10 outubro, 2005

Faça o que eu digo, mas não o que faço!

07/10/2005 - 20h26m
FMI revisa suas estruturas, mas mantém privilégios
José Meirelles Passos - O Globo

WASHINGTON - O Fundo Monetário Internacional (FMI) está em plena fase de reformas internas, revisando as suas políticas, métodos e procedimentos. No entanto, um setor dessa instituição que basicamente receita ajustes e cortes de despesas aos países em desenvolvimento, permanecerá intocado: o da sua generosa estrutura salarial e de benefícios. O orçamento dos gastos internos referente ao ano fiscal de 2006, iniciado em maio passado, é de US$ 937 milhões - um salto de US$ 156,2 milhões em relação ao de três anos atrás. Desse total, US$ 659,7 milhões vão para salários e benefícios, que incluem férias nos países de origem, com passagens - sempre classe executiva - pagas pelo Fundo, para o funcionário e toda a família, mais uma ajuda de custo para cada uma daquelas pessoas. Os salários, em si, vão muito bem, obrigado. Depois de um reajuste de 5,6% no ano passado, este ano os 2.802 funcionários da casa - eles vêm de 141 países distintos - receberam mais 3,6%. A lista é puxada pelo diretor-gerente, Rodrigo Rato. Além de um salário de US$ 31.365,00 por mês, ele tem direito a uma ajuda de custo para despesas pessoais equivalente a US$ 5.165,00 mensais. O total dá quase meio milhão de dólares: US$ 443.760,00 anuais. A número dois do FMI, Anne Krueger, ganha US$ 27.274,00 mensais - mas não recebe ajuda de custo extra. Cada um dos 24 diretores-executivos do Fundo (o brasileiro Eduardo Loyo é um deles), que representam os 184 países e tomam as decisões finais - entre outras coisas - sobre a aprovação dos programas econômicos dos países pobres, leva para casa US$ 16.394,00 mensais (US$ 196.730,00 por ano). Os economistas do Fundo - que representam dois terços do quadro de funcionários - ganham, dependendo do posto e tempo de casa, de US$ 6.292,50 a US$ 12.311,00 mensais. Um tradutor recebe de US$ 4,950,00 a US$ 7,434 por mês. O salário mais baixo é o dos motorista: varia de US$ 2.360,00 a US$ 3.538,00 mensais. - O FMI desenvolveu um sistema de compensação e benefícios internacionalmente competitivo, para recompensar o desempenho e levando em contas necessidades especiais de um quadro de funcionários multinacional e grandemente expatriado - justifica um trecho do atual balanço do FMI. Todos gozam de uma vantagem extra, além da passagem aérea e do dinheiro para despesas pessoais nas férias: eles são isentos do imposto de renda tanto nos EUA quanto em seu país de origem. Além disso, a educação formal de seus filhos também é paga pelo FMI até que eles completem 24 anos. Eles podem cursar universidade em qualquer país por conta do Fundo, menos nos EUA.

Fonte: http://oglobo.globo.com/online/economia/170171370.asp

Comentário:

Da mesma forma que nos últimos anos os investidores têm perdido dinheiro nas bolsas de valores, mas inacreditavelmente, os administradores de grandes empresas e fundos, têm seu salário aumentado. Acredite se quiser.

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