07 dezembro, 2005

Desempregada vive com 6 filhos e 5 netos em barraca na Avenida Brasil

07/12/2005 - 08h31m
Guilherme Russo - Diário de S.Paulo

Foto de Daniel Mobilia, do Diário de S.Paulo SÃO PAULO - A doméstica desempregada Rosana Lima da Silva, de 45 anos, está vivendo há cerca de três meses com seis filhos e cinco netos em uma barraca improvisada de menos de 2 metros quadrados no canteiro central da Avenida Brasil, próximo à esquina da Rua Veneza, no Jardim Paulista, na zona oeste de São Paulo. Duas filhas têm 22 e 24 anos e também estão desempregadas. Os demais são crianças com idades de 2 a 14 anos, que vivem em condição de miséria absoluta em um dos bairros mais ricos da cidade.
- E cabe todo mundo! Coração de mãe é grande... Pé com cabeça, cabeça com pé - disse Rosana. Uma lona amarela amarrada a duas árvores chama a atenção dos motoristas que passam pelo local. Dentro, papelões forram o chão de terra. Três sacos de lixo e um criado-mudo guardam os poucos pertences de todos: poucos brinquedos e roupas. A família possui dois cobertores e uma capa de colchão. Uma plantinha está em um dos cantos do acampamento.
- Minha filha trouxe para enfeitar a casa. Ela disse que é para fazer uma árvore de Natal, quer que o Papai Noel venha - disse.
Rosana afirmou que ela e suas filhas mais velhas fazem as necessidades no Parque do Ibirapuera, há cerca de 500 metros do acampamento. Segundo Rosana, as crianças usam o mato do canteiro.
- Tentei aposentar meu filho, no ano 2000, para ver se (o dinheiro) pagava pelo menos um aluguel, mas não consegui.
O menino de 14 anos tem paralisia cerebral e epilepsia. Sua cadeira de rodas é usada para "trancar" a barraca durante a noite.
- Se alguém mexer, a gente acorda - disse.
Outra filha, de 12, se queimou na barriga, nos braços e nas pernas, há cerca de três anos.
Rosana disse que está na rua com os filhos e netos há cinco anos e nesta região há cerca de dois. Contou que sofreu um golpe do marido, que vendeu o barraco em que moravam em uma favela na zona sul com tudo que tinha dentro.
- Me sinto vitoriosa, com muito orgulho, de manter meus filhos e netos na escola sendo moradora de rua - disse.
Para cozinhar, a família improvisa um fogão com uma lata de refrigerantes cortada e duas pedras, para apoiar a única panela. Rosana disse que, na segunda-feira, fritou lingüiças para a família. Ontem, havia seis batatas, meio pimentão verde e alguns pães amanhecidos no local. A ex-doméstica pretendia fazer uma sopa com os alimentos.
A família vive com cerca de R$ 20 que ganha por dia, no semáforo da Rua Veneza com a Avenida Brasil, e da ajuda que recebe do advogado Ademar Gomes. Ele fornece uma cesta básica por mês à família e dá dois litros de leite por dia.

Fonte:
http://oglobo.globo.com/online/plantao/189557978.asp

Nenhum comentário: