21 outubro, 2005

20/10/2005 - 22h35m
Ex-presidente dos Correios diz que já havia corrupção no governo passado
Globo Online
Agência Brasil
Agência Câmara

BRASÍLIA - O ex-presidente da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, Hassan Gebrim, admitiu nesta quinta-feira na CPI dos Correios que ocorreram irregularidades durante sua gestão na estatal, de 2000 a 2002. Nesse período, ele disse que abriu 40 procedimentos investigativos, entre sindicâncias e processos administrativos, para apurar indícios de fraudes, e que afastou os diretores da empresa no Pará e na Bahia. Gebrim disse que sabia da existência de uma quadrilha de funcionários da estatal que praticava fraudes nos contratos de fornecedores diversos. Após questionamentos do deputado Silvio Torres (PSDB-SP), Gebrim contou que, na sua gestão, reestruturou os Correios, trocando todos os diretores. Mas disse que fez por questão de competência, "porque alguns não tinham capacidade gerencial, e alguns já estavam há muito no cargo". Segundo Gebrim, na troca, o diretor-regional do Pará foi remanejado para o Rio de Janeiro, e decidiu levar alguns assessores. Entre eles, Maurício Marinho e Valdemir Freire Cardoso. Depois da troca, Gebrim percebeu que estava "se formando uma quadrilha no Rio de Janeiro", que era liderada por Valdemir. Ele disse que demitiu Valdemir, mas que o assessor conseguiu voltar para os Correios por decisão judicial e mais tarde foi requisitado para trabalhar no gabinete do ex-deputado Roberto Jefferson. O ex-presidente da estatal disse ainda que chegou a sofrer pressões políticas por ter retirado os grandes clientes das franquias, concentrando o atendimento nos Correios. Ele afirmou que, ao assumir a empresa em 2000, tomou conhecimento de uma série de irregularidades em contratos com franqueados, que teriam sido feitos sem licitação. Segundo ele, na tentativa de diminuir os prejuízos com esses contratos, em 2002 ele determinou que grandes clientes como bancos passassem a operar diretamente com a estatal. Gebrin disse ainda que autorizou a compra de 1.500 máquinas digitais para os franqueados por serem esses aparelhos imunes a fraude. - Houve uma reação muito forte dos franqueados, que conseguiram, inclusive, fazer uma pressão política contra mim. Vários parlamentares foram conversar comigo sobre o assunto, pedindo que essas decisões fossem revistas - disse Gebrin, para quem o Congresso pode ser considerado culpado pelas possíveis irregularidades nas relações entre os Correios e os franqueados. - Em 1998 e em 2004 o Congresso autorizou várias renovações de contratos, mesmo havendo pareceres do TCU alertando contra irregularidades. Os membros da CPI não perguntaram quais parlamentares o teriam pressionado. Gebrim disse ser contrário à volta dos grandes clientes para as franquias, ocorrida em 2005. O relatório do TCU mostra que em 2005 os Correios devem deixar de lucrar quase R$ 10 milhões por conta da perda desses clientes. Para o sub-relator da CPI deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), o depoimento mostra que os Correios foram palco de irregularidades sérias tanto no atual governo quanto no anterior.

Fonte:
http://oglobo.globo.com/online/pais/188880974.asp

Comentário:

Meu pai trabalha nos Correios há pelo menos 37 anos. A corrupção nesta estatá já é endêmica desde à época dos generais que os comandavam, durante à ditadura. Uma vez meu pai relatou-me uma visita que fez a sede dos Correios em Brasília, ainda na ditadura militar, segunto meu pai, até as torneiras do banheio de um determinado andar eram de ouro, os cinseiros também, só que para ninguém levá-los, eles estavam presos a uma grande coluna de mármore, que servia de base para o mesmo.

Não me digam que a corrupção no Brasil aumentou no governo Lula, é brincar com a inteligência do brasileiro, é claro que uma turma de dirigentes corruptas optou em MANTER o estilo dos bandidos dos governos passados, mas também dizer que votamos em Lula para mudar TUDO de uma só vez, é no mínimo, não conhecer a natureza humana. É difícil manter a integridade moral num meio onde isto é o que menos importa.

Como referência do assunto em questão, peguem um filme em sua locadora chamado: "Depois da Chuva", de Akiro Kurusawa, seu último roteiro. Não espere um filme de ação e intrigas do tipo Holliwoodiano, pois NADA supera a realidade em que vivemos - um filme noir.

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