04 abril, 2006

O incrível preço de uma passagem de ônibus

28/03/2006

Foram escolhidas na cidade de São Paulo 51 escolas da rede municipal para indicar o nome de bons alunos a fim de concorrer a uma seleção do Colégio Objetivo --os vencedores ganhariam mensalidade gratuita, ajuda de custo e cursinho pré-vestibular. O propósito explícito do colégio: amealhar alunos superdotados. O propósito implícito: destacar-se nos resultados do vestibular.

Foram enviadas centenas de nomes, submetidos a seleções realizadas por psicólogos e por pedagogos. Muitos não passaram porque não eram tão bons alunos e não exibiram desempenho acima da média nos testes de inteligência.

Uma boa parte dos que passaram desta fase não foram para frente, porém, porque não tinham como pagar uma passagem de ônibus para realizar os exames. Perderam, portanto, a chance de ter apoio para desenvolver seus talentos.

Esse é apenas um ínfimo detalhe do principal desperdício brasileiro --o desperdício de talentos. Nada deveria chamar mais a atenção do país do que a quantidade de engenheiros, médicos, advogados, arquitetos, pintores, que estamos deixando de produzir, apenas por falta de apoio.

No lugar deles, nascem assaltantes, traficantes, seqüestradores. Quanto mais inteligentes forem os cidadãos deixados de lado, mais articulados e perigosos serão os criminosos e maior nossa insegurança.

Isso é quanto pode custar uma simples passagem de ônibus.

Comentários desta coluna estão no www.dimenstein.com.br.


Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/ult508u289.shtml


Comentário:


Exemplo igual a este que você escreveu, passou o Ronaldo quando jogava no Rio de Janeiro e não tinha como pagar as 6 passagens de ida e volta para jogar no Flamengo, acabou no Cruzeiro.

Mas se as passagens fossem custeadas, então o ‘garoto perdido’ iria para a escola, concluiria o segundo-grau, iria para a faculdade no sistema de cotas. Voltaria com o diploma. E então? E o emprego dele? Será que seria pior ele se formar? Já que a premissa que você invocou seria de que uma mente talentosa sem estar ‘ocupada’ iria-se voltar para o sub-mundo, e como você mesmo escreveu há alguns dias, ele se tornaria uma pessoa de alto grau de escolaridade frustrado, como acontece na França hoje.

A conclusão que chego nos seus dois textos, é que então as autoridades NÃO poderiam então formar tantos jovens em universidades SEM dar emprego a todos!

É assim que os governantes agem então?

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