22 setembro, 2005

Diga SIM, e não faça de seu voto uma arma!

21/09/2005 - 19h13m
Filme alemão abre o olhos para o pré-referendo sobre proibição das armas no Brasil
Bruno Dominguez - Globo.com

RIO - Empresário tem loja assaltada e casa invadida por ladrões. Amedrontado, decide comprar um revólver para defender-se da violência. Não, esta não é mais uma matéria sobre a insegurança na cidade. A frase que abre o texto é a sinopse do filme alemão "Willenbrock comprou uma arma", parte da mostra Panorama do Festival do Rio (com sessões nesta sexta-feira, 23, no São Luiz (16h30m e 21h30m), e terça-feira, dia 27, no Estação Botafogo 1 (16h30m). Apesar de a história do personagem-título se passar na Alemanha Oriental alguns anos após o fim do comunismo, o filme chega ao Brasil em foco com uma questão atual e local. Principalmente levando-se em conta a dúvida pré-referendo sobre a comercialização de armas de fogo no país: proibir ou liberar? Antes de ceder às pressões de um lugar tomado por bandidos e abandonado pela polícia - a cidade de Magdeburg, não o Rio de Janeiro -, Bernd Willenbrock (Axel Prahl) levava uma vida sossegada. Casado com Susanne (Inka Friedrich) - uma mulher que aceita as traições do marido em nome do sonho de ter filhos - e dono de uma rentável revendedora de automóveis, de um carro potente e de duas casas confortáveis, Willenbrock é a personificação de um homem bem-sucedido e auto-confiante. Mas a ilusão de felicidade do empresário começa a se desfazer após dois assaltos violentos. A invasão de sua loja e de sua casa é o estopim de uma crise pessoal e no casamento. Willenbrock enfim percebe que não é capaz de controlar todos os acontecimentos ao seu redor e a esposa começa a lhe cobrar a proteção que ele sempre havia oferecido. Alarmes e grades - também as primeiras opções dos cariocas que se sentem inseguros - não são suficientes para estancar a tensão. Ao experimentar a sensação de impotência pela primeira vez, o empresário acaba recorrendo à compra de uma arma de fogo. Com o símbolo máximo de força nas mãos, Bernd Willenbrock passa a viver um dilema comum a muitas outras pessoas que se armam: agora está mais seguro ou, ao contrário, guarda em casa uma bomba que pode explodir a qualquer momento? A partir dessa pergunta, o empresário inicia uma reflexão sobre conceitos como vida, morte, coragem e medo. O público provavelmente embarcará no pensamento de Willenbrock, um personagem bem-construído pelo escritor Christoph Hein (e adaptado para o cinema pela roteirista Laila Stieler) e exemplarmente interpretado por Axel Prahl, com toda a fragilidade e incerteza humana. A direção de Andreas Dresen é outro destaque do filme, que, apesar de tratar de um tema denso, consegue provocar risadas em cenas de humor refinado e suspiros em seqüências de amor e sexo. "Willenbrock comprou uma arma" promete agradar fãs de drama, suspense, comédia e romance, e, sobretudo, ajudar os indecisos na hora de escolher entre o "sim" e o "não" no referendo sobre a proibição da venda de armas de fogo no Brasil.

Fonte: http://oglobo.globo.com/online/cultura/169905190.asp


Comentário:

Não tenho carro. Eu e minha filha de 3 anos, voltamos para casa de ônibus diariamente. Certo dia, vi uma multidão em frente a um prédio, mais um carro de polícia. Pensei que fosse um assalto. No outro dia, perguntei ao trocador o que havia ocorrido, ele me disse que uma jovem de 18 anos havia suicidado com um tiro na cabeça. Motivo: brigou com o namorado. De quem era a arma? Do pai da garota.

Outro dia conversando com meu vizinho, que tem uma caminhonete, ele me disse que seu carro havia sido roubado. Perguntei o que o ladrão roubou, ele me disse: "levou o som do painel e a arma no porta-luvas...".
Pensei comigo, se dentro de casa o revolver já é perigoso, no porta-luvas de um carro, pior ainda. Imagine numa descusão de trânsito, o que pode ocorre se uma das partes envolvidas perder o controle? Em assaltos em que a vítima esboça uma pequena reação os ladrões já atiram por falta de auto-controle ou pelas drogas que usou, imagine se uma pessoa comum pode revidar com quem não tem nada a perder.

Acrescentem nos comentários seus casos em que uma arma salvou alguém ou casos que infelizmente a arma só trouxe desgraça para a família... Depois reflita sobre os casos.