28 outubro, 2009

Onde erramos ao ouvir idéias ou apresentá-las aos outros

Como sempre gosto de fazer, vou apresentar o texto principal com uma pequena estória tirada do cinema, o autor do livro, a selecionou também, mas em outro exemplo. Este texto e muitos outros estavam na minha coleção de recortes sobre o título amplo: “Onde erramos ao ouvir idéias ou apresentá-las aos outros” que preparo para um dia fazer uma apresentação, talvez numa pequena oficina de criação. Faço isto por mim mesmo, já que sou campeão em não saber apresentá-las direito aos outros, eu tinha que ser bom em alguma coisa aqui nos meus 26 anos...



“...Nossas palavras compõem nossa identidade social tanto quanto nossa aparência e nosso comportamento, portanto uma trama de equívoco de identidade desnuda alguma das maneiras com as quais tentamos encobrir nossas intenções na língua.
Na comédia Tootsi, de 1982, Michael Dorsey (representado por Dustin Hoffman) é um ator desempregado que se disfarça de atriz de meia idade, Dorothy Michaels...” que faz amizade com uma jovem atriz, Julie Nichols (interpretada por Jessica Lange). Michael se apaixona por ela. Numa bate-papo entre as duas, a jovem se solidariza-se com Dorothy, “falando de como é difícil ser solteira nos tempos modernos:

Sabe o que eu queria? Que um cara fosse honesto o suficiente para falar direto para mim, na cara: Olha, sabe, também estou confuso com isso tudo. Eu podia te encher de papo furado, fazer um grande teatro. Mas a verdade pura e simples é está: acho você muito interessante. E gostaria de fazer amor com você”. Simples assim. Não seria um alívio?.

Mais tarde, no filme, um capricho do destino coloca Julie lado a lado de Michael, irreconhecível, num coquetel em Nova York. Michael se aproxima dela no balcão do bar:

Oi. Micke Dorsey. Bela vista, hein? Sabe, eu podia te encher de papo furado. E podíamos ficar fazendo um grande teatro. Mas a verdade pura e simples é que eu te acho muito interessante. E queria fazer amor com você. Si...

E, antes que ele possa dizer “Simples assim”, ela joga um taça de vinho na cara dele e vai embora.”


Uma obra para compreendermos a língua, feita por Paul Grice, “Lógica e conversação”, propõe que o uso da linguagem na conversação possui um racionalidade específica, enraizada na necessidade de os parceiros da conversação cooperarem entre si para transmitir sua mensagem. Os falantes aderem tacitamente a um “princípio de cooperação”, disse ele: eles ajustam suas afirmações para o objetivo e a direção momentâneos da conversa. A operação exige que eles monitorem o conhecimento e as expectativas do interlocutor e prevejam a reação dele a suas palavras. Grice resumiu o Princípio da Cooperação em quatro “máximas” conversacionais, que são os mandamentos que as pessoas seguem tacitamente (ou deviam seguir) para fazer a conversa fluir com eficiência:



Quantidade:

• Não diga [verbalmente ou visualmente, grifo meu] nada menos do que a conversa exige.
• Não diga [verbalmente ou visualmente, grifo meu] nada a mais do que a conversa exige.

Qualidade:

• Não diga [verbalmente ou visualmente, grifo meu] o que você acha ser falso.
• Não diga [verbalmente ou visualmente, grifo meu] coisas para as quais não tem provas.

Modo:

• Não seja obscuro.
• Não seja ambíguo.
• Seja breve.
• Seja organizado.

Relevância:

• Seja relevante.”



Páginas 425-429 de “Do Que É Feito O Pensamento”, Steve Pinker, Cia das Letras. 2008.

referente a: Google (ver no Google Sidewiki)

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