08 março, 2006

Venezuela encomendará 36 navios de grande porte no Brasil

07/03/2006 - 17h10m

Ramona Ordoñez - O Globo

RIO - O presidente da Venezuela, Hugo Chavez, continua disposto a investir pesado no Brasil. Depois de patrocinar a vencedora do carnaval carioca, Vila Isabel, a estatal de petróleo do país PDVSA vai encomendar 36 embarcações de grande porte a estaleiros brasileiros no valor de US$ 3 bilhões.

O valor supera as encomendas da Transpetro, de 41 petroleiros que custarão cerca de US$ 1,9 bilhão.

O presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Naval (Sinaval), Ariovaldo Rocha, contou nesta terça-feira que o negócio foi fechado graças a um acordo feito entre os governos de Brasil e Venezuela, que deu a preferência para estaleiros brasileiros. Também estavam na disputa empresas da Argentina, que ficarão com cinco embarcações, e da Espanha, que ficarão com outras duas.

As obras serão feitas por cinco estaleiros brasileiros, sendo que três estão localizados no estado do Rio, um em Pernambuco (do consórcio Atlântico Sul, liderado pela construtora Camargo Corrêa) e outro em Santa Catarina (Itajaí). Os grupos fluminenses são Mauá Jurong, Eisa (Ilha S.A.) e Keppel Fels (Brasfels, em Angra dos Reis), que também farão parte das obras para a Transpetro.

Segundo Ariovaldo Rocha, a encomenda da Venezuela, somada aos 26 petroleiros da estatal brasileira, permitirá a geração de mais 10 mil empregos diretos além da manutenção dos atuais 40 mil existentes.

De acordo com ele, a compra de petroleiros de grande porte no Brasil montra que a indústria nacional está em condições de competir no mercado externo.

Um dos pontos polêmicos da licitação da Transpetro, no entanto, é a questão do preço. Durante a abertura dos envelopes das propostas, no início deste ano, o presidente da empresa brasileira, Sergio Machado, comentou que os valores propostos pelo Mauá Jurong para a construção de navios de produtos ficaram acima do esperado.

A afirmação levantou uma polêmica sobre o fato de a nacionalização ter encarecido os contratos. Na época, o representante do Mauá Jurong, José Roberto Simas, explicou que a Transpetro fazia exigências muito específicas, o que estava encarecendo o preço da encomenda. Ele também afirmou que a comparação estava sendo feita de forma incorreta, com embarcações de especificações diferentes no mercado internacional.

Nesta terça-feira, ao defender a indústria nacional, Rocha afirmou que a diferença de preços não seria tão grande. Segundo ele, o preço pedido pelo Mauá Jurong era de cerca de US$ 83 milhões por embarcação, contra uma cotação de US$ 51,6 milhões no exterior. Ele lembrou ainda que este valor poderá ser negociado entre a empresa e a Transpetro.

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