Numa palestra de um CEO de uma grande empresa
brasileira*, mineira, feita para o
público de alunos de engenharia da PUC-MG no ano passado, este disse enfaticamente:
_ Ao
entrar na nossa empresa vocês estão sendo CONSTANTEMENTE
observados! Tudo o que fazem é observado, nós não lhes dizemos, mas
são CONSTANTEMENTE observados!
No momento não avaliei a
frase profundamente, mas
algo me soou estranho! Não era o momento de dizer
nada, afinal todos estávamos lá obrigados pela direção do departamento! Não foi
nossa opção individual. Mais tarde refleti sobre aquelas palavras, ditas talvez com o intuito prático e não para ser uma
reflexão filosófica ou acadêmica. Tenho certa noção de
liberalismo político e econômico, mas também senso de “direito e dever” já que cresci sobre a égide da “ditatura”. O que faz de nós
nascidos nos anos 60 ter um pouco mais familiaridade com o que de fato seja
“dever”, e não o que temos hoje: “pode mas não deve”!
Li o livro “Justiça” de Michel
Sandel e ainda vi suas
palestras (clique aqui!) postas
de forma gratuita pela Universidade de Harvard na internet. Ele nos
ensina um principio categórico kantiano: fazer algo por sua essência e
não por suas vantagens finais. Seria exatamente o contrário que nosso
palestrante quis dizer, pois ele pede para fazer algo CORRETO porque
alguém o está vigiando, e não para fazer algo correto pois é a melhor política,
mesmo que NINGUÉM esteja vigiando! Você devolve um troco dado a mais
pois teme ser chamado de ladrão ou porque devolver o troco é a coisa CERTA a fazer?
Então
faça a coisa certa não porque seu supervisor ou gerente esteja olhando , mas porque é a coisa certa a fazer!
* De modo privado posso contar-lhes o desdobramento da palestra
com este CEO, pois ele deixou seu telefone e e-mail para contato, e concretizei
meu “feedback”. O que seria do mundo se não houvesse este retorno? (p.s. : Não
espero ser contratado por isso!)
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