09 março, 2006

Solidão atingiria um em cada três adultos

09/03/2006 - 15h08m


Globo Online

LONDRES - Um em cada três adultos é solitário. Sendo as pessoas na faixa dos 40 anos as que mais sofrem de solidão, de acordo com estudo publicado na edição deste mês da revista médica "Journal of Clinical Nursing".

Pessoas com forte crença religiosa são menos propensas a serem solitárias, enquanto as que estão desempregadas informam altos índices de solidão, em comparação às que estão aposentadas.

O estudo, conduzido por pesquisadores britânicos e australianos, mostrou que 35% dos 1.289 voluntários que aceitaram participar de entrevistas telefônicas de 30 minutos, em Queensland, são solitárias.

- Entender o que faz as pessoas ficarem sozinhas é muito importante, pois a solidão pode aumentar o risco de doenças do coração, depressão e outros problemas com violência doméstica - comentou o professor William Lauder, da Universidade de Dundee, na Escócia, que passou dois anos trabalhando na Austrália.

Para o professor, o ponto mais interessante do estudo é que ele derruba a idéia de que a aposentadoria causa isolamento social e que a solidão é mais freqüente nos mais velhos.

- Esperamos que este estudo sirva de inspiração para profissionais de saúde e outros especialistas entenderem melhor a questão da solidão e para que sejam criadas formas eficazes de tratar as doenças decorrentes desta condição - comentou Lauder.

Co-autores do estudo, o professor Kerry Mummery, da Universidade de Queensland, e o professor de enfermagem Siobhan Sharkey, da Universidade de Stirling, ressaltaram alguns pontos da pesquisa:

- Menos de 50% das pessoas contatadas aleatoriamente pelo telefone concordou em participar do estudo. Todos tinham mais de 18 anos, com uma idade média de mais de 46 anos, e o número de homens e mulheres era praticamente igual (49,9% eram homens).

- As pessoas não necessariamente ficam sozinhas quando envelhecem. Excluindo o grupo de pessoas mais jovens, com 18 e 19 anos, o grupo que apresentou os menores índices de solidão foi o de pessoas na faixa dos 50 anos. O grau de solidão começa a crescer a partir dos 20 anos e chega ao seu pico entre os 40 e 49 anos.

- Os participantes que tinham uma forte crença religiosa eram menos propensos à solidão do que as pessoas sem religião.

- As mulheres se mostraram mais propensas a ter fé religiosa, o que fez os pesquisadores acreditarem que talvez essa seja a razão para que elas tenham mostrado menor tendência à solidão do que os homens.

- Aposentados são menos propensos à solidão que os desempregados.

- Não existe ligação significante entre o tempo em que a pessoa vive em determinada região com seu grau de solidão.

- Por outro lado, há claros elos entre renda pessoal e solidão. Pessoas com renda mais baixa têm níveis mais altos de solidão. Nesse ponto, o professor Laudre comenta que "atacar a solidão é muito importante, justamente por se tratar de um fenômeno bastante comum que ameaça a saúde. E estudos prévios já mostraram que da mesma forma que prejudica a saúde, a condição favorece a obesidade".

Fonte:

http://oglobo.globo.com/especiais/vivermelhor/mat/192204936.asp

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