03/10/2005 - 10h29m
Governo desiste de reforma política já
Gerson Camarotti - O Globo
BRASÍLIA - Depois do recuo da oposição, domingo foi a vez de o governo e de o próprio presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), reverem suas posições em relação à proposta de emenda constitucional (PEC) que prorroga para 31 de dezembro o prazo de alteração da legislação eleitoral que vai reger a campanha de 2006. A tentativa de aprovar a PEC poderá ser sepultada amanhã, durante a reunião de líderes convocada por Aldo Rebelo. Até mesmo o Palácio do Planalto posicionou-se publicamente sobre o tema. O ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, chamou de casuísmo a prorrogação do prazo. - É importante dar uma resposta para as denúncias. Mas os prazos foram atropelados. Diante disso, tentar fazer algo de forma açodada não é aconselhável. A emenda pode sair pior do que o soneto. Isso pode acabar em casuísmo. Há duas semanas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu sinal verde para que o governo apoiasse no Congresso a emenda constitucional que amplia o prazo para mexer na legislação eleitoral. Lula determinara a Jaques Wagner que negociasse com os partidos da base aliada a aprovação de emendas que tratam do assunto no Congresso. O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), havia admitido a disposição do Planalto de tentar uma reforma política com efeitos já na eleição do ano que vem. Ontem, a posição do governo mudou. A maior crítica de Jaques Wagner é que a aprovação dessa PEC abriria espaço para que fossem modificadas regras como as que impõem a verticalização das campanhas para cargos majoritários e a cláusula de barreira, que obriga que os partidos tenham ao menos 5% dos votos nacionais para a Câmara e 2% dos votos em pelo menos 9 estados. Emenda pode ajudar envolvidos na crise Na semana passada, o líder da minoria, deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), já havia defendido posição semelhante. Diante do consenso contrário à emenda, Aldo Rebelo admitiu pela primeira vez sua disposição para sepultar definitivamente o debate sobre a PEC. As propostas de prorrogação do prazo para alterações na legislação eleitoral foram apresentadas pelo deputado Ney Lopes (PFL-RN) e pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), ambos da oposição. Na reunião de líderes da última quinta-feira, o próprio Aldo chegou a defender o tema. - Se o governo e a oposição são contra, o assunto está encerrado, não se fala mais nisso. Vamos cuidar de outros assuntos - disse. Aldo afirmou que não dará sustentação a esta articulação, que beneficiaria os partidos envolvidos com o mensalão e também o seu PCdoB. Ontem mesmo, Aldo iniciou sua sondagem disparando telefonemas para os líderes de partidos da oposição: - Primeiro, o interesse do povo brasileiro e do país. Os demais interesses estão subordinados. Nunca tive interesse pessoal específico nisso (a redução da cláusula de barreira). Agora, preciso que os líderes digam o que deve ser votado. Wagner ressaltou a importância de fazer mudanças na legislação eleitoral, principalmente depois das denúncias de práticas de caixa dois envolvendo o PT e partidos aliados. Mas afirmou que o prazo foi esgotado na última sexta-feira. O ministro apontou como uma alternativa imediata para evitar abusos eleitorais no próximo ano uma regulamentação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a lei já existente sobre gastos de campanha. Ontem, o deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA) voltou a criticar as PECs para alterar o prazo de mudanças eleitorais. - Estamos convencidos de que a alteração do prazo será uma armadilha. É apenas um pretexto para fazer a modificação na cláusula de barreira. Vamos lutar contra isso com todas as armas - disse.
Fonte: http://oglobo.globo.com/online/pais/170100229.asp
Comentário:
Neste fim de semana já via nos jornais brasileiros o descrédido dos seus próprios editores sobre a NÃO aprovação da reforma política. Nós leitores fomos bombardeados com constantes denúncias vindas da própria impressa sobre a compra de votos de parlamentares, venda de partidos políticos, de troca-troca entre as legendas, caixa dois de campanha, corrupção, corruptores, etc, etc. Foi montado o clima de que o país iria resgatar o compromisso público dos que são eleitos pelo voto popular têm com seus eleitores. Que o Brasil iria mudar não somente pelo voto, mas pela exposição pública de PROVAS e conseqüentemente a punição JUSTA dos envolvidos. A impresa alimentava a instituições com as denúncias e conseqüêntemente alimentava de esperanças seus leitores e expectadores televisivos. MAS NADA DE REFORMA POLÍTICA. Agora dizem que é para não ficarmos tristes, pois "é só fazer cumprir as leis existentes que já estará bom!" (Rede Globo, na quinta-feira, dia 29/09/2005). Ninguém é capaz de prever o futuro, mas não dê falsas esperanças de que o país vai mudar de novo! NÃO VAI MUDAR, os fatos estão aí a toda prova. Quer saber onde? Basta quem lê estas linhas para pedir que pesquise sobre a morte do reporter da Rede Globo, o Tim Lopes, TODOS OS BANDIDOS FORAM CONDENADOS A QUASE QUE A PENA MÁXIMA! Se não fosse o ESFORÇO da IMPRENSA por dizer: "não mexa conosco, óóó bandidos, pois eis o que acontece!". Vocês (imprensa) têm mêdo dos políticos, e somente quem tem rabo preso pode ter mêdo de quem não está do lado da lei.
Nenhum comentário:
Postar um comentário