13 dezembro, 2005

Cérebro usa emoções para tomar decisões que envolvem incerteza

12/12/2005 - 09h14
RICARDO BONALUME NETO
da Folha de S.Paulo

Em uma parceria rara, economistas e pesquisadores do cérebro se juntaram para entender como o ser humano lida com a incerteza na hora de tomar decisões. E descobriram que a necessidade de fazer escolhas em condições ambíguas ativa as áreas cerebrais ligadas às emoções.

Até agora, os pesquisadores tinham se concentrado mais em entender o processo de tomada de decisões ligado ao "risco", a situações com graus diferentes de probabilidade de um resultado.

Faltava entender melhor aqueles casos em que a falta de informação produz incerteza.

Os economistas e neurocientistas decidiram checar o que se passa no cérebro nesses momentos, usando técnicas já clássicas de imageamento das áreas ativadas pelo metabolismo do órgão.

Teoricamente, "as únicas variáveis que deveriam influenciar uma escolha incerta são as probabilidades julgadas de resultados possíveis e a avaliação desses resultados", escreveram Ming Hsu, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, e colegas, em artigo na última edição da revista "Science" (http://www.sciencemag.org).

A incerteza faz com que os eventos sejam classificados como "arriscados" ou "ambíguos" -nesse último caso, quando há falta de evidência para uma avaliação de probabilidade de risco. Na prática, experimentos têm demonstrado que muitas pessoas são mais propensas a apostar em eventos "arriscados" do que em "ambíguos", mesmo que a probabilidade seja a mesma.

Os estudos de imageamento cerebral mostraram que, ao avaliar uma escolha "arriscada" ou uma "ambígua", diferentes áreas do cérebro são ativadas. Ao avaliar a ambigüidade, o cérebro ativou a amígdala e o córtex orbitofrontal.

Para os cientistas, a compreensão das bases neurais da escolha em meio à incerteza é importante porque isso é comum em sociedade, com exemplos que vão desde a escolha de uma aposentadoria até a tomada de decisões militares.

Especial

Leia o que já foi publicado sobre o Instituto de Tecnologia da Califórnia


Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u14040.shtml


Comentário:
O neurocientista Antonio Damasio Este trabalho não é novo, na trilogia dos livros de Antonio Damasio (foto), "O mistério da Consciência", "O Erro de Descartes", "Em busca de Espinosa". O neurocientista relata as mais recentes experiências neste campo, e para ser mais simples, mostra que a antiga frase: "Penso, Logo, Existo", deveria ser: "Penso, Sinto, Logo Existo" (que aliás, é o título deste blog), pois do contrário que alguns iluministas escreveram, sem as emoções, o ser humano é levado a tomar muitas decisões também desconcertantes. Vale a pena ler todos os 3 livros.

Nenhum comentário: