20 outubro, 2005

O problema são os adultos

20 de outubro de 2005
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19/10/2005 - 19h03m

Maus-tratos, tráfico e incesto provocam fuga de crianças e adolescentes
Globo Online

SÃO PAULO - Problemas como maus-tratos, violência doméstica, tráfico de drogas e incesto são fatores de risco para o desaparecimento de crianças e adolescentes. A conclusão é do estudo causal sobre o desaparecimento infanto-juvenil, apresentado nesta quarta-feira durante o I Seminário Estadual Projeto Caminho de Volta, promovido pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), com a presença de autoridades e entidades ligadas à questão do desaparecimento de menores. O estudo comparou o ambiente de 170 famílias que tiveram crianças e adolescentes desaparecidos em São Paulo com 200 famílias que não vivenciaram episódios de desaparecimento, mas moravam na mesma rua e possuíam filhos na mesma faixa etária. Financiado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, o estudo foi iniciado em dezembro de 2004. O levantamento foi feito nas famílias cadastradas no Projeto Caminho de Volta: Busca de Crianças Desaparecidas em São Paulo, uma iniciativa da FMUSP em parceria com a Secretaria da Segurança Pública. Implantado há um ano, o projeto auxilia a Polícia Civil na localização e identificação das crianças desaparecidas por meio de um banco de DNA, e dá suporte psicológico às famílias e aos menores durante o processo de busca e reintegração familiar. Em 12 meses de atividades, o Projeto Caminho de Volta: Busca de Crianças Desaparecidas no Estado de São Paulo atendeu 184 famílias de crianças e adolescentes desaparecidos na Capital (89%) e Interior (11%). Foram 99 meninas e 85 meninos, entre 0 e 18 anos. Segundo levantamento do Projeto Caminho de Volta, 76% dos casos referem-se especificamente a fugas de casa (os demais casos são de seqüestros e raptos). As razões que levaram os menores a fugir foram maus tratos (35%), alcoolismo (24%), violência doméstica (21%), drogas (15%), abuso sexual/incesto (9%) e negligência (7%). O levantamento concluiu, também, que a maioria das fugas (54%) se deu pela primeira vez e 46% foram recorrentes. Com relação a distúrbios de conduta das crianças, o levantamento aponta que 9% tinham envolvimento com álcool, 9% tinham envolvimento com drogas, 2% eram infratores, 5% tinham envolvimento com álcool e drogas, 1% com álcool e algum tipo de infração, 5% com drogas e algum tipo de infração, e 5% com álcool, drogas e algum tipo de infração. Outro dado que chama a atenção é que 14% dos que fugiram tinham alguma deficiência física e/ou mental. No item escolaridade, a pesquisa revela que 40% das crianças estavam cursando o ano regular. Havia grande defasagem escolar em 14% das meninas e 23% dos meninos. A maioria dos menores desaparecidos (70%) mora nas zonas leste e sul da capital. Com relação ao local de nascimento, 76% são de São Paulo, 16% do Nordeste e 8% de outros Estados. Em 12 meses do Projeto Caminho de Volta, 110 crianças e adolescentes (60%) foram encontradas, sendo que a maioria voltou para a casa espontaneamente. O Projeto entrevistou 49 crianças que retornaram a seus lares.

Fonte:
http://oglobo.globo.com/online/plantao/188857420.asp

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