18 janeiro, 2006

Medicina é nova locomotiva da economia de Cuba

Tom Fawthrop
de Havana


Cuba, que até pouco tempo dependia do turismo e da exportação de charutos e níquel para sobreviver, vem silenciosamente desenvolvendo um vigoroso setor de saúde que poderá transformar a cambaleante economia do país.


Segundo dados do Ministério da Saúde, a indústria do turismo (avaliada em US$ 1,8 bilhão) será superada em breve pelas empresas de biotecnologia, de exportações de vacinas e pelo fornecimento de serviços de saúde para outros países.

Os bem-sucedidos testes clínicos em vários países já estabeleceram Cuba como líder mundial em pesquisa e tratamento de câncer.

No ano passado, o orçamento de Cuba para a saúde foi impulsionado pelas exportações de produtos de biotecnologia – que dobraram para US$ 300 milhões – pelo atendimento a pacientes estrangeiros e pela exportação de outros produtos médicos, equipamentos e máquinas de diagnóstico.

Também no ano passado, uma empresa de biotecnologia foi aberta na China, em um empreendimento conjunto em que Havana oferece a transferência de tecnologia para tratamentos de câncer. Neste ano, Cuba está de olho no ocidente.


Fidel tenta investir nos recursos humanos

A empresa alemã de biotecnologia Oncoscience está realizando testes clínicos com o remédio anti-câncer TheraCIM h_R3, que ela espera registrar, e a empresa Cancervax, da Califórnia, deve testar outro tratamento cubano contra o câncer depois de Washington ter concordado em abrir uma exceção para o embargo comercial.

"Se conseguirmos acesso ao mercado ocidental, então este setor de alta tecnologia poderá se tornar a locomotiva de toda a economia cubana", disse o médico Rolando Perez, do Centro de Imunologia Molecular (CIM).

Motor para o crescimento

Desde que assumiu o poder em 1959, Fidel Castro tenta criar uma potência médica global, mas foi apenas em 1991, depois do colapso da União Soviética - que apoiava a ilha financeiramente - que o setor de saúde se tornou uma potencial fonte de receita.

Nos anos 90, Cuba se tornou o primeiro país a desenvolver e comercializar a vacina contra a meningite B, o que fez aumentar bastante as exportações do país. Depois, houve a procura pelas vacinas do país contra a hepatite B, que atualmente é fornecida para 30 países, entre eles China, Índia, Rússia, Paquistão e países da América Latina.

Agora, a esperança é que o setor de saúde ajude a transformar Cuba, cuja economia sofre depois de 40 anos de punições comerciais dos Estados Unidos e duas décadas de má administração econômica de Fidel Castro.

Recursos humanos

Segundo Fidel, o modelo de desenvolvimento de Cuba é baseado no direcionamento da riqueza para os recursos humanos e ciência para criar uma economia baseada no conhecimento em torno da saúde.

O presidente começou os investimentos em biotecnologia ainda nos anos 80.


Cuba conta com um médico para cada 170 pacientes

Duas décadas depois, as perspectivas de Cuba em uma era pós-Fidel parecem rosadas, com o setor da saúde em expansão e uma economia embriônica baseada no conhecimento.

Cuba mantém médicos em missões humanitárias no exterior e recebe estudantes estrangeiros para se graduar nas prestigiadas escolas de medicina do país.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, a ilha conta com um médico para cada 170 pacientes, em média, número superior ao dos EUA, onde a média é de um médico para cada 188 pacientes.

Cuba também fez um acordo com a Venezuela, país para o qual presta serviços de saúde em troca de petróleo, num valor estimado de US$ 1 bilhão.


Fonte:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2006/01/060117_cubamedicinaba.shtml

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