25 abril, 2006

Notas da Unicamp desfazem mito

RIO - Enquanto as universidades federais aguardam a decisão sobre o projeto que prevê a utilização do sistema de cotas no vestibular, a comissão do concurso da Unicamp colhe os primeiros resultados do Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social (Paais), cujo objetivo é a inclusão, sem reserva de vagas. De acordo com levantamento feito pela universidade, em 30 dos 56 cursos da Unicamp, o desempenho dos estudantes do Paais, no primeiro semestre de 2005, foi melhor do que o dos demais alunos (ficou 5% acima, em média). Entre os cursos com este resultado estão medicina, odontologia, física noturno, engenharia agrícola, tecnologia em construção civil, estatística e música (composição).

Aprovado em 2004 pelo Conselho Universitário, o programa foi iniciado no concurso 2005. No Paais, os estudantes que comprovarem ter estudado todo o ensino médio na rede pública ganham 30 pontos a mais na nota final da segunda fase. Candidatos autodeclarados pretos, pardos ou indígenas, que cursaram o ensino médio na rede pública, também podem ter, além dos 30 pontos, mais dez pontos na nota final.

- Esta é uma ação que leva em consideração o mérito do aluno. Numa prova em que a média é 500 pontos, ganhar 30, 40 pontos não é exagero. O objetivo é dar chance a quem tem menos poder aquisitivo - diz Maurício Kleinke, coordenador de pesquisa da Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp (Comvest).

O coordenador-executivo da Comvest, professor Leandro Tessler, explica os méritos da pesquisa sobre os rendimentos nos cursos:

- Estamos atacando um mito, pois é comum ouvirmos que o acesso de estudantes de escola pública levaria a uma diminuição na qualidade de ensino nas universidades públicas e, até mesmo, que estes alunos não teriam bom desempenho durante o ano letivo. O que estamos divulgando é justamente o contrário.

Em 2005, dos 2.829 alunos ingressantes na universidade, 931 utilizaram o Paais e 1.898 não optaram pelo sistema.

O programa aumentou o número de ex-alunos de escolas públicas matriculados na Unicamp. Em midialogia, por exemplo, um curso bastante disputado na área de comunicação, o percentual de egressos da rede pública matriculados em 2004 foi 6%; em 2005, 10% e, em 2006, 33%. Em medicina, o percentual de egressos da rede pública matriculados foi 9%, em 2004. Em 2005 chegou a 31% e, em 2006, caiu para 17%.

- Em 2005 havia uma demanda reprimida na medicina e muitos aproveitaram a novidade do programa - diz Maurício.

Em 2006, o total de alunos oriundos de escolas públicas aprovados na Unicamp foi 31,96%, percentual maior do que o de estudantes da rede inscritos no concurso, 31,31%.

As inscrições para o vestibular da Unicamp serão pela internet, de 28 de agosto a 6 de outubro. Mais informações no site http://oglobo.globo.com/online/educacao/plantao/2006/04/25/246945646.asp

Nenhum comentário: