“CIDADÃO KANE”
NA FESTA de 1942, a 20th Century Fox e John Ford triunfaram nas categorias filme e direção com o melodrama “Como era verde o meu vale”. Em ambas as disputas, ficaram na poeira Orson Welles e seu filme de estréia — que, 64 anos depois, é festejado como a Pedra Filosofal do cinema moderno.
FEDERICO FELLINI
NO GUETO de filme estrangeiro, venceu quatro vezes (“A estrada da vida”, “Noites de Cabíria”, “8 1/2” e “Amarcord”). Fora dele, como diretor ou roteirista, perdeu nove vezes. O caso mais acintoso foi em 1964: Tony Richardson levou o Oscar de direção por “As aventuras de Tom Jones”, batendo “8 1/2”.
CHARLES CHAPLIN
IGNORADO POR “Luzes da cidade”, “Em busca do ouro” e “Tempos modernos”, concorreu a melhor filme, roteiro e ator por “O grande ditador” em 1941. Só ganhou experiência. Fez dois personagens, usou pela primeira vez a voz em tempo integral... e perdeu para a atuação de sempre de James Stewart, aqui em “Núpcias de escândalo”.
“MATAR OU MORRER”
UM FILME ousado na forma (tempo real) e na temática (alfinetadas no clima de cada-um-por-si da época do macarthismo). Um western que, na verdade, era um thriller tenso e elegante. Melhor filme de 1953? Não, perdeu para a fábula de Cecil B. DeMille sobre o mundo do circo, “O maior espetáculo da Terra”.
JUDY GARLAND
EM 1955, ela pôs a Dorothy de “O mágico de Oz” para trás em definitivo, no papel da sofrida diva de “Nasce uma estrela”. Mas os votantes na época confundiram “sofrida diva” com “Amar é sofrer”, filme pelo qual a muito mais limitada Grace Kelly ganharia um Oscar de atriz para levar na mudança para Mônaco.
INGMAR BERGMAN
COMO FELLINI, três Oscars de filme estrangeiro (“A fonte da donzela”, “Através de um espelho” e “Fanny & Alexander”) e o recado: “ tá bom, né ?”. A condução de “Gritos e sussurros” foi julgada inferior à de “Golpe de mestre” (George Roy Hill), em 1972. Aliás, a de “O último tango em Paris” também.
“APOCALYPSE NOW”
O HORROR, o horror: o inesquecível épico fora de prumo de Coppola atropelado pelo melê papai-e-mamãe-vão-se-separar de Robert Benton. Em 1980, “Kramer x Kramer” era levado a sério. Outra vítima foi o jardineiro Chance Gardiner de “Muito além do jardim”: Peter Sellers perdeu para Dustin Hoffman.
“E.T. — O EXTRATERRESTRE”
O TEMPO É o senhor da razão, diria alguém. Passados 23 anos da derrota de Spielberg e seu coisa-feia de coração mole para Richard Attenborough e o majestoso e tedioso “Gandhi”, em 1983, quantas pessoas estão trocando seus VHSs de “E.T.” por DVDs? E quantas chegaram a comprar um VHS de “Gandhi”?
“OS BONS COMPANHEIROS”
A ACADEMIA TAMBÉM preteriu “Touro indomável” em prol de “Gente como a gente”, mas ao menos Robert De Niro foi premiado daquela vez. O outro filme essencial de Martin Scorsese, e matriz de dezenas de outros, perdeu feio para o esquecido totem da era politicamente correta, “Dança com Lobos”, em 1991.
STANLEY KUBRICK
ELE PERDEU quatro vezes e morreu antes de lhe oferecerem o hipocrisil do Oscar-pelo-conjunto-da-obra. “Operação França” bateu “Laranja mecânica” em 72 e foi esquisito. Mas em 69, “2001” nem disputou melhor filme e perdeu direção para o musical “Oliver”. Lembra de “Oliver”? Pois é. Exatamente.
Fonte:
http://oglobo.globo.com/jornal/suplementos/segundocaderno/192099360.asp
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