08 março, 2006

Passageiros vaiaram comandante do Exército

Rio, 08 de março de 2006

Luiza Damé

BRASÍLIA. O comandante do Exército, general Francisco de Albuquerque, foi recebido com vaias pelos demais passageiros ao embarcar em Campinas no vôo JJ-3874 da TAM na Quarta-feira de Cinzas. O general tentou se explicar, fazendo um discurso em pé no corredor da aeronave. Depois de ter recorrido ao Departamento de Aviação Civil (DAC) para garantir duas vagas no avião que já estava taxiando para decolar, ele tentou responsabilizar a companhia aérea pela confusão.

Enfrentando comentários jocosos dos passageiros, o general alegou que tinha um compromisso importante em Brasília. Depois de se explicar, despediu-se dos passageiros com um “até uma próxima vez”. Do fundo do avião, ouviu protestos:

— Eu também tenho compromisso em Brasília — gritou um passageiro indignado com a espera de 40 minutos no Aeroporto de Viracopos.

Casal que cedeu lugar ganhou passagens para Paris

O vôo da TAM saiu de Florianópolis na Quarta-feira de Cinzas às 15h30m, no horário previsto, e fez escala em Campinas. O engenheiro brasiliense Paulo Pimenta da Costa, de 43 anos, que estava no vôo, conta que depois que alguns passageiros desceram e outros subiram, o avião ainda ficou algum tempo com as portas abertas. A comissária de bordo anunciou o overbooking (quando o número de passagens vendidas é superior a capacidade da aeronave) e pediu voluntários para ceder o lugar a pessoas que queriam embarcar. Como não houve voluntários, as portas foram fechadas e o avião começou a taxiar. No meio do caminho, parou:

— Ficamos preocupados, imaginando que poderia ser um problema técnico — disse.

A irritação começou quando o comandante do vôo anunciou que o avião, que já estava em procedimento de decolagem, voltaria para que “uma autoridade, um ministro embarcasse”. Os passageiros começaram a gritar que era um absurdo e que, se fosse para esperar qualquer um deles, a aeronave não voltaria. A comissária-chefe começou a negociar com os passageiros para que dessem lugar ao general e sua mulher, Maria Antonina de Albuquerque.

Depois de quase 20 minutos, um casal concordou em ceder lugar. Em compensação pela gentileza, segundo passageiros que estavam próximos aos dois, eles receberiam da TAM passagens de ida e volta para Paris. Os passageiros ainda esperaram mais 20 minutos pelo casal Albuquerque.

— Estava quente dentro do avião, estávamos irritados e ninguém entrava. O comandante pediu desculpas e disse que estávamos esperando o ministro — contou Costa.

Maria Antonina foi a primeira a enfrentar as vaias e gritos. Ficou desconsertada e imediatamente se sentou. A recepção ao general foi semelhante.


Fonte:
http://oglobo.globo.com/jornal/pais/192187568.asp

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