27 outubro, 2005

Identificação de americanos vindos do Brasil

Brasileiros inauguram novo sistema de identificação nos EUA

Paulo Cabralde
Washington

Tom Ridge examina dispositivo de identificação em passageiro chileno chegando em Atlanta

Um vôo da Varig vindo do Brasil inaugurou o novo sistema de imigração através do qual estrangeiros com um visto tem suas impressões digitais e fotografias tiradas quando entram no Estados Unidos.
Os brasileiros que chegaram à 6h50 (hora local, 9h50 em Brasília) disseram que o processo foi rápido e fácil, mas também desagradável.
Apesar de a maioria dizer entender a necessidade dos serviços de segurança americanos todos também afirmaram que não gostaram da experiência e aprovam a reciprocidade colocada em prática no Brasil.
"Foi bem rápido e eficiente, mas não deixa de ser embaraçoso. Eu faço muitas viagens internacionais e é a primeira vez que tenho de passar por algo assim ", disse gerente de produção, Carlos Pimenta, que mora há três anos nos Estados Unidos
"Maravilhoso"
Pimenta disse que está muito satisfeito com a decisão do governo brasileiro de também tirar a impressão digital dos americanos que chegam ao país.
"Maravilhoso", respondeu enfaticamente quando questionado sobre o plano brasileiro. "Tem muito mais chance de haver terrorista aqui nos Estados Unidos do que no Brasil."
A estudante Roberta Bortolotti, que faz mestrado em Ciência da Computação nos Estados Unidos, disse que teve a impressão de ter passado mais rápido pela imigração desta vez do que nas outras ocasiões em que entrou nos Estados Unidos.
"Em vez de ficarem examinando meus papéis um tempão foi só colocar o dedo no scanner, tirar um fotografia e passar", disse a estudante.
Privacidade
Mas apesar de na prática ter sido beneficiada, a estudante não gosta de saber que suas digitais e sua foto estão agora arquivadas em bancos de dados do governo americano.
"Acho errado ter a privacidade invadidade deste jeito, sem ter o direito de se recusar a tirar a impressão digital", diz. "Mas se eles estão fazendo isto aqui nos Estados Unidos acho certo que o Brasil faça o mesmo."
Mas a estudante não acredita que o procedimento vá aumentar a segurança ou reduzir o risco de ataques nos Estados Unidos.
Dupla nacionalidade
O engenheiro Alberto Figueiredo está livre de ter sua impressão digital tirada: casado com uma americana e com dupla nacionalidade ele usa o passaporte americano para entrar nos Estados Unidos e o brasileiro quando chega ao Brasil.
Figueiredo diz que entende a necessidade do governo americano de controlar melhor a identidade dos estrangeiros chegando aos Estados Unidos, mas acha que o Brasil não deveria ter respondido na mesma moeda.
"O Brasil precisa muito mais dos dólares do turismo americano do que eles precisam dos brasileiros", disse o engenheiro.
"Além disso os americanos quando chegam lá perdem um tempão e tem de sujar o dedo de tinta, enquanto aqui é tudo rápido e digital".
"Orgulho"
O argentino Juan Calcaño chegou a Washington em um vôo de Buenos Aires que pousou logo depois dos aviões que traziam passegeiros de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Calcaño apóia a decisão do Brasil de também exigir as impressões digitais de americanos, mas acha que o país tomou a decisão pelas razões erradas.
"Acho que todos os países do mundo deveriam fazer isto, mas por questões de segurança", disse.
"Acredito que fazer isso só por uma questão de orgulho, como fez o Brasil, não é certo."

Fonte:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2004/01/040105_digitalpc.shtml

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