06 março, 2006

Colaboração é o lema da ‘nova Web’, que quer levar desktop à internet

Como exemplos de Web 2.0 também temos blogs, fotologs e o Bit Torrent, ferramenta descentralizada para troca de arquivos mantida por usuários.

— Um usuário escreve no seu blog um post sobre a corrida de touros de Madri e em determinado momento percebe que uma foto daria um toque especial ao texto. Então, acessou o Flickr, encontrou uma foto da famosa corrida e de lá mesmo publicou a foto direto no seu blog — explica Márcio Tristão, arquiteto da informação e um dos pioneiros no estudo da Web 2.0 no Brasil. — Claro que foi necessário efetuar pequenas configurações, mas o importante é notar que a colaboração entre os sites permitiu tanto o enriquecimento da experiência durante a geração do novo conteúdo quanto mais tarde, quando os leitores descobriram que a foto publicada no blog é também um link para o álbum de fotos sobre a corrida.

Software fica em terreno virtual e não mais no HD

A Web 2.0 também tem como intuito tirar os serviços do disco rígido e levá-los para a internet, numa filosofia a la Google — não à toa, o Gmail é um dos primeiros exemplos de aplicação da Web 2.0. A intenção é unir a funcionalidade e a interatividade do desktop (instalado no micro do usuário) com a atualização e potencialidades dos aplicativos Web (que rodam em servidores).

— Mais importante que saber onde uma aplicação roda, é saber sobre o seu comportamento e como interagimos com ela. As aplicações desktop são geralmente rápidas, por estarem rodando localmente e não dependerem de conexão com a internet, possuem uma interface bem feita e são muito dinâmicas. Você aponta, clica, digita, abre menus e navega por todas as opções rapidamente, praticamente sem ter que esperar — diz Marcelo Sávio, Arquiteto de software da IBM e mestrando do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação na Coppe/UFRJ. — As aplicações Web, por outro lado, são superatualizadas e oferecem serviços que jamais poderíamos ter em nossos desktops (pense em uma loja virtual, por exemplo). Mas o outro lado da moeda é que a Web requer paciência, seja para esperar um servidor responder, uma tela atualizar ou uma requisição retornar para gerar uma nova página.

No quesito desenvolvimento a Web 2.0 usa padrões abertos, que promovem interoperabilidade através de protocolos, linguagens e formatos padronizados (como WebServices, XML, HTML, Java, TCP/ IP, etc.). Além disso, usa código aberto, o que propicia o desenvolvimento em comunidade e alavanca a inovação colaborativa, além de também promover os padrões (ex: Apache, Mozilla, Eclipse, etc.).

Nova Web acelera e otimiza a navegação do usuário

A forma de acessar informações e a velocidade de download das páginas também mudam. Na “Web 1.0”, cada vez que um usuário dá um clique solicitando uma página, uma requisição é enviada ao servidor que, por sua vez, devolve uma resposta ao browser. Normalmente, nesta resposta uma nova página HTML é carregada. Na navegação atual, é possível ver o redesenho de cada uma dessas páginas, ou seja, a interação (solicitação) do usuário é perceptível durante a navegação.

— A Web 2.0, de uma maneira geral, “dispensa” esse vai-e-volta visível. Um exemplo clássico é o Google Maps, onde é possível passear por um mapa qualquer e aproximar-se ou afastar-se (com um zoom) com muito pouco redesenho na tela, onde o mapa parece sempre contínuo. É claro que as requisições e respostas também acontecem aqui, porém de uma forma menos perceptível, pois acontecem nos “bastidores” e as respostas são preparadas e enviadas contendo apenas a informação necessária requisitada — diz Marcelo Sávio. — O redesenho inteiro da tela só acontece efetivamente quando o usuário muda para uma nova página.

Para desenvolver aplicações Web deste tipo, diz Sávio, usa-se linguagens script que rodam nas máquinas dos usuários e trocam dados com os servidores Web.

— Nesse quesito, os holofotes atuais apontam para o Ajax (Asynchronous JavaScript and XML) — diz.

Dentre as características do Ajax está justamente a capacidade de impedir o carregamento repetido (e desnecessário) das páginas. Com o Ajax, lembra Sávio, o browser não tem que esperar que o usuário solicite alguma ação e não precisa atualizar a tela inteira para mostrar algum dado que tenha acabado de chegar.

Também é o Ajax o responsável por deixar o ambiente Web com jeitão de “desktop”, busca de dez entre dez softwarehouses, como a todo-poderosa Microsoft, que corre atrás com o lançamento de produtos como Windows Live Mail, webmail com cara e funções de Outlook. Este, entre outros, já é um primeiro resultado da mudança de rumo que a Web tomou. É apenas o começo. ( EM )

Fonte:
http://oglobo.globo.com/jornal/suplementos/informaticaetc/192158442.asp

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