27 dezembro, 2005

Banzé por causa de um coelho

26/12/2005 - 20h15m
Jovem acusada de agredir veterinária consegue liberdade na Justiça

Daniel Engelbrecht - Globo Online

RIO - A juíza da 20ª Vara Criminal, Maria Elisa Peixoto Lubanco, concedeu, no início da noite desta segunda-feira, liberdade provisória à filha da advogada Cláudia Marinho, de 40 anos, Lívia, de 20 anos. Filha e mãe são acusadas de terem agredido e mantido em cárcere privado a médica veterinária Márcia Lilian Pereira de Lima, de 26 anos, na sexta-feira. A jovem estava presa há quatro dias e já tinha tido um pedido de hábeas-corpus negado pela Justiça, no sábado.

A estudante de artes cênicas é acusada de agredir, torturar e manter em cárcere privado a veterinária Márcia Lilian Pereira de Lima por causa de uma coelha - está presa há três dias na Polinter, sob a acusação de ter participado do crime.

Segundo a advogada, Lívia, presa em flagrante por policiais militares momentos depois, não teve participação efetiva na briga.

- Ela estava no computador com meu sobrinho quando começou a confusão. Ela veio, claro, para me ajudar, mas ficou só nisso. Não é verdade que ficou com uma faca mantendo a veterinária presa. O edifício tem câmeras que marcam o horário e vão provar que tudo não levou mais do que 40 minutos.

A mãe, que não se apresentou a polícia, disse ao jornal "O Globo", por telefone, que tudo não passou de uma briga e que as denúncias são um exagero. Cláudia alegou ter ficado desesperada quando sua coelha Gia começou a passar mal depois de receber um medicamento prescrito pela veterinária.

- Eu amo mais a minha coelha do que minha filha e meu marido - disse Cláudia.

Cláudia contou que, por diversas vezes, tentou falar com a veterinária depois que descobriu que o remédio Natalene não era indicado para coelhos. Moradora da Barra, onde vive num apartamento na Avenida Sernambetiba com a coelha e o marido, Cláudia afirmou que Gia quase morreu e está com suspeita de falência renal. No início do mês, a coelha, que tem três anos e meio, fez tratamento contra sarna nas orelhas:

- Conheço diversos veterinários no Rio e todos disseram que esse remédio não poderia ter sido passado em hipótese alguma para a coelha. Esse remédio inclusive é proibido em diversos países. Nas vezes em que tentei falar com a veterinária, ela foi arrogante e não quis levar a sério o problema.

A advogada conta que pediu para um sobrinho marcar o encontro no apartamento da filha, na Rua Pio Correa, no Jardim Botânico, porque seria a única forma de conversar com Márcia e cobrar explicações:

- Quando ela chegou, ainda quis tirar uma onda, dizendo que não tinha feito nada de errado. Fiquei louca e desesperada porque ela estava fazendo pouco-caso. Houve uma discussão e uma briga. É claro que eu estava mais exaltada, mas as agressões foram dos dois lados, tanto que estou marcada.

Cláudia confirmou que pegou uma faca para cortar o rabo-de-cavalo da veterinária e que, como não conseguiu, optou por uma tesoura. Ela negou, no entanto, que tenha mantido Márcia em cárcere privado por três horas, como afirma a veterinária, obrigando-a a tomar o restante do medicamento:

- Não haveria possibilidade de acontecerem essas agressões covardes porque ela estava acompanhada de uma moça, que se dizia estagiária.

Cláudia admite que errou quando pegou as chaves do carro de Márcia e saiu com o veículo, mas garante que não tinha intenção de roubá-lo:

- Como houve bagunça no prédio, pensei apenas em tirar o carro dela da garagem. Tanto que ele foi achado bem perto.

Dizendo-se defensora dos animais, a advogada revelou que cria 15 cachorros e 15 gatos doentes ou recolhidos da rua em outros dois imóveis: um outro apartamento na Avenida Sernambetiba e uma casa em Jacarepaguá.

Fonte:
http://oglobo.globo.com/online/rio/189747815.asp

Nenhum comentário: