17 abril, 2006

Pode não dar lucro. Mas tem de dar resultado

13/4/2006

Peter Drucker foi um dos primeiros gurus dos negócios a se interessar pelo Terceiro Setor. Impressionado com o crescimento e o impacto de centenas de organizações sem fins lucrativos que oferecem serviços de caráter público em vários cantos do mundo, ele fundou a Peter F. Drucker Foundation for Nonprofit Management -- hoje Leader to Leader Institute --, que tem como missão apoiar o desenvolvimento de líderes sociais e estimular a criação de parcerias com governos e empresas. "O setor social vai determinar, em grande medida, os valores, a visão e o desempenho da sociedade do século 21", dizia Drucker. O pai da administração moderna despertou outros especialistas para o tema. Um deles é o americano Jim Collins, co-autor do clássico Feitas para Durar. Collins lançou nos Estados Unidos Good to Great and the Social Sectors, uma espécie de monografia-adendo ao seu livro "Good to Great", de 2001, lançado em português como Empresas Feitas para Vencer. Em "Empresas Feitas para Vencer", Collins analisou, com base em um estudo com 1. 435 companhias, os fatores que levaram empresas medianas a dar um salto de excelência. Na nova obra -- um livreto de 35 páginas --, ele mostra como esses princípios se aplicam a organizações sem fins lucrativos. "As entidades sociais precisam desesperadamente de disciplina -- no planejamento, na administração das pessoas, na alocação de recursos", afirma Collins. "Ainda que não precisem gerar lucro, têm de criar uma engrenagem econômica que as permita alcançar sua missão". Collins baseou suas análises em entrevistas com mais de 100 líderes sociais -- de organizações tão diferentes quanto a Cruz Vermelha, a Universidade Harvard e a Orquestra de Cleveland. Na obra, ele discorre sobre a forma como essas instituições medem seus resultados e sobre como enfrentam o desafio de fazer com que eles sejam consistentes ao longo do tempo. Na impossibilidade de recorrer a indicadores clássicos de negócios -- como retorno sobre o investimento --, as organizações sociais deveriam se concentrar, segundo o autor, em buscar indicadores que reflitam a essência de suas propostas. Foi essa visão que levou o Departamento de Polícia de Nova York, por exemplo, a medir a redução da taxa de criminalidade -- e não o número de prisões ou os gastos em relação ao orçamento. Collins também defende que a marca tem um papel essencial no sucesso dessas instituições. "A reputação da marca é o que leva as pessoas a apoiá-la", afirma. Uma das constatações mais interessantes diz respeito ao perfil da liderança. O conceito do líder nível 5 de Collins mostra ser ainda mais importante em organizações sociais do que em empresas. Isso porque líderes com esse perfil combinam humildade pessoal e profissional com uma enorme capacidade de influência -- algo fundamental nas complexas estruturas de governança do Terceiro Setor. "Organizações sociais freqüentemente olham para as empresas em busca de talentos e modelos de liderança", diz Collins. "Mas suspeito que a verdadeira liderança está no setor social, e não no empresarial".

Fonte: Cynthia Rosenburg / Revista Exame
Fonte na Web: http://www.revistadigital.com.br/namidia.asp?CodMateria=3177

Leia meu comentário:
http://cpi-chega-a-cabral.blogspot.com/2006/04/no-precisar-ser-um-peter-druker.html

Nenhum comentário: