Mendes Ribeiro, de 24, estava com Alberto. - Os assaltantes entraram no meu carro e mandaram o outro nosso amigo, que estava no banco do carona, saltar. Um dos ladrões assumiu a direção. Os outros dois ficaram no banco de trás junto com Alberto. Logo depois, vimos uma patrulha do 39º BPM, na Estrada de Belford Roxo. Assustados, os bandidos tentaram fugir em alta velocidade - contou Fábio, acrescentando que os PMs iniciaram uma perseguição ao Gol. - Ao entrarem na Rua Confiança, os ladrões me obrigaram a saltar do carro e continuaram a fuga com o Alberto dentro do carro - acrescentou Fábio. Segundo André Barbosa, de 28, irmão da vítima, os bandidos bateram com o carro num barranco à frente e fugiram, deixando Alberto no local. - Uma testemunha viu quando os PMs se aproximaram do meu irmão e o arrastaram para um matagal. A pessoa que viu a cena ouviu diversos tiros vindo lá. No dia seguinte, essa testemunha encontrou os documentos do Alberto no local e nos entregou. É difícil acreditar que meu irmão foi brutalmente executado por quem deveria garantir a nossa segurança - diz André. O advogado da família, Roberto de Cerqueira Souza, disse que já entrou com uma representação junto ao Ministério Público (MP) estadual pedindo rigor nas investigações e sugeriu a verificação de quantos autos de resistência a dupla de PMs registrou em delegacias nos últimos tempos. Segundo Roberto, baseado nessas informações, será possível verificar se era uma prática comum dos policiais para justificar execuções. - Também ingressei com uma representação na Corregedoria da PM. Quando fui liberar o corpo no Instituto Médico-Legal, vi os hematomas e os tiros pelo corpo de Alberto. Não há dúvidas de que foi executado. Segundo o advogado, os parentes da vítima vão nesta segunda-feira à 54ª DP para acompanhar as investigações. Alberto era casado e tinha uma filha, de 6 anos. Amigos e parentes da vítima marcaram uma passeata, na sexta-feira, em Belford Roxo. A manifestação terminará em frente ao 39º BPM. O objetivo é cobrar a punição dos PMs. Um amigo da família mandará confeccionar cem camisas com foto de Alberto com a mulher e a filha. - Estamos convocando parentes de vítimas da violência policial para participar da manifestação. Quem quiser ajudar a pressionar as autoridades para que se tenha justiça que entre em contato conosco - afirmou o irmão de Alberto.

Fonte:
http://oglobo.globo.com/online/rio/189247705.asp

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