02 dezembro, 2005

Um compromisso com o Brasil

MINISTRO AMEAÇA DEIXAR O PAÍS
Enviado por Jorge Bastos Moreno - 1/12/2005 - 18:18

Acompanhei a entrevista de Zé Dirceu na companhia do ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes. As reações do ministro, todas em apoio ao que disse José Dirceu, eu conto depois, aqui ou na coluna. Eu vou contar pra vcs agora tudo o que conversei com Ciro sobre sucessão presidencial, política econômica, Serra, FH, Tasso Jereissati, Aécio Neves e ACM.-- Se Serra for presidente da República, eu volto pro estrangeiro. Não fico aqui. Não me sinto seguro com ele na presidência. Eu o conheço bem e sei que é um homem sem escrúpulo. A sorte do país e minha também é que o presidente Lula vai ser reeleito-- assim falou Ciro Gomes logo de cara, quando entrei no assunto da sucessão.Comecei perguntando : Se Lula não fosse, como é, candidato à reeleição, o senhor seria candidato?".Ciro admitiu realmente que ser presidente da República é um sonho que acalenta, tanto que foi candidato duas vezes. Como é jovem ainda, não descartou o projeto para o futuro. Mas confessou um certo enfado pela política. Seu temperamento, às vezes, reconhece, não combina com algumas coisas da política tradicional. Claro que Ciro mudou muito. Não é mais aquele jovem e impetuoso político que derrubou a si mesmo na campanha. Ele lembra que sua formação política aconteceu num estado onde os adversários costumam conviver democraticamente.Nesse seu enjôo pela política estão alguns ruídos provocados por incompreensões, precipitações, má fé e outros equívocos. Cita, a propósito, a sua briga mais recente, a que teve com ACM por supostas agressões que teria feitas contra o neto do senador, ACM Neto, durante uma palestra em São Bernardo, na semana passada. Ele lamenta que o senador não o tenha procurado antes de revidar as agressões que diz não ter feito.Ciro é só elogios para o presidente e o governo a que pertence. Dá a entender que por estar totalmente engajado no projeto de Lula é que adiou seu sonho. Ressalta ser isso uma questão de caráter e de ter megulhado "sem reservas" no projeto de Lula de transformar o país. Invoca a testemunha de políticos com os quais mantém até hoje uma relação de amizade e fidelidade, como Tasso Jereissati, para dizer que nunca foi homem de trair companheiro. Eu entendi que ele quis dizer que, se fosse candidato, seria uma traição ao presidente que o chamou para ser ministro, mesmo sabendo que seu projeto político era o de justamente se mostrar diferente como alternativa ao PT e ao PSDB.Sobre a política econômica, defende as posições de Dilma e Palocci e atribui as divergências ao um dimensionamento equivocado da mídia. Revela que a discussão sobre a política econômica sempre foi travada democraticamente dentro do governo como um instrumento saudável de subsídios ao presidente e ao próprio ministro da Fazenda. Ele, por exemplo, confessa que, nesses debates, costuma ser até azedo demais, sem que isso represente um questionamento ou divergências com aquilo que, no final, é sempre determinado pelo presidente. O ministro conta que, ao contrário do que muita gente imagina, quem mais briga pela execução de uma política econômica voltada para o social é sempre o presidente Lula. Graças a essa perseverança, diz ele, é que alguns indicadores se sobrepõem aos pontos negativos determinados pela conjuntura, como o PIB baixo. A determinação e coragem do presidente em avançar nas questões sociais, segundo Ciro, animam a equipe toda e, por isso, é que se conseguem resultados excelentes em determinados setores. São esses resultados positivos e, também, as demandas existentem é que levam o governo a querer ser testado nas urnas. Ciro, repete sempre, está engajadíssimo nesse projeto e por isso é um fervoroso defensor da reeleição do presidente. O ministro destaca que, independentemente de eventuais divergências, o projeto de construção de uma economia estável, de uma democracia consolidada e de um programa social abrangente, são partilhadas por uma nova geração de políticos que se preocupa com o país, ainda que defendam comandos diferentes para esse projeto. Cita, entre outros, seus amigos do PSDB como Tasso Jereissati e Aécio Neves, entre outros.Unidos na causa, eles não deixam de qualquer forma de ter alguns constrangimentos por estarem circunstancialmente separados. Evidentemente que não se pode tirar ilações de sua tese, mas dá a entender que os postulados que diz defender junto com o presidente Lula e com seus amigos do PSDB são incompatíveis com os projetos de José Serra. Em outras palavras, parece que Aécio Neves e Tasso Jereissati não se sentem empolgados com o projeto Serra. Essa conclusão é minha, não do ministro.Ciro não se aprofunda muito nas críticas à dupla Serra-FH. Informa que se sente de certa forma represado porque FH adotou como resposta a abertura de processos contra ele.-- A questão não é essa. Eu ganho todos os processos que ele move contra mim. Mas eu sou forçado a, a cada ação, pagar advogado para me defender. Então, criticar Fernando Henrique ficou, financeiramente, muito oneroso pra mim.
Fonte:
http://oglobo.globo.com/online/blogs/moreno/

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