09 março, 2006

Forma como casal debate assuntos tensos coloca o coração em risco

03/03/2006 - 13h58m


Agências Internacionais

NOVA YORK - A forma como o casal discute assuntos tensos, como dinheiro, educação dos filhos e obrigações diárias, pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de aterosclerose - endurecimento das artérias do coração.

Segundo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, as brigas de casais seriam prejudiciais para o coração de ambos, mas as mulheres teriam um maior risco de endurecimento das artérias coronarianas quando seus maridos são agressivos. Em contrapartida, o problema cardíaco é mais comum entre os homens quando ou ele ou a mulher tenta controlar a situação.

A pesquisa foi conduzida pelo professor de Psicologia Tim Smith, que apresentou os resultados de seu trabalho nesta sexta-feira durante o encontro anual da Sociedade Americana de Psicossomática, em Denver, nos EUA. Na apresentação, Smith ressaltou a influência dos fatores psicológicos na saúde física.

- As mulheres que assumem uma postura hostil durante as discussões correm um risco maior de sofrer de aterosclerose, especialmente se seus maridos também adotam tal comportamento - afirmou o professor.

Entre os homens, a hostilidade - dele ou dela - não teve relação com o problema cardiovascular. Entretanto, homens que se comportam de uma maneira dominadora ou controladora - ou cujas mulheres agem dessa forma - são mais propensos a apresentar bloqueios nas artérias coronárias, segundo Smith.

O professor afirmou que "o estudo sustenta um pequeno mas crescente corpo de pesquisas que sugerem que apesar dos benefícios para a saúde de ser casado, a qualidade da relação matrimonial interfere na saúde do coração".

- Conflitos são inevitáveis e fazem parte inclusive de relacionamentos magníficos. Mas a forma como a discussão é conduzida é importante não apenas para a continuidade da relação como para a saúde física do casal - ressaltou Smith.

O estudo foi feito entre 2002 e 2005 com 150 casais - homens e mulheres tinham, em sua maioria, em torno do 60 anos. Para verificar o comportamento dos casais, a equipe liderada por Smith levou os casais para um laboratório e os estimulou a discutir sobre algum tema que normalmente causava conflito e discórdia.

- Consideramos que as atitudes do casal durante a discussão refletiriam seu padrão de comportamento, apesar do bate-boca conjugal na frente de pesquisadores possivelmente esconder coisas que normalmente aparecem quando o par está sozinho em casa - explicou Smith.

Os pesquisadores relacionaram os diferentes comportamentos negativos (e seus níveis de intensidade) com o grau de calcificação das artérias coronarianas - medida que mostra o acúmulo de placas nas artérias que fornecem sangue ao coração.

- O único grupo de homens que teve índice baixo de aterosclerose foi aquele em que tanto os maridos quanto as mulheres eram capazes de conversar de forma controlada sobre questões em que discordavam. Isso mostra que a ausência de jogo de poder entre os casais pode trazer benefícios para a saúde do coração - comentou Smith.




Fonte:
http://oglobo.globo.com/especiais/vivermelhor/mat/192036016.asp

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