10 maio, 2006

Ex-servidora diz que 170 parlamentares estão envolvidos com a máfia da ambulância

09/05/2006 - 22h59m



Jailton de Carvalho - O Globo
Globo Online
Jornal Nacional

BRASÍLIA e CUIABÁ - A ex-servidora do Ministério da Saúde presa na operação Sanguessuga, que investiga a máfia das ambulâncias superfaturadas, disse em depoimento que 170 parlamentares receberam propina da quadrilha. Maria da Penha Lino passou cinco horas em depoimento à Polícia Federal e ao Ministério Público, depois de um acordo que pode reduzir sua pena em caso de condenação.

Entre os deputados supostamente envolvidos no esquema, ela citou os nomes de João Grandão (PT-MS), Jovair Arantes (PTB-GO), Almerinda de Carvalho (PMDB-RJ), Carlos Dunga (PTB-PB), Feu Rosa (PP-ES), Ann Pontes (PMDB-PA) e Inaldo Leitão (PL-PB), além do senador Ney Suassuna (PB), líder do PMDB. A servidora disse ainda que a deputada Denise Frossard (PPS-RJ) não participaria do esquema. Maria da Penha também denunciou um esquema de fraude em São Paulo, citando os nomes dos deputados federais Gilberto Nascimento (PMDB-SP) e Jefferson Campos (PTB-SP).

Eduardo Mahon, advogado de Maria da Penha, disse que ela negou envolvimento com a máfia das ambulâncias, que, segundo investigação da PF, cobrava propina para fazer emendas ao Orçamento que beneficiassem os municípios atendidos pela Planam, empresa que vendia as ambulâncias superfaturadas.

- Ela sabia da participação de um terço da Câmara dos Deputados, mas conseguiu enumerar um pouco menos do que isso, mas não se afastou desse número - disse Eduardo Mahon, depois de acompanhar o depoimento de Maria da Penha ao delegado Tardelli Boaventura e ao procurador da República Mário Lúcio Avelar.

As comissões teriam um limite.

- Da emenda, o deputado chegava a receber de 5% a 20%. Os deputados cobravam 50%, muitas vezes cobravam 100% de cara na liberação da emenda - conta o advogado.

A ex-servidora detalhou até a forma de pagamento.

- Saía do banco, o dinheiro, com determinado motorista, com determinada pessoa, com os donos da Planam, diz ela, e entregavam no Congresso Nacional diretamente pros gabinetes. Esse dinheiro era dividido no blaser das pessoas, eventualmente, que passavam pelo rastreador de metais. Era colocado nas meias, nas cuecas, era escondido em malas, em livros, enfim, e passados pelo rastreador de metal e era entregue para os deputados, diretamente - conta Eduardo Mahon.

Maria da Penha está presa desde quinta-feira passada e deverá permanecer por, pelo menos, mais cinco dias. No mesmo dia da prisão, foi exonerada do cargo.

A PF prendeu semana passada os ex-deputados Carlos Rodrigues (PL-RJ) e Ronivon Santiago (PP-AC) e mais 44 pessoas, entre assessores parlamentares, empresários, comerciantes e funcionários públicos acusados de envolvimento com o esquema. Entre os presos estão 12 assessores de parlamentares federais.

Numa conversa gravada pela PF, com autorização judicial, o empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin, dono da Planam, apontado como o chefe da organização, se vangloria da base parlamentar que estaria a serviço da quadrilha.

Fonte:

http://oglobo.globo.com/online/pais/mat/2006/05/09/247111716.asp

Nenhum comentário: