17 abril, 2006

Walk On - A jornada espiritual do U2

Enviado por Rafael Rodrigues - 15/4/2006 - 15:27

Walk On - A jornada espiritual do U2  W4 Editora Steve Stockman, 188 páginas




A banda de rock irlandesa U2 não se envolveu em questões políticas e religiosas “de uns tempos pra cá”. Bono Vox, vocalista do U2, não é um oportunista em busca de um Prêmio Nobel da Paz. Se você pensa dessa maneira ou ouviu alguém dizer isso, seus problemas acabaram.

“Walk On – A jornada espiritual do U2” (W4 Editora, 188 págs.) esclarece essas e outras questões. Escrito por Steve Stockman, ministro presbiteriano na Irlanda, o livro traça um paralelo entre a carreira do U2 e a relação de seus integrantes com religião e política.

Nascido em Dublin, na Irlanda, no final dos anos 70, o U2 tem, desde seu primeiro disco (“Boy”), escrito letras inspiradas na fé de seus integrantes (o cristianismo), nos acontecimentos que presenciaram na Irlanda e, posteriormente, no mundo.

(“Boy”, aliás, foi gravado numa época em que os membros da banda – exceto Adam Clayton, baixista – faziam parte de um grupo de estudos bíblicos).

A religião quase foi responsável pelo fim do U2. “Enquanto a banda estava fazendo uma turnê, entre ‘Boy’ e a gravação de ‘October’ – segundo álbum do da banda –, um membro da comunidade da região norte de Dublin dizia ter recebido uma profecia de que Deus queria que a banda parasse de tocar.”

O U2 não parou, e aquele foi um momento decisivo para o grupo. E então eles sentiram na pele que, se seguida a ferro e fogo, a crença religiosa pode ser um grande problema. De certa forma, os integrantes do U2 romperam com uma religião específica em “October”, mas não romperam com a fé que os moviam – e os move até hoje. É nesse álbum que Bono canta “Somente em você eu me completo”, dirigindo-se a Deus.

“War”, terceiro disco da banda, é o mais rebelde dos álbuns do U2. Em 1983, Bono declarou “Eu penso que, no final das contas, o grupo é totalmente rebelde por causa de nossa postura contra aquilo que as pessoas entendem ser rebeldia. Aquela coisa toda de estrelas do rock jogando seus carros dentro da piscina – isso não é rebeldia... Rebeldia começa em casa, em seu coração, em sua recusa de comprometer suas crenças e seus valores...”. É em “War” que está “Sunday Bloody Sunday”, música inspirada em duas datas terríveis para a memória dos irlandeses, e uma das mais famosas músicas do U2.

Tudo isso é explicado por Steve Stockman. Citando versos de canções e declarações dos integrantes da banda, além de, é claro, muita pesquisa.

Mas não se trata apenas de um livro sobre o U2. Ele não se resume a isso. “Walk On – A jornada espiritual do U2” é quase que um livro de História contemporânea, tamanhas são as referências que o autor faz a fatos históricos do século XX e início do século XXI.

Mais que uma análise das mensagens religiosas e políticas por trás dos álbuns do U2, o livro força o leitor questionar a religião em sua essência e a sua própria postura religiosa. O que o torna uma obra universal, pois apesar de estar ligada às canções da banda irlandesa, ela faz reflexões acerca da influência que a religião exerce sobre as pessoas em todo o mundo, e NO mundo.

De brinde, ainda conta detalhes da carreira dos quatro rapazes de Dublin.

Livro fundamental para os fãs da banda, altamente indicado para quem gosta de literatura e, de quebra, uma boa base para aqueles que questionam o posicionamento cristão.


Fonte:
http://oglobo.globo.com/online/blogs/paralelos/

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