16 novembro, 2005

CPI acabou em Pizza

16/11/2005 - 14h47m
Relatório da CPI do Mensalão dirá que houve transferência de recursos, mas não periódicos

Isabel Braga - O Globo

BRASÍLIA - A CPI do Mensalão pretendia se reunir na manhã desta quarta-feira, mas faltou quórum para realização da sessão administrativa. O presidente da comissão, senador Amir Lando (PMDB-RO), e o relator, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), reuniram-se para discutir o impasse na CPI, que pode ser extinta hoje se não conseguir as assinaturas necessárias para o requerimento de prorrogação. Ao sair da reunião, Lando fez um apelo para que os deputados assinem o requerimento de prorrogação da comissão. A direção da CPI adiou para as 19h a sessão administrativa, na qual pode ser lido o relatório de Abi-Ackel. O relator disse que o documento está pronto e que pode apresentá-lo, se tiver sessão administrativa. O relatório não confirmará a existência do pagamento de uma mesada a parlamentares, mas transferências de recursos financeiros que configuram o caixa 2. O deputado José Rocha (PFL-BA) disse que já conseguiu mais de 50 assinaturas de deputados, número bem distante das 171 necessárias. Já o senador Rodolpho Tourinho (PFL-BA), que é sub-relator de movimentação financeira da CPI, disse que desde a semana passada está colhendo assinaturas e já colheu 30 no Senado, acima das 27 necessárias. Tourinho reclamou das dificuldades enfrentadas pela CPI afirmando que fez mais de 37 requerimentos e 14 sequer foram votados por falta de quórum, que era freqüente nas sessões. Segundo ele, dos 21 requerimentos aprovados há mais de um mês, apenas dois foram respondidos. O pefelista atribuiu a dificuldade da CPI em conseguir as assinaturas ao empenho do governo. - Eu gostaria de continuar, mas ao que tudo indica o governo está trabalhando para que deputados não assinem - disse. Abi-Ackel disse que não é essencial a prorrogação do prazo da CPI e afirmou que tudo o que foi apurado até agora está no seu relatório. Ele disse apoiar o requerimento se houver novidades nas investigações: - Aceito a prorrogação desde que haja novas linhas de investigação. Eu não vou apresentar café requentado. O relator afirmou ainda que pode apresentar o texto hoje, mas não informou se o documento citará novos nomes de parlamentares que teriam recebido dinheiro do empresário Marcos Valério, além dos 19 citados no primeiro relatório conjunto com a CPI dos Correios. O relator explicou por que seu relatório não confirmará a existência do mensalão. Segundo ele, houve transferências de recursos para parlamentares mas eles não foram periódicos, o que configuraria o mensalão denunciado por Roberto Jefferson. - Eu não quero falar sobre esse assunto porque quanto mais eu falo menos me entendem. Eu não disse que não houve mensalão, é claro que eu reconheço que houve repasses indevidos decorrentes de recursos ilícitos, só que não periodicamente. Houve pagamentos, mas não necessariamente mensais. Indagado se apresentaria o relatório hoje, Abi-Ackel respondeu: - Se tiver sessão. Se não tiver quórum, apresento para quem quiser.

Fonte:
http://oglobo.globo.com/online/pais/189182114.asp

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