30 maio, 2006

Privilégios adquiridos - e queridos - e não direitos adquiridos

30/05/2006
Um petista de coragem
O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, teve uma postura inegavelmente corajosa ao defender, publicamente, o fim dos "direitos adquiridos" para cortar privilégios de funcionários públicos. Atrelou, portanto, o arranjo dos gastos públicos, com redução das despesas em aposentadorias e salários, ao crescimento econômico.

É uma frase dura para ser dita em qualquer época no ano, ainda mais em período eleitoral. Acrescente-se aí o fato de que as corporações, em especial de funcionários públicos, têm muita força no PT. A verdade, porém, é que vai se disseminando a visão de que o Estado como está, sugando impostos, forçando os juros e investindo tão pouco, dificulta o crescimento e, portanto, a geração de empregos. Dificulta também a ampliação de programas sociais, capazes de melhorar oportunidades e distribuir renda.

Tarso investiu contra o conceito de "direitos adquiridos", muitas vezes, na verdade, privilégios adquiridos. Chegou a lembrar que, no passado, senhores de escravos eram contra o fim da abolição, argumentando com seus "direitos adquiridos."

Mais cedo ou mais tarde (quanto mais cedo melhor), veremos todos que o que existe de mais progressista no país é gastar bem o dinheiro para termos uma sociedade com menos miséria e mais educação. Chegamos ao ponto em que três milhões de aposentadorias de servidores federais custam R$ 76 bilhões, enquanto o Bolsa-Família, que chega a oito milhões de famílias, sai por R$ 5 bilhões.

Gilberto Dimenstein, 48, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às terças-feiras

Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/ult508u299.shtml

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